23/09/2009

Estacionar no centro vai ser muito mais caro

In Jornal de Notícias (23/9/2009)
ANA RITA JUSTO

«Novo plano estratégico da EMEL pretende deslocalizar carros para as zonas periféricas

Aumentar os tarifários de estacionamento no centro da cidade de Lisboa e baixá-los na periferia, a par da criação de sistemas de pagamento alternativos são algumas das medidas que a EMEL pretende adoptar para o futuro.

A visão estratégica da Empresa Pública Municipal de Estacionamento de Lisboa (EMEL) apresentada, ontem, no Mercado do Chão do Loureiro, teve como ponto de partida um estudo da TRENMO, empresa consultora de transportes e território. Em causa a regulação e o planeamento do estacionamento dentro da capital. "Lisboa é a única cidade que tem um tarifário igual em qualquer zona". Além disso, "é a cidade europeia que tem as tarifas mais caras na periferia" tendo em conta o poder de compra da população, refere o documento.

O estudo em causa vem propor um sistema de coroas no que toca às tarifas de estacionamento. Na primeira coroa, que abrange a Baixa pombalina, o Chiado e a Avenida da Liberdade, os preços seriam substancialmente aumentados, de modo a que quem precisa de se deslocar ao centro opte por meios mais sustentáveis. "As áreas mais bem servidas de transportes públicos terão o maior aumento de tarifário", explicou Álvaro Costa, presidente da TRENMO.

A segunda coroa abrange o eixo central em torno desta parte histórica. Finalmente, a terceira - relativa a cerca de dois terços da restante periferia - veria os seus tarifários drasticamente reduzidos. "Os lugares históricos são especiais e por isso pretendemos não estimular a entrada de carros, sem retirar condições de vida aos moradores", revelou António Júlio de Almeida, presidente da EMEL. Este estudo será, agora, apreciado pela Câmara Municipal de Lisboa, sua accionista.

No decorrer da apresentação foram, ainda, assinados protocolos com a empresa EasyBus para um novo projecto de transporte escolar (ver caixa ao lado). O presidente da EMEL referiu, também, alguns dos objectivos da empresa no futuro, nomeadamente chegar a novas zonas da cidade e melhorar as condições de sustentabilidade na capital. Já as obras no Chão do Loureiro de construção de um silo automóvel, um supermercado no rés-do-chão e um restaurante no topo, além de dois elevadores de acesso ao Castelo terão início em Outubro, com duração de 11 meses.

Júlio de Almeida considerou o tarifário praticado em Lisboa "profundamente perverso", pelo que este se deve adequar à mobilidade, aliando-se às novas tecnologias, como por exemplo formas alternativas de pagamento que estão a ser pensadas.

Já em Outubro será possível adquirir os parquímetros portáteis, que, através de um "smart card", são recarregáveis.

Outro serviço a ser pensado é o pagamento através do cartão Lisboa Viva - que acumula vários transportes da Área Metropolitana - que passaria a ser recarregável para transportes e estacionamento simultaneamente. »

4 comentários:

APB disse...

Desde que haja estacionamento, tudo bem. Só paga quem quer. Agora confusão no trânsito provocado pela própria autarquia (Terreiro do Paço) é que não. Aquilo ontem da corrida foi anedótico: acham que uma cidade com o trânsito constantemente entupido nas suas zonas nobres é algum atractivo para alguém?
APB

joao pedro barreto disse...

Acima de tudo, trata-se da elementar lei da oferta e da procura, de um bem (estacionamento para veículos individuais) que não é essencial (já que há a alternativa do transporte público).

Desde que o lucro das cobranças do estaciomento seja bem aplicado (e aí tenho as minhas dúvidas), nada a apontar.

JT disse...

O artigo está errado. A EMEL não tenciona deslocar os carros para a periferia. Tenciona desloca-los para cima dos passeios.

Quanto ao comentário
"trânsito constantemente entupido nas suas zonas nobres é algum atractivo para alguém? "

A minha resposta é obviamente não. Por isso é preciso retirar o trânsito de lá. E não transformar a zona numa rede de vias rápidas, viadutos e túneis como alguns inteligentes defendem.

Miguel Drummond de Castro disse...

Acho bem que se pense que os lugares históricos são especiais, mas toda a cidade devia ser considerada especial, e por isso tratada com o máximo cuidado.

Além do mais, no contexto das cidades europeias Lisboa é mesmo especial.