24/04/2018
Vistas do Miradouro das Portas do Sol, hoje:
23/04/2018
Um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade: o regresso do E-24

"Temos, pois, uma Lisboa mais europeia. Paradoxalmente, Lisboa volta, neste campo, ao que tinha há 100 anos: uma linha de eléctricos impressionante.
Parece que é já no próximo dia 24, em vésperas da alvorada, que o bom do eléctrico n.º 24 vai voltar a circular oficialmente entre a Praça Luís de Camões e Campolide, tal e qual como desde 1905 até 1995, altura em que foi suspenso por causa da construção do estacionamento subterrâneo naquele largo, primeiro, e por causa das obras do Metropolitano no Rato, depois.
Agora, a partir de 25 de Abril (dia em que será gratuito para todos) voltará a ser serviço público, contrariando assim os doutos senhores que até há poucos anos juravam a pés juntos, do alto dos seus “galões”, que o mesmo só poderia voltar para fins turísticos, por isto ou por aquilo.
O certo é que ele está de volta. Ainda que parcialmente (falta reabrir a circulação no troço Camões-Sodré, com extensão ao Carmo), está de volta. Isso é motivo para todos comemorarem. Todos os que pugnam por uma cidade moderna, amiga do ambiente, em que possam conviver passado e presente, sem poluições ou cortinas de fumo.
É por isso tempo para, salvaguardadas as devidas distâncias, parafrasear Neil Armstrong aquando da sua chegada à lua: trata-se de um pequeno passo para um homem, e um salto gigantesco para a humanidade.
Há ainda algumas arestas, afiadas, por limar: o risco de engarrafamentos por causa do estacionamento automóvel indecoroso, que importa reprimir; a espera durante 20’ pela chegada do eléctrico, a falta de composições (pretende-se colocar ao serviço todos os eléctricos remodelados e também reduzir o número de eléctricos imobilizados em Santo Amaro durante os horários de serviço, encurtando os ciclos), e, claro está, falta reactivar o troço indispensável de todo aquele eixo central-histórico-turístico do Cais do Sodré-Rua do Alecrim-Carmo-Largo Trindade Coelho-São Pedro de Alcântara-Príncipe Real-Rato-Amoreiras, pecha que estará resolvida a muito breve trecho.
Temos, pois, uma Lisboa mais europeia. Paradoxalmente, Lisboa volta, neste campo, ao que tinha há 100 anos: uma linha de eléctricos impressionante.
Pelo meio ficam 23 (vinte e três) anos de promessas vãs, um protocolo para inglês ver (assinado em 1997 entre a Câmara Municipal de Lisboa e a Carris); justificativas injustificadas, composições vendidas ao desbarato e que agora fazem falta, o lobby do gasóleo, as manipulações estatísticas à vontade do freguês, estudos pró e contra, duas petições públicas (uma delas com mais 3300 assinaturas, da “Plataforma pela reactivação do eléctrico 24, em Lisboa”), e uma evidência: o E-24 é de facto necessário para muita coisa, desde logo “descongestionar” a concentração de turistas que rumam a São Paulo, ao Bairro, ao Príncipe Real, às Amoreiras, e promover um percurso assistido em termos de mobilidade naquela encosta, Sétima Colina acima, que apenas funciona de formar intermitentemente por via dos elevadores de Santa Justa e da Glória junto ao metropolitano, e de uma carreira de autocarro.
Finalmente, fez-luz.
O boom turístico terá ajudado. As taxas também. Mas sem vontade política de quem de direito é que não seria possível o regresso do E-24, facto a que não será estranha a passagem de tutela da Carris para a Câmara Municipal de Lisboa (CML).
Chegados aqui há que elogiar o actual presidente da CML, e faço-o sem rodeios ou hesitações. Tal como à nova vereação da mobilidade. E à presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia, apoiante desta verdadeira causa desde a primeira hora, ao contrário de outros agora oportunistas.
Elogio também e muito à já citada plataforma online, que nunca desistiu e que funcionou (e funciona) como ponto de encontro entre conhecidos e desconhecidos, verdadeiro hub dos mais variados entusiasmos e valências, de todas as idades e de todo o país, e que começou por levar três pessoas a bordo e já leva três mil.
Estão todos de parabéns!
Esta vitória da urbanidade (do urbanismo, leia-se) possibilita agora outros voos e novas paragens, quiçá, poderá justificar o repensar dos antigos ramais do E-24, que dantes chegava ao Alto de São João e ao Tejo, vindo da Morais Soares e da Av. Duque d’Ávila. Poder-se-ia ligar de novo a cidade à Av. Infante D. Henrique e ir daqui à zona da Expo, talvez daqui por uma década.
Já agora, é favor não esquecer o imenso potencial que advirá para a cidade se se aproveitar a requalificação urbanística da chamada “Colina de Santana” e se reintroduzir o eléctrico entre o Martim Moniz e o Campo Mártires da Pátria. Tal permitirá algo semelhante ao que se conseguiu com o E-24 do outro lado da Avenida, mas também outras coisas, como, por exemplo, permitirá ao vereador Manuel Salgado deixar de recusar a instalação do Arquivo Municipal de Lisboa (e a sua dignificação é uma chaga cultural que importa resolver) no complexo do antigo Hospital Miguel Bombarda pelo facto de haver “más acessibilidades”.
Hip, hip, hurra ao Eléctrico n.º 24.
Fundador do Fórum Cidadania Lx"
20/04/2018
A Natureza na Cidade


Pinto Soares
18/04/2018
16/04/2018
Projecto de musealização do claustro da Sé - Pedido de reunião com cabido
Considerando os dados vindos a público relativamente ao projecto de musealização dos achados arqueológicos do claustro da Sé de Lisboa, designadamente quanto às implicações de ordem estética e patrimonial no conjunto uno da Sé Patriarcal de Lisboa;
Serve o presente para solicitarmos uma reunião a V. Exa., Senhor Padre Tito, a fim de apresentarmos as nossas preocupações relativamente ao assunto exposto, bem como a outros assuntos referentes a nossa Se Patriarcal.
Na expectativa, apresentamos os nossos melhores cumprimentos
Miguel de Sepúlveda Velloso, Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Júlio Amorim, Luís Serpa, Jorge Pinto, Gonçalo Cornélio da Silva, Eurico de Barros, Pedro Formozinho Sanchez
«Boa noite,
Antes de mais, muito obrigado pela sua pronta mensagem!
Apesar de a distância física entre os Estúdios da Tóbis e os Estúdios do Lumiar ser relativamente pequena, distinguir ambos os espaços deveria ser claro. Uma vez que esta incerteza é extremamente comum, aproveito para esclarecer que os Estúdios da Tóbis se situam muito próximo de uma das mais notáveis áreas verdes da nossa cidade: a Quinta das Conchas e dos Liláses. Há cerca de meia década, o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) ocupou pelo menos uma parte dos Estúdios da Tóbis. Aliás, o átrio norte da estação da Quinta das Conchas garante um acesso quase directo à porta principal do ICA.
Por seu turno, os Estúdios do Lumiar localizam-se algumas centenas de metros mais para sul. O recinto outrora ocupado pela RTP confronta com vários bairros habitacionais (amplamente conhecidos e frequentemente confundidos), tais como o Parque Europa, a Quinta do Lambert e a Quinta das Pedreiras. Na fotografia que lhe remeto em anexo, captada no final de 2010, os Estúdios do Lumiar apenas se mostram timidamente no canto superior direito, tal é o elevado número de edifícios de habitação e de escritórios que os rodeiam.
Não tendo coragem para “visitar” o espaço que sempre admirei, não possuo quaisquer fotografias que permitam atestar o seu avançado estado de deterioração. No entanto, o “antes e o depois” pode ser dolorosamente comparado, com um intervalo de uma década, em https://www.youtube.com/watch?v=hpn1vRQfY0U e em https://www.rtp.pt/play/p3436/e285446/quando-a-tropa-mandou-na-rtp. Sugiro que faça algumas capturas de ecrã de ambos os vídeos. O abandono dos locais que ajudaram a escrever a história do nosso país deveria, no mínimo, fazer-nos corar de vergonha…
Apesar desta longa mensagem, espero ter esclarecido as suas dúvidas! Um abraço,
Pedro Pinto»
Adeus a este pombalino da Lapa
E pronto, vai mesmo abaixo este pombalino da Rua do Meio à Lapa, fica a fachadita para fazer de conta :-)
11/04/2018
Eléctrico 24
Olha que bom, a minha Escola Primária Em Vias de Classificação!
(fotos do Arquivo Municipal da CML)
10/04/2018
Palacete Príncipe Real, 19 - Pedido para intimação de obras de conservação
Arq. Manuel Salgado
Cc. PCML, AML, JF Misericórdia e media
Serve o presente para solicitar a V. Exa. que dê indicações aos serviços que tutela para intimarem o proprietário do palacete do nº 19 da Praça do Príncipe Real a fazer as necessárias e obrigatórias obras de conservação do edifício, dado o estado lastimável em que se encontram as fachadas do mesmo, janelas e clarabóia, conforme as fotos em anexo documentam.
Considerando que se trata de um palacete central do eixo Escola Politécnica-Príncipe Real, local turístico por excelência;
Considerando que já por diversas vezes se desprenderam materiais da fachada;
Considerando que o edifício se encontra ocupado por espaços comerciais;
E considerando que não se trata de um proprietário sem recursos para a execução dessas obras;
É uma vergonha que o edifício se encontre nesta situação deplorável.
Na expectativa, apresentamos os nossos melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Júlio Amorim, Nuno Caiado, Rui Martins, Maria do Rosário Reiche, João Oliveira Leonardo, Beatriz Empis, António Araújo, Virgílio Marques, Maria Ramalho, Jorge Pinto, Miguel de Sepúlveda Velloso, Jorge D. Lopes, Maria João Pinto, Miguel Atanázio Carvalho, João Mineiro, Fátima Castanheira, Jozhe Fonseca, Irene Santos e Fernando Jorge
Fotos de Jorge Pinto
09/04/2018
Palacete Ramalhete - Alterações com destruição de mansardas - pedido de esclarecimento à CML
Arq. Manuel Salgado
CC PCML, AML, JF Estrela e media
No seguimento do arrendamento, com opção de compra, do Palacete Ramalhete (http://www.palacio-ramalhete.com/) pela artista Madonna, serve o presente para solicitar esclarecimentos a V. Exa. sobre a veracidade das informações que nos dão conta da vontade da mesma em, caso exerça a opção de compra, proceder a alterações de fundo no referido edifício, nomeadamente à ampliação do palacete, com destruição da linha de mansardas actuais (foto em anexo).
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Luís Serpa, Luís Mascarenhas Gaivão, Júlio Amorim, Virgílio Marques, Fátima Castanheira, Luís Rêgo, Fernando Silva Grade, Gonçalo Cornélio da Silva, Jorge Pinto , Miguel Jorge, Maria do Rosário Reiche, Jozhe Fonseca
06/04/2018
O turismo tem as suas vantagens....mas alguns estão a pagar caro !
05/04/2018
Livraria Fumaça - pedido de esclarecimentos à CML
Arq. Manuel Salgado
C.C. PCML, AML e media
No seguimento de notícia publicada no jornal online O Corvo (http://ocorvo.pt/livraria-fumaca-um-alfarrabista-a-esvanecer-as-portas-da-praca-da-alegria/) dando conta do estado deplorável em que se encontra a funcionar o alfarrábio Abreu Fumaça, no pátio nº1 da Rua da Alegria, nº 12;
E considerando que o edifício em questão está abrangido pelo Plano de Pormenor do Parque Mayer, plano em vigor, conforme ficha de caracterização em anexo;
Vimos por este meio solicitar o esclarecimento de V. Exa. sobre quais as medidas de facto que a Câmara Municipal de Lisboa pretende desenvolver a fim de corrigir esta chaga urbanística na cidade histórica e verdadeira vergonha para quem vive e visita a cidade, de modo a:
* fazer cumprir a regulamentação em vigor no que toca à necessidade de obras periódicas de conservação do edificado habitado, ou;
* implementar o pré-estabelecido aquando da publicação do Plano de Pormenor do Parque Mayer (demolição do edifício actual, com construção nova ampliada em mais 2 pisos), ao abrigo do qual, aliás, já se desenvolveram várias obras de alterações e novas construções em edifícios na mesma área, e;
* providenciar a continuidade do alfarrábio referido, em espaço alternativo e até se concretizar a reconstrução do edifício da Rua da Alegria, nº 12, em espaço propriedade da CML ou da Junta de Freguesia de Santo António e nas imediações da actual localização.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Inês Beleza Barreiros, Luís Serpa, Virgílio Marques, Fernando Silva Grade, Rui Martins, Pedro Janarra, Miguel Jorge, Maria do Rosário Reiche, Fátima Castanheira, Luís Mascarenhas Gaivão, Júlio Amorim
28/03/2018
Apelo para o transplante das glicínias do restaurante "A Gôndola"
Perdidas as esperanças de salvar o edifício, resta a possibilidade de salvar parte da sua memória, através das suas Glicínias.
Como, após consulta, as entidades envolvidas na permuta dos terrenos que contêm aquele restaurante: Câmara Municipal de Lisboa e Montepio Geral, não se mostraram interessados na salvaguarda daquele património natural, cabe aos cidadãos manifestar interesse na sua permanência, evitando que tenham o lixo como destino. Penso que merecem mais ...
Assim, venho solicitar o apoio de todos, com sugestões, para que, em conjunto, possamos salvar um património que é de todos nós.
João Pinto Soares
O inigualável café Estádio e outras velhas tascas de Lisboa
«A recente alteração da lei das rendas e a subida vertiginosa destas no terreno fez já estragos de monta. Estabelecimentos tradicionais, alguns até centenários e muito estimados pelos habitantes locais, desapareceram sobretudo pela acção do implacável compressor especulativo. Contam-se, entre estes, a Adega dos Lombinhos, a drogaria Pereira Leão, a Pomba do Carmo, o café Palmeiras e o café Estádio. Outros houve que se modernizaram para servir outros públicos, como é exemplo a leitaria Camponeza, que perdeu as suas belíssimas mesas em azulejo.
Existem diferentes causas para estes encerramentos, mas nem sempre se trata de falta de clientela ou viabilidade económica. O que acontece em muitos casos são rendas que atingem valores muito acima da realidade económica do país, e por vezes é apenas uma questão de opção e de conceito, por exemplo, um hotel que não quer a sua imagem associada a um lugar de cariz popular ou que quer ter controlo sobre o espaço comercial.
Do café Palmeiras não sobraram sequer as suas belíssimas arcadas e o seu magnífico pé direito — a ânsia de rentabilização foi tal que o rés-do-chão foi convertido em dois pisos. O café Estádio, que acabou verdadeiramente em Fevereiro de 2015, teve uma segunda vida mais curta e cheia de equívocos, naquela que foi uma tentativa de modernização impossível de um espaço que só poderia funcionar na sua forma clássica. Fechou definitivamente no Verão de 2017.
Este lugar no Bairro Alto, que era um marco indelével da antiga boémia lisboeta, tratava-se do casamento perfeito entre o café de bairro e o destino dos errantes nocturnos e dos inconformados. Ao fim da tarde liam-se por ali jornais, à hora do jantar acompanhavam-se e discutiam-se as notícias e noite fora praticava-se a tertúlia e a boémia. Tinha luzes fluorescentes, empregados rudes, bebidas baratas, amendoins e pregos no pão que não primavam pela perfeição mas que saíam sempre a bom ritmo. Nas paredes estavam pendurados quadros algo naïve do Estádio Nacional e do casario dos bairros lisboetas, bem como muitos prospectos de âmbito cultural. Ali se encontravam as estudantes de belas-artes, idosos, escritores, actores, músicos, advogados, homens de negócios, empregados da restauração, homens do lixo e até sem-abrigo, um lugar que nunca negou a entrada a ninguém. Às sextas e sábados à noite era frequente não encontrar nenhuma das 80 cadeiras vagas e aí havia que encostar ao balcão, o que faríamos com satisfação pela oportunidade de disfrutar aquele ambiente anárquico, e electrizante.
Não raras vezes havia discussões políticas e clubísticas inflamadas, ali estacionavam também alguns leitores solitários, algumas pessoas sinistras e outras até que falavam sozinhas. O Estádio era também muitas vezes palco de romances improváveis e inusitados. Tudo isto era acompanhado por aquela que seria provavelmente a última jukebox de vinyl em funcionamento comercial na cidade, uma belíssima Rowe Ami Cadette Violet, já muito antiga, enrouquecida e onde não faltavam os grandes clássicos como o Quarto alugado do Tony de Matos ou o Dream a little dream of me de Anita Harris. O lugar tinha um charme decadente que já não se encontra mais nem tem substituto que se possa comparar, numa Lisboa que vai morrendo aos poucos.
O café Estádio foi cenário de alguns filmes, como são exemplos: Dina e Django, de Solveig Nordlund, e a curta-metragem O Bairro Alto já não é o que era, de Lígia Pereira, este último, descontando a cena violenta feita para o filme, dá até uma ideia mais fiel do que eram as noites deste lugar.
Mais abaixo, na Praça da Figueira, o café Videirinha e a pensão Ibérica resistiam heroicamente nos últimos meses de 2017, sob ameaça de fecho. A Videirinha já não voltou a abrir portas depois do dia de Natal. Este pequeno café era um lugar tradicional com um balcão corrido com assentos, paredes revestidas com azulejos de belos padrões de tons alaranjados e uma parafernália de artigos e objectos pendurados, desde maços de tabaco, pastilhas, rebuçados e bebidas de toda a espécie. Com uma excelente cozinha, preços baratos e relativamente pequeno, o lugar enchia-se frequentemente com trabalhadores do mercado, empregados do comércio, pedreiros, engraxadores, reformados e até carteiristas e prostitutas. Os clientes sentavam-se ao balcão para comer uma canja, um bacalhau cozido, beber imperiais acompanhadas de tremoços ou para tomar um café e um bagaço. Volta e meia saíam uns “bitaites” e umas “piadolas” ou uma resposta mais torta mas o ambiente era amistoso e sobretudo autêntico. O dono do estabelecimento estava disposto a negociar a renda e a pagar um preço mais elevado mas o proprietário do edifício não quis negociar. Agora esta verdadeira pérola será substituída provavelmente por um lugar luxuoso chamado Giuseppe’s, Low Fat Burger ou um lounge bar.
É verdade que não podemos estar à espera de continuar a ver aguadeiros a transportar vasos de água em cima de burros ou varinas com cestas de peixe à cabeça. Gostemos ou não, teremos de aceitar que a mudança é uma marcha imparável, mas ela não tem que ser absoluta e é possível ter algum controlo sobre a sua direcção. A intervenção bem-sucedida que salvou a Ginjinha Sem Rival mostra que é possível reabilitar edifícios sem os adulterar e mesmo assim salvaguardar as lojas históricas. A natureza do comércio para os habitantes locais nunca terá as mesmas características do comércio turístico. O pequeno café de bairro com as suas estimáveis particularidades, a sua clientela castiça e as relações que se criam entre estes não são substituíveis por modernos bistrôs self-service de paredes brancas, luminosas e desnudadas, nem por relações anónimas e mecânicas. Há quem defenda que sempre foi assim, que uns lugares fecham e outros abrem, mas a mudança é muito mais profunda que isso. O que está a acontecer é que talvez pela primeira vez na história da cidade os pobres estão a ser expulsos do centro, e isso está a acontecer a grande velocidade.
Esta Lisboa antiga, que estamos a ver fugir-nos dos pés, está muito bem documentada em alguns dos filmes de João César Monteiro, e também no filme de Alain Tanner de 1983, Dans la ville blanche, onde Bruno Ganz deambula pelas antigas tascas e tabernas cheias de pipas de vinho e onde se joga dominó. Alguns livros de fotografia, como é exemplo o notável Fado Português de Luís Pavão, dão-nos também uma ideia muito concreta de como eram essas tabernas antigas de Lisboa e os lugares onde se cantava o fado.
Vezes sem conta, ouvi estrangeiros a dizerem frases como: “We want to go where the locals go!” ou “We want to see the real life!”. E é precisamente essa “real life” que nós estamos a deixar que se extinga de forma dramática no coração da nossa capital. Se expulsarem todos os pobres do centro, e acabarem com a mistura de estratos sociais que fazem a cidade, a Lisboa que Wim Wenders descobriu um dia morrerá tristemente.
De alguma forma, o comércio, as pessoas e os seus rituais tentam resistir. A Rua das Portas de Santo Antão é um bom exemplo. Ao longo da rua os restaurantes praticam preços mais altos e foram quase todos colonizados por turistas, mas, nas travessas contíguas, os locais continuam a frequentar os restaurantes que oferecem um bom serviço a preços muito mais populares e onde as relações entre clientes e empregados têm uma natureza pessoal e amistosa. Se não formos capazes de cuidar e de preservar alguns destes lugares, o seu espírito, a sua forma e a história que eles contam, o que é que sobrará no fim?
Matemático»
27/03/2018
Jardim de Santos, quem te viu e quem te vê!
Hoje, e após ter estado cerca de 10 meses fechado, finalmente o Jardim de Santos reabriu ao público, apresentando o aspecto que as fotos seguintes procuram ilustrar, tendo perdido quase tudo e ganho mobiliário urbano e relva, perdeu contudo a sua identidade , deixando de ser um jardim romântico para ser mais um espaço incaracterístico dentro da cidade de Lisboa.
Eliminação de todos os arbustos , elementos fundamentais para um jardim equilibrado. Optou-se pela sua substituição por um tapete verde, que o Verão que se aproxima se encarregará de pôr um fim, se não for abundantemente regado
Continua a Freguesia da Estrela em insistir na poda drástica das árvores e arbustos, mesmo dentro de jardins o que, para além de deformarem as árvores, não encontro uma razão justificativa.
Esperemos que não seja esta a versão final do nosso querido jardim de Santos e que os Homens consigam encontrar uma solução equilibrada, sem podas, e onde pelo menos se descubra a presença de uma flor.
João Pinto Soares
23/03/2018
O nosso Sobreiro Assobiador ganhou o concurso de Árvore Europeia de 2018
A árvore portuguesa venceu a 8º. edição do concurso europeu, ao qual concorreram 13 países da Europa. Ganhou pela sua beleza, história e ligação à comunidade.
O nome assobiador deve-se ao canto das muitas aves que procuram a sua copa para abrigo. Plantado em 1783, em Águas de Moura, este sobreiro já foi descortiçado mais de vinte vezes. Além do contributo para a indústria, é impossível quantificar o seu contributo para a manutenção do ecossistema e combate ao aquecimento global. Com 234 anos, o Assobiador está classificado como "Árvore de Interesse Público" desde 1988 e inscrito no Livro de Recordes do Guinnes como "o maior sobreiro do mundo".
Pinto Soares
Uma proposta modesta para salvar o Chiado
21/03/2018
Um ano para pôr o projecto a andar, mas ainda só há silêncio
...
Ok, é ali, sob o manto diáfano da Arte, compensações "urbanísticas: