10/05/2017

Protesto por demolição de edifício de 1888, Rua dos Lusíadas, 15-17


Exmo. Senhor Vereador
Arq. Manuel Salgado


Cc. PCML, AML, DGPC, JF Alcântara e media

Vimos pelo presente apresentar a V. Exa. o nosso protesto pelo pré-anúncio da demolição integral do edifício sito na Rua dos Lusíadas, nº 15-17, em Alcântara, com vista a construção nova com fins turísticos, na qual será "reintegrada" a fachada principal do edifício, projecto/licenciamento corporizado na Proposta nº 254/2017, que irá ser levada amanhã a reunião de CML, para discussão e aprovação.

Com efeito, trata-se de um edifício histórico da Freguesia de Alcântara, datado de 1888, e que urge recuperar e não demolir, e não compreendemos como é possível a CML ter intimado por diversas vezes o proprietário para que procedesse a obras de recuperação do edifício, para neste momento propor a sua demolição seguida de construção nova.

Perguntamo-nos se o Pedido de Informação Prévia e o Projecto de Arquitectura, que constituem o processo nº 1548/EDI/2016, e que agora originam este Licenciamento de Construção Nova, foram levados a reunião de CML ou se foram aprovados por despacho.

Continuamos sem compreender a indisfarçável indiferença, senão repúdio, de V. Exa. pelo património edificado de transição, séculos XIX-XX, em que Lisboa era riquíssima e que, desde há uma dezena de anos a esta parte, tem vindo a desaparecer de forma assustadora.

Com os melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, António Araújo, Miguel Lopes Oliveira, André Santos, Maria de Morais, Fernando Silva Grade, Mariana Carvalho, Luís Mascarenhas Galvão, Inês Beleza Barreiros, Gonçalo Cornélio da Silva, Miguel Atanásio Carvalho, Pedro Fonseca, Jorge Pinto, Irene Santos, Miguel de Sepúlveda Velloso, Pedro Janarra, Alexandre Marques da Cruz, Alexandra de Carvalho Antunes, João Mineiro, João Oliveira Leonardo, Maria do Rosário Reiche, Fátima Castanheira, Beatriz Empis, Pedro Ribeiro, José Maria Amador, Guilherme Pereira, Júlio Amorim, Bárbara e Filipe Lopes

2 comentários:

Pedro Bugarin Henriques disse...

Há anos que variadíssimas pessoas e entidades chamam a atenção para este edifício sem que nunca (CML, Junta freguesia de Alcântara, ) alguma vez se interessaram por este assunto. Eu próprio escrevi a vários vereadores chamando a atenção para este edificio. Ao Arq. Salgado tem anos, entre outros vereadores, nunca nada... É uma decisão politica. Somente politica. Nunca quiseram atribuir nenhum tipo de classificação a este edifício ( dos últimos, senão o último desta época em Alcântara) para não atrapalhar nenhum projecto futuro de demolição e construção. Não há nada mais a dizer senão incúria, mesquinhez, provincianismo. Nada a declarar, senão no voto. Selvagens!

CIDADANIA LX disse...

Comentário chegado por e-mail:
«Exmos.Snrs.
Acresce à informação anterior, que o referido edifício constitui o antigo atelier/sede da empresa de construção "Touzet", fundada em 1892-93 sob a designação dos seus fundadores, os franceses "Charles Vieillard & Fernand Touzet", construtores e, em alguns casos, autores de grande parte do património industrial edificado em Lisboa, no final do séc.XIX-início do séc.XX.
Registe-se, entre muitos outros, os edifícios da "Central Tejo" (atual Museu da Eletricidade), da Fábrica "Napolitana" (depois, "Nacional") em Alcântara, da "Casa do Povo de Alcântara" (atual Escola de Artes Decorativas, junto ao Largo de Alcântara), da Fábrica de farinhas "João de Brito" no Beato (atual "Nacional"), da Moagem "Conceição e Silva" no Calvário, ou da "Garagem Auto-Palace" (na Rua Alexandre Herculano).
A sede da empresa teria sido desativada, na rua dos Lusíadas, em 1974, nela ficando abandonado o importante espólio gráfico e documental, embora parte dele tenha sido recolhido pela família proprietária do imóvel.
Seria fundamental para a história de Lisboa neste período, recolher e preservar este espólio empresarial, de inestimável valor histórico e artístico.
Com os melhores cumprimentos
​António​ ​Maria Anjos Santos»