29/03/2016

Proliferação de lojas de recordações de baixo custo na Baixa Pombalina de Lisboa


Chegado por e-mail:

​«Bom Dia,

Já constatei no vosso blog/site a preocupação com o evoluir do comércio na baixa. Existem vários problemas e focos de intervenção mas um que me preocupa particularmente neste momento são as lojas de recordações de baixo custo que proliferam a um ritmo assustador. Realizem uma pequena recolha e juntei um conjunto de reflexões que poderá ser do vosso interesse, nomeadamente inclui uma contagem do número de lojas mais actual.

Cumprimentos,
João Fernandes»

10 comentários:

JOÃO BARRETA disse...

Bom trabalho, e que nos ajuda a pensar!
É o velho dilema de que falamos há anos!!!
Trata-se de iniciativa empresarial (?) PRIVADA, ao que parece de "oferta" que tem "procura", instalada em espaço PÚBLICO, que de há 20 anos a esta parte se tentou "trabalhar" como um CENTRO COMERCIAL A CÉU ABERTO.
Por mil e uma razões que interessará nunca esquecer o "PROJETO" nunca terá dado em nada. Será que as CULPAS foram só da Agência para a promoção da Baixa-Chiado (ABC) ou isso foram só ... DESCULPAS.

Anónimo disse...

FALE mais ALTO, porque NÃO ouvi NADA.

Filipe Melo Sousa disse...

Não entendo porque motivo o "alto custo" é aqui referido como uma vantagem. Contraria toda a lógica e tudo o que aprendi.

JOÃO BARRETA disse...

Gritar para anónimos ??? Já lá vai o tempo!!!!!!!

Johnny Lucas disse...

Caro Filipe:

Nunca foi referido que o alto custo é uma vantagem. Foi colocada a questão sobre se a proliferação da venda de produtos de fraca qualidade pode estigmatizar a Baixa e afastar o comércio de outros tipos de produto. Não sei a resposta mas parece-me legítimo discutir esse assunto.

O outro assunto onde é referida a questão dos custos é o do artesanato português. Também me parece legítimo a promoção e preferência pela produção nacional, o ser mais caro é uma circunstância e não uma preferência.

Tirando isto não percebo onde é que fez a leitura de que "o alto custo é referido como uma vantagem". Creio que, considerando o teor do documento e os assuntos que levanta, é redutor levantar essa questão.

Não se defende a substituição destas lojas por lojas de luxo, se por outro lado acha que é normal ter 14 lojas iguais na rua com exactamente os mesmos produtos na rua da prata ... ok, respeito mas discordo e acho que é algo que merece ser discutido e alguma reflexão.

Filipe Melo Sousa disse...

Se o baixo custo é apresentado como uma desvantagem, o alto custo é - tal como aqui se argumenta - forçosamente uma vantagem. Pode não gostar das consequências dos argumentos aqui apresentados, mas é a isso que este post se resume. E tanto isto é verdade que não há uma ponta de pudor aqui a esconder o interesse corporativista de alguns vendedores que não apreciam concorrência. Alguns vendedores que se acham donos dos padrões de consumo dos outros. Repudio juízos de valor sobre os outros na altura de decidir se vão comprar artigos a alto ou baixo custo. Eu como consumidor prefiro sempre para o mesmo produto (porque a diferenciação aqui não é referida - apenas o custo) como é óbvio e só poderia ser, o baixo custo.

Johnny Lucas disse...

Caro Filipe,

Por "Lojas de recordações de baixo custo" deve-se entender as múltiplas lojas que vendem exclusivamente recordações e artesanato industrial de fraca qualidade, é disso que se fala quando se fala em baixo custo. Não me respondeu se acha normal ou desejável que a rua da prata tenha 14 lojas iguais a vender os mesmos produtos de baixa qualidade. Como disse, se achar que é, não é produtivo discutir esta matéria. Deduzo que se a situação evoluir para que mais de 50% do comércio da baixa ser constituído por lojas deste tipo, considera que é apenas o rumo normal das coisas e que não deve haver interferência ... ok, respeitosamente discordo.

Não compreendo de todo a necessidade do repudio de juízos de valor quando a matéria repudiada nem é o que está a ser discutido no post. Diria até que juízos faz você quando diz que não há uma nota de pudor em esconder o interesse corporativista. Eu não sou comerciante ou empresário e sinceramente passo ao lado dessas questões, sou morador da baixa e não gosto por um lado de ver os resultados do turismo selvagem e por outro lado de sentir diminuição na qualidade de vida e pressão para sair daqui, é isso que motiva a fazer levantamentos e iniciativas deste género. Não o posso obrigar a acreditar, mas não poderia estar mais errado em relação a esses interesses corporativistas.

A diferenciação é referida no documento. É referido que o artesanato português é mais caro mas de melhor qualidade. Sou livre de consumir o que quiser, tanto posso comprar produtos de baixa qualidade a baixo custo ou produtos de melhor qualidade a um custo mais elevado. Se todos forem de baixa qualidade a minha liberdade enquanto consumidor fica reduzida ... mas volto a frisar, esta não era de todo a questão principal. Aprecio os seus valores a esta matéria, mas não era isto que pretendia despertar quando fiz o documento original ... se deu azo a essa interpretação, a única coisa que posso referir é que de futuro vou tomar mais atenção aos conceitos utilizados, mesmo que até agora apenas o Filipe tenha levado a questão para estes termos.

Aproveito só para referir que terei todo o gosto em ler uma nova resposta sua mas que não vou prosseguir a argumentação pois não sou de todo grande apreciador de debates online ... são longos e normalmente acabam sempre no mesmo ponto em que começaram. De qualquer forma, aproveito para referir que já li anteriormente comentários seus no blog e sempre apreciei a postura menos conservadora que o caracteriza !

Com os melhores cumprimentos
João Fernandes


Filipe Melo Sousa disse...

"não me respondeu se acha normal".. acho esta pergunta aberrante.

Cada um é livre de abrir uma loja de produtos "de baixo custo", e cada consumidor é livre de adquirir lembranças "de baixa qualidade".

Dispenso juízos de valor

Dispenso entidades reguladoras e assembleias de iluminados cujo propósito é decidir sobre a percentagem de lojas classificadas segundo os seus padrões têm o direito de existir, e em que zona.

Dispenso moradores intolerantes (provavelmente daqueles que pagam 20€ de renda) que chamam os turistas de selvagens.

Anónimo disse...

Pelo menos os indianos pagam renda e não se fazem de coitadinhos.

Vasco disse...

Deduzo que se as lojas históricas também vendessem alguns artigos de baixo custo, já não fechavam as portas.