22/10/2013

SEM-ABRIGO DE ARROIOS JÁ TÊM CACIFOS PRÓPRIOS


In O Corvo (22.10.2013)
Texto e foto: Samuel Alemão

«O amarelo vivo e a forma ovalada nas extremidades dão-lhe uma aparência alegre, em claro contraste com o cinzentismo ao redor. Num canto do jardim situado junto à igreja de Arroios, mesmo em frente à esquadra da PSP, onde antes se concentravam caixotes do lixo e ecopontos, existe desde a passada quinta-feira (17 de Outubro) um conjunto de 12 cacifos para os sem-abrigo da zona poderem guardar os seus pertences. O projecto inédito, que a Associação Conversa Amiga (ACA) leva a cabo com a colaboração da Câmara Municipal de Lisboa e a empresa Cabena, que os fabricou, pretende melhorar as condições de vida desta população, oferecendo uma maior dignidade a uma existência necessariamente precária. Trata-se de uma experiência-piloto de um ano, mas os responsáveis da ACA querem vê-la alargada, em breve, ao resto da cidade.

Os cacifos permitem que os sem-abrigo acondicionem de forma segura os seus haveres e ainda lhes garantem uma caixa postal, onde poderão receber toda a correspodência. Não é um tecto, mas já é qualquer coisa. “Achamos que as pessoas devem ter o mínimo de dignidade. Não as vai tirar de uma situação já de si má, mas vai ajudá-las bastante”, explica Duarte Paiva, 32 anos, coordenador do projecto e presidente da direcção da ACA, que idealizou os cacifos após ter constatado que quem vive na rua não tinha qualquer local onde guardar os seus bens – deixando-os à mercê da meteorologia, do risco de roubo ou de uma qualquer acção mais abrangente dos serviços municipais de limpeza. Tal condição impossibilita também que muitos deles se possam deslocar com maior liberdade, dada a preocupação em manter os seus parcos objectos. ...»

2 comentários:

Anónimo disse...

Duarta Paiva candidato ao ignobil...

Será que não seria possível oferecer o mesmo serviço e com mais espaço num dos muitos edifícios abandonados da cidade? Lá por que são sem abrigo os cacifos não precisam de ser sem abrigo também. Enfim, em breve alguém vai confundir os cacifos com eco-pontos e depois será a lixeira do costume...

Filipe Melo Sousa disse...

A questão é, que moradores querem ter estes cacifos perto da sua zona de residência?