07/05/2013

Qual é coisa, qual é ela...?

Uma pequena charada para aligeirar o dia.
Veja com atenção as seguintes imagens:




Não, o objetivo não é descobrir a que imóvel pertencem estas divisões. Tal seria impossível porque estes "designs" são tão batidos que podem ser virtualmente em qualquer lado.
O que gostaria é de espicaçar a vossa costela lúdica e pedir-vos que adivinhem, de entre duas possibilidades, qual o edifício que tem a "sorte" de estar recheado com tão expressivos interiores.

Será este elegante prédio moderno em plenas avenidas novas?
Ou será este palácio na Costa do Castelo?
Talvez se deixar escapar que os arquitetos responsáveis são a dupla Manuel Aires Mateus e Frederico Valssassina a resposta seja óbvia.
Aqui vai a descrição do agente imobiliário:

«Moradia inserida num palácio pleno de história, engrandecido e modernizado pela mestria dos arquitectos Manuel Aires Mateus e Frederico Valsassina. Localizado junto ao castelo - Largo do Contador-Mor - o Palácio sobreviveu à alteração da malha urbanística da zona e perpetua a memória da área oriental de Lisboa...»

Estarei isolado quando penso que o uso da palavra mestria é , neste caso, um grosseiro engano?
Referir que o palácio sobreviveu à alteração da malha urbanística é mais algo para sentir pena porque depois de tanta "resistência" não escapou das mãos salvadoras de arquitetos cujo portfólio é um rol de arquitetura autista e redutora.
Para quando a obrigatoriedade dos arquitetos que intervêm em edifícios históricos serem especialistas diplomados neste tipo de intervenções. Não aceitamos que clínicos gerais façam diagnósticos e terapêuticas sobre aquilo que os seus colegas especialistas estão mais aptos. Porque aceitamos na arquitetura?! O resultado está à vista!

36 comentários:

Paulo Ferrero disse...

Não está isolado, não :-)

Filipe Melo Sousa disse...

Lá estão, a interferir nas escolhas dos outros. Querem impor à força um estilo antiquado à antiga portuguesa, com o naperon em cima da televisão, chão de tabique de madeira a ranger, janelas incómodas de guilhotina, remate de azulejo no corredor, tijoleira na sala, e tapetes de arraiolos, um máximo!

Já agora contratem umas brigadas para promover a virtude, que entram em casa das pessoas, para não permitir estes infiéis proselitas pro-modernitas construir estes interiores blasfemos.

José Leite disse...

Nos anos 40 do século XX este palácio foi ocupado pela "Escola Comercial de Patrício Prazeres" passando a partilhar este edifício com a "Escola Primária nº 10" já lá instalada.

Os meus cumprimentos

José Leite

Julio Amorim disse...

Pois, pois....estudaram ar qui tec tu ra

Unknown disse...

Caro Felipe,
não posso deixar de lhe responder porque sendo participante habitual neste espaço e raramente as suas intervenções podendo ser consideradas sustentáveis nos seus argumentos, penso que tenho uma ação pedagógica consigo na sequência da sua intervenção.
Aquilo que descreve como estilo antiquado à antiga portuguesa - é a sua interpretação do estilo, decerto baseado naquilo que foi a sua experiência - não é imposto por mim nem por ninguém neste espaço. Há uma diferença substancial entre proteção de património e a caricatura popular que fez.
Em todo o caso insurjo-me contra a imposição em local histórico do pseudo-design que se consubstancia em minimalismos fáceis e despojamentos fictícios porque estes exemplos de decoração estão cheias de kitsch proselitista pós-modernista (penso que era assim que queria escrever no seu post).
Estamos a viver uma época em que substituimos o tal gosto português antiquado por um moderno ignorante mas igualmente pretensioso.
Património não é somente o nosso passado, é o nosso futuro, que queimamos impunemente porque sabemos que não vamos prestar contas aos nossos descendentes.

Anónimo disse...

Caro LMC:

Já estava com saudades dos seus posts.

Conheço muito bem o caso do antigo Palácio Contador Mor.

Conheço tão bem, que cheguei a testemunhar a visita de alguns estrangeiros ao antigo Palácio.
Parece que 5 minutos chegaram e nem precisaram de ir alem da 1ª divisão do desistirem de imediato do imóvel!

Filipe Melo Sousa disse...

A imposição está exclusivamente do seu lado. Eu não pretendo impor escolhas decorativas a ninguém, sobretudo na casa dos outros. Você tem toda a liberdade de comprar um prédio velho (há tantos à venda), de o renovar decorar em estilo à antiga portuguesa.Dessa forma poderá legar o património que tanto preza a quem entender. Eu, ao contrário de si, não apelo a nenhuma política pública que lhe retire essa liberdade.

Filipe Melo Sousa disse...

Se dependesse de mim, e se tivesse eu redecorado o prédio, tinha retirado os ladrilhos cerâmicos arabescos pirosos da fachada, assim como as antiquadas e anti-higiénicas calçadas macadamizadas. Se a CML não tivesse directivas do século passado.

JCD / tart lover disse...

o problema meus caros é que a arquitectura não é apenas "fachada" ... a que a chamada "recuperação" em Portugal parece apenas privilegiar e isso é pena!

Marco disse...

Mas uma pessoa não pode decorar o interior da sua habitação como quer?

Unknown disse...

Caro Filipe,
não gostaria de centrar a discussão deste tema na resposta aos seus comentários mas faço-o, no entanto, pelas mesmas razões que respondi anteriormente.
Imposição é a melhor descrição para as fotografias que deixei acima. Num prédio com história e idade, o resultado acabou por ser uma imposição do gosto actual. Já percebi que gosta e assim deixo-lhe a mesma sugestão que me deixou a mim: compre um imóvel moderno numa zona de expansão urbana (de forma a não estragar as zonas históricas) e decore-a com todos os minimalismos, modernismos e todos os ismos que diz ser o seu direito.
O que continua a não querer perceber é que existe algo que se chama património que encontra sentido na história e cultura de um povo. E que esses não estão (não deviam estar) disponíveis por alguns em detrimento de todos, simplesmente porque se considere uma pessoa moderna e tenha direito à exploração até ao último cêntimo do seu património.
Contra isso existem regras, que naqueles países que sabem que património é o rendimento do presente e a riqueza do futuro, fazem por cumprir. Veja o país onde vive, os Países Baixos.
Aqui, só o facto de hastear a bandeira da liberdade de se fazer com o seu património o que se quiser e vitimar-se pelas imposições legais de proteção do património faz do seu comentário um exercício ridículo e distanciado da realidade, porque aqui, deveria sazer, cada um faz como quer e o resultado está à vista. E as autoridades que deviam proteger o património? Não são diligentes, não são criteriosas, são permeáveis a interesses.
Filipe, não se pense como um caso excepcional de pessoa; por tudo o que vem aqui argumentar você é mais um numa maioria.

Filipe Melo Sousa disse...

Caro AMC, você manifestamente não sabe o que significa a palavra imposição. Eu ao contrário de si, defendo que você tem o direito de decorar o imóvel da forma que entender. Você defende que eu devo ter restrições impostas.

Quanto à história e ao património, por existir, não quer dizer que seja propriamente bom. Por algum motivo alguns métodos de construção passam à história. A história tem períodos negros, dos quais os povos por vezes se envergonham e se querem facilmente demarcar. Eu apenas me quero demarcar de alguns modelos estéticos pirosos, aos quais você manifestamente.. adere. É o país que temos!

Unknown disse...

Caro Filipe,

obrigado pela sua tentativa de me explicar o significado da palavra imposição. Continuo a sentir como profundamente ridícula a discussão sobre a liberdade por várias ordens de razão: não se aplica ao nosso país, onde cada um sempre e já faz o que quer à revelia de qualquer autoridade ou lei que protege património, com os resultados constatáveis facilmente; o argumento da liberdade faz sentido quando se conhece os limites à mesma, por razões de interesse maior. Ora o património histórico é uma das razões de força maior.
Quando ao seu segundo parágrafo confesso que tive dificuldade de perceber se estava ainda no tema. Mas já que fala em períodos negros na história - estamos ainda a falar de património, suponho - houve sim, vários; e todos períodos onde o património foi destruído, negligenciado. Refiro-me, por exemplo, às perdas irreparáveis de património a quando da nacionalização dos bens da Igreja, no séc. XIX sem que se protegesse o património; mas também pode incluir nesses períodos negros o que atualmente se vive.
Se é verdade que técnicas de construção há hoje que tornam a construção mais barata e rápida, e até eficiente em certos parâmetros, não me conseguirá convencer, por mais que tente, que a qualidade de materiais é comparável. O faz-de-conta que é madeira, que é pedra, que é gesso, que é bom, que se usa e enche os olhos deslumbrados (como os seus) da maioria dos portugueses vai sair muito caro no futuro. Principalmente quando já não restar património histórico para as gerações vindoras. É, de facto, o país que temos. Tem razão. Só é pena que não esteja cá para disfrutar disso que tanto gosta. Aqui há muito.

Filipe Melo Sousa disse...

Você está cada vez melhor. Para si, liberdade é poder viver na clandestinidade da sua opressão. Já que quer ser déspota pelo menos ilumine-se.

Isabel disse...

Só um completo ignorante para chamar ao nosso património arquitéctónico "modelos estéticos pirosos".

Maria disse...

"Se dependesse de mim, e se tivesse eu redecorado o prédio, tinha retirado os ladrilhos cerâmicos arabescos pirosos da fachada, assim como as antiquadas e anti-higiénicas calçadas macadamizadas"

Ainda bem que não depende de si!

Mas é no mínimo irónico, como é que alguém com aspecto tão parolo, tem a lata de dizer que o património do pais é piroso.

Neste caso, os azulejos e a calçada, que são seguramente uns dos aspectos mais distintivos do património da cidade de Lisboa e do País.

Ai nos Países Baixos o Filipe deve ser o Bobo da festa sem espalho em casa.
A torpeza é tanta que nem se dá conta.

Anónimo disse...

Este blog é de uma hipocrisia tremenda:

Por um lado, citam
explicitamente, na página inicial, que:

" este blog se destina a aplaudir, apupar, acusar, propor e dissertar sobre tudo quanto se passe de bom e de mau na nossa capital, tendo como única preocupação uma Lisboa pelos lisboetas e para os lisboetas."

Mas depois, quando partilhamos a nossa opinião e discutimos o assunto, com toda a nossa experiência, censuram os nossos comentários, não é Sr Paulo Ferrero?

Foi o que me aconteceu quando tentei responder ao Sr.Jorge e a todos os seus pontos e questões, desde exemplos de Hortas Urbanas que existem nos centros históricos das principais capitais Europeias até diferentes pontos de vista e insinuações que o respectivo sr. fez.
Resposta esta que me tirou vários minutos e que foi elaborada de forma a partilhar diversos pontos de vista muitos interessantes, referentes ao artigo do Jardim da Graça:

http://cidadanialx.blogspot.pt/2013/04/jardim-cerca-da-graca-e-destruicao-da.htmlme foi censurada e que me tirou vários minutos e

Sr Paulo Ferrero, acabou de perder uma leitora!

De cidadania e de civismo, este blog não têm nada!

O meu concelho a todas as pessoas que aqui passam é:

Não levem a sério, nem percam um minuto que seja do vosso tempo com teóricos demagogos envelhecidos que quando é para por em prática e mobilizarem-se com outras pessoas assim como praticar no terreno a cidadania que tanto pregam, é o tá quieto!

Aliás os bons exemplos que esta cidade têm nunca aparecem expostos e reportados neste blog.
Porque será?

Enfim, os blogs e plataformas de verdadeira cidadania "prática", referentes à cidade, crescem a olhos vistos e são os tais blogs que eu vou seguir a partir de hoje.

Até nunca!

Anónimo disse...

"Mas uma pessoa não pode decorar o interior da sua habitação como quer?"

Ohh Marco....
Que incultura..
Então e isto é uma habitação qualquer?

Olhe, não "ponha os pés" em outras zonas históricas de outras capitais europeias, pois pode suar o alarme.
Tristeza de gente...

Anónimo disse...

Será que eles são tão insensíveis relativamente ao mercado, que nao percebem que quem quer uma casa destas tipologias, compra um apartamento no Parque das Nações?!

Irra, que não sabem valorizar o património... Isto já farta.

Pedro Pevide disse...

Acho extraordinário considerarem que a arquitectura de interiores contemporânea, a preservação de fachadas e a adaptação de um prédio antigo para poder ser habitado por pessoas que já vivem no século XXI ser alvo de apupos. Mostra bem a linha editorial reaccionária deste blog. Desde que vi um post indignado sobre campainhas sem intercomunicador que estavam a ser substituídas por - pasme-se! - intercomunicadores modernos que permitem às pessoas - pasme-se - comunicar, acho que está tudo dito.

Unknown disse...

Caro Pedro Pevide,
quando voltar à sobriedade, depois de tanto pasmo, talvez arranje ainda energia para analisar a situação que descreve por outro prisma. O que fazem pessoas, que querem viver no século XXI, em zonas históricas consolidadas, se têm como condição "sine quo non" para a vida moderna intercomunicadores com video-vigilância, paredes em pladur, chão flutuante e todos os demais faz-de-conta? Parece-me ilógico, reacionário até, que pessoas assim queiram ir viver para um prédio travestido de antigo mas com interiores de design de catálogo. E depois dizem, cheios de orgulho, que vivem no palácio do contador-mor! Francamente!
Parece-se interessante descobrir se o tal argumento que preservar património é sinónimo de viver-se precariamente é algo que você, e muitos portugueses realmente acreditam ou se é mais uma cortina de fumo para escamotear a realidade que o que leva a intervenções destas é, puramente, lucros e nada de preocupação em manter património.
Não funciona comigo, nem com este grupo de pessoas que se reune aqui neste espaço, esse tipo de argumentos falaciosos. Quando quiser, realmente quiser, saber como preservar memórias e património e viver com muito conforto e prestígio, terei todo o gosto de partilhar mais mensagens consigo. Mas se quiser ficar-se pelo pasmo, inútil por sinal, esteja à vontade.

Filipe Melo Sousa disse...

Aspectos distintivos lá isso são. Tal como você distingue-se pelo seu nível. Finíssimo como sempre acham-se no direito de insultar o gosto dos outros, de os proibir por lei, e de insultar uma segunda vez quando o confronto com as suas muito questionáveis escolhas estéticas.

Pedro Pevide disse...

Então, já que falamos de prismas, vamos a isso. Gostava que me esclarecessem, através do vosso ponto de vista, quais são as condições aceitáveis para que pessoas de classe média, com filhos e local de trabalho distante de sua casa, possam habitar no centro histórico de Lisboa e dar-lhe vida. O que sugerem que seja feito quanto ao trânsito? Que propostas em concreto fariam para convencer as pessoas a fixarem-se em edifícios antigos? Que sugerem para a sua recuperação interior? A única mensagem que encontro quando vejo os vossos posts é que os resistentes que ainda acham viável viver num bairro como a Penha de França são selvagens porque estacionam o carro em cima do passeio, que soalho flutuante é uma barbárie arquitectónica e que campainhas sem intercomunicador é que deviam ser porque são as originais. Sinto muito, mas o mundo avança, o tempo muda e sou totalmente contra uma visão imobilista que se recusa a aceitar a realidade.

Unknown disse...

Caro Pedro Pevide,
porque penso que o seu interesse é genuino em saber como intervir em edifícios históricos ou antigos sem que isso signifique viver-se precariamente, mantenha-se atento a este blog porque estou a preparar um artigo onde darei exemplos, em Portugal e noutros países, onde a intervenção foi criteriosa e inteligente.
Em todo o caso, e mesmo percebendo que é difícil compreender a importância da manutenção de todos os aspetos de época distintivos porque, como a maioria dos portugueses, provavelmente não foi educado a ser sensível a questões patrimoniais, e verá tudo isto como preciosismos ou devaneios de gente desocupado, tenho de afiançar-lhe que não podia estar mais longe da verdade. Quem participa aqui tem um historial na defesa e estudo de património, são pessoas perfeitamente válidas e ocupadas da sociedade que não podem ficar de braços cruzados perante a delapidação daquilo que é o rendimento do futuro e a sobrevivência do país como uma unidade cultural e histórica, respeitada por tal mas que tem algo a mostrar para provar essa história - não se iluda, paises sem história não são respeitados; porque acha que se gastam milhares de milhões em recuperação de património, por essa Europa e mundo fora, em contra-ciclo com Portugal?
Por outro lado faça o seguinte exercício mental: pensa que milhões de pessoas vivem precariamente em cidades e locais históricos? Se lhe disser que em Salzburgo não pode mudar uma janela sem que a nova seja exatamente igual à anterior (só como exemplo), e que um imóvel, por mais insignificante que seja custa literalmente milhões - sei do que falo - e que não há um prédio devoluto ou arruinado, e que está sempre pejada de gente, moradores e turistas, pensa que essas pessoas são masoquistas? Então há qualquer coisa errada com o que se está a passar aqui em Portugal.

Pedro Pevide disse...

Olá de novo. Lamento a quantidade de conclusões e presunções que tem acerca da minha pessoa, todas erradas, mas não vou elaborar sobre isso. Não respondeu à minha questão.

Elucide-me sobre um caso prático concreto, relacionado com Lisboa, no tempo presente. Volto a colocar-lhe a questão acima: como imagina que uma casal com dois filhos e que necessite por força de ter viatura própria pode habitar de forma confortável num bairro como o da Penha de França? Quais as soluções que propõem? É, a meu ver, uma das coisas fundamentalmente erradas com este blog - muitas pedras, poucas propostas e uma admiração com o que se faz "lá fora".



Quanto a questões de preservação do património, se quer saber, vivo no Bairro da Graça, num edifício dos anos 20, num andar recuperado com soalho flutuante e tabique. O senhorio substituiu as janelas da fachada por oscilo-batentes, que isolam de forma significativa temperatura e ruído, o que é importante dado que desde então não precisámos de ligar mais o aquecimento para podermos lá estar à noite no inverno nem somos incomodados pelos carros a circularem sobre o empedrado ou a recolha do lixo. Eficiência energética e um pouco de silêncio, como é desejável. Do lado de fora, o único impacto é o contraste das janelas com a fachada, à qual falta cor e que precisa de recuperação. Diga-me você o que sugeria que fosse feito? Portadas de madeira com frinchas e correntes de ar? Veja se compreende o ponto de vista de outras pessoas - os tempos mudam, as necessidade mudam. A estética sim, é importante, mas para mim mais importante é criar condições que permitam a qualidade de vida nas cidades. Não subscrevo uma linha recorrente que singra por aqui e que insiste que há um século é que se praticava arquitectura interessante e que as pessoas devem continuar a viver em edifícios em que muitas das infra-estruturas não são viáveis à vida moderna. Preserve-se fachadas, salve-se o pouco que resta, mas compreenda-se que viver num centro histórico não deve significar militância ou teimosia, deve significar qualidade de vida. Depois lamentamo-nos pelo facto da Grande Lisboa parecer um "donut populacional", com hordas de gente nas margens e um buraco no meio. Perceba que gosto de Lisboa provavelmente tanto quanto vocês, mas sou realista ao ponto de conceder que há coisas que têm forçosamente de mudar, sob pena de qualquer dia já não haver ninguém que queira cá morar! E um pouco mais de pluralismo de opinião é saudável!

Filipe Melo Sousa disse...

Caro AMC,
Eu pensava que pessoas como você nao existiam. Apenas tenho visto um tamanho discurso pedante em caricaturas. Sinceramente nao lhe reconheço nenhuma superioridade cultural para tecer tais juízos de valor. Mais me parece discurso pretensioso de quem tirou um curso light e nao tem mais nenhuma área de conhecimento.

Anónimo disse...

Filipe Melo Sousa, com todo o respeito, você não percebe NADA de arquitectura.

Filipe Melo Sousa disse...

O cliente sou eu. Era o que faltava que o sr arquitecto me venha impor o que eu quero comprar.

Unknown disse...

Caro Pedro,
como escrevi na minha última mensagem estou a preparar um artigo sobre as várias técnicas e subsequente resultado de intervenções criteriosas em edifícios antigos. Não voltarei a responder aqui às suas mensagens a não ser que inrtroduza algum dado novo na discussão. Desta feita, para rematar:
«...Lamento a quantidade de conclusões e presunções que tem acerca da minha pessoa, todas erradas...»
As minhas conclusões são vertidas daquilo que quis mostrar de si, ou seja, do que escreveu.
«...como imagina que uma casal com dois filhos e que necessite por força de ter viatura própria pode habitar de forma confortável num bairro como o da Penha de França?»
Continua a fazer a mesma associação entre preservação de património e falta de comodidade. Como esse argumento é falacioso e inexato espere por o tal artigo onde se mostrará alguns exemplos de conservação exemplares.
Já agora, sabe o que é soalho flutuante? parece-me que está a fazer confusão entre soalho flutuante que basicamente é plástico a fingir que é madeira, com soalho corrido que é o que se fazia antes da laje de betão com tacos de madeira.
Sobre as janelas? um bom exemplo e as palavras são suas: «... Do lado de fora, o único impacto é o contraste das janelas com a fachada...». Este contraste vai manter-se por mais rebocada e pintada a fachada seja.
Solução: janela dupla - original por fora, janela nova por dentro. Porque não se faz assim? Porque não é nada prático ter que pintar janelas tradicionais de tempos a tempos, ou seja, como escrevi, as preocupações principais são somente económicas, o português não quer saber nada de proteger património, finje que o quer.
Quanto ao pluralismo, o facto de estar aqui a expressar a sua opinião não lhe é suficiente, ou precisa que lhe dê razão nas suas opiniões que acho atávicas e inconsequentes?

Anónimo disse...

Parabéns pelo seu post A.M.C. tem toda a razão na forma como coloca a questão. Todos são livres de viverem como querem. Aquilo que se pretende transmitir é que uma janela em castanho, uma porta, um tecto de saia em camisa é melhor que um tecto em pladur ou termolacados. Gente ignorante. Quanto aos arquitectos em questão vivem ambos na zona historica, têm tem grande mestria em lidar com aprovações camarârias

Anónimo disse...

Ainda bem que este FMS, com a sua visão liberalista é só mais um dos que ladra.
Ainda bem, porque se não,
já não tínhamos cidade por onde se pegasse!

Anónimo disse...

"Que propostas em concreto fariam para convencer as pessoas a fixarem-se em edifícios antigos? Que sugerem para a sua recuperação interior?"
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Os edificios antigos são assim tão hediondos?

As estruturas de madeira seculares que presistem e resistem são assim tão hediondas?

Os estuques e os tectos trabalhados são assim tão hediondos?

As portadas de madeira são assim tão hediondas?

Não percebo!
Agora a moda é ser brávio?

Se calhar viveu num edifício antigo que não estava bem tratado, ou então a sua família não o tratou como devia!
Trás-lhe más recordações? Temos pena...
O meu tem quase 200 anos e quem o visita até se baba!

A solução?
Um novo, de preferência de betãozinho armado, com um prazo de validade de 50 aninhos.

Para finalizar, alguém me explica que raio de mente é que opta por soalho flutuante em detrimento de madeira nobre?

O mundo acabou e eu não fui avisado...



Pedro Pevide. disse...

Correcção: o meu chão não é de soalho, é de madeira envernizada. Faz barulho quando se anda e ouve-se no andar de baixo, da mesma forma que ouço móveis a arrastar no andar de cima. Tive problemas com a vizinha de baixo, que é histérica, pelo simples facto de caminhar dentro de minha própria casa. Algumas pessoas não compreendem que os edifícios antigos são mesmo assim. No entanto (e não pensem que estou a ser irónico) gosto muito do meu prédio e de viver na minha casa. Estou disposto a ceder algumas coisas para viver onde vivo, o que não se pode dizer de muita gente. Quanto à solução das janelas que apresenta, não duvido da sua eficácia. Temos é de perceber o país onde moramos e os recursos financeiros disponíveis por parte dos senhorios. Finalmente mudou a lei das rendas, mas com jeitinho fica tudo na mesma, até lá estamos a pagar as favas.

Pedro Pevide disse...

Quanto ao anónimo que através de uma questão minha pressupõe (de novo, lamentavelmente) onde vivi e o modo como a minha família me tratou, nem comentários.

E caro AMC, deixe-me dizer-lhe que não lhe dá muita credibilidade chamar "atávico e inconsequente" a alguém que pretende ter uma discussão fundamentada e construtiva sobre um determinado assunto sobre o qual há claramente pontos de vista diferentes.

E espero que nos seus posts futuros me esclareça como resolveria a questão do estacionamento em bairros onde o mesmo é inexistente, esperando que tenha em conta a conjuntura económica que atravessamos. No que concordar consigo, dar-lhe-ei razão como já fiz.

Pedro M. Fonseca disse...

Compreendo as críticas aqui redigidas, pois também eu já fui defensor do "deitar abaixo e fazer de novo". Depois, aprendi a valorizar a história e a preservação da mesma. Creio que já se explicou bem a importância para a identidade das cidades e de um povo a preservação da sua arquitectura, interior e exterior. O argumento de que a arquitectura existente é inabitável não me parece válido. Haverá certamente soluções de compromisso entre deitar abaixo e não mexer em nada, garantindo a preservação do construído.

A ideia que "cada um constrói como quer" (que é o que tem acontecido há dezenas de anos) tem dado nefastos resultados na paisagem do país, destruindo paisagens e harmonias, ruas e cidades. Pergunto: se o centro da cidade é assim tão inabitável, porque é que pelo preço de uma casa mediana do mesmo se compra uma óptima casa na periferia? E porque se presume a necessidade do carro/garagem no centro da cidade? Há quem venha para o centro precisamente para poder libertar-se do carro.

O desprezo pela história e pelo passado é uma das causas para a nossa pobreza actual, para a qual não vejo cura. Serão sempre meia dúzia contra a maioria para quem nada interessa, senão "deitar a baixo e fazer de novo".

Um palacete antigo com interiores "modernos" faz tanto sentido como equipar um Ford T com um interior igual a um Mercedes. É aparatoso, mas não tem classe nenhuma,

Anónimo disse...

o senhor Pedro Fonseca fala bem, e senhor AMC tambem, o senhor pevide tambem nâo fala mal de todo a nao ser na parte em que tem que ir rezar todos os dias a igreja do nosso senhor do automovel.

a senhora indignada da horta da graça tambem tem muita razao...este blog ta pejado de senhor@s que enchem o olho com europeismos e palavras em estrangeiro chiques la no cerebro deles..mas isso é natural..o que aqui até pode ser visto como progressivo ou moderno é coisa que ja vem sendo norma em paises europeus há ja muito tempo. e toda gente sabe que elementos estruturais de qualidade e de estilo sao coisa que por cá custa dinheiro e aqui a qualidade nao tem preço, porque aqui gosta-se é de encher o olho, aqui as vistas sao curtas e imediatas, o futuro e o passado sao palavrões, e provavelmente essa fachada so foi aproveitada porque fica bem e é chique, e de certa maneira"moderno"...agradeço ao felipinho, que me fez ir a todas as caixas de comentarios so pa procurar e me rir das suas larachas, isto é tempo de crise toda a diversao era bem vinda, e isto nem era um blog a serio se nao tivesse um bobo da corte..quanto a ele viver nos paises baixos, duvido muito...a não ser que por "paises baixos" se entendam as suas partes baixasa, ja que vive com a cabeça enfiada no....bem hajam!