29/01/2013

António Costa pode não ser candidato a Lisboa.

Na edição de ontem do i, fonte da direcção dizia mesmo esperar que “António Costa deixe de ser anjinho”.




António Costa pode não ser candidato a Lisboa.
Por Rita Tavares, publicado em 29 Jan 2013 in (Jornal) i online
Marcos Perestrello faz relação entre recandidatura a Lisboa e calendário interno do PS. Seguro exige clarificação

A Comissão Política Nacional socialista de hoje promete uma noite longa, mas a estratégia já começou cá fora e é digna de um tabuleiro de xadrez: cheia de táctica. Ontem, o líder do PS-Lisboa – um apoiante de sempre de António Costa – veio falar pela primeira vez das autárquicas na capital para avisar que “a direcção do PS, ao marcar directas e o congresso, não deve criar obstáculos à recandidatura de António Costa à presidência da Câmara Municipal de Lisboa”. Marcos Perestrello admite, pela primeira vez, que a recandidatura de Costa está em risco e atira a responsabilidade disso para António José Seguro.

É o ponto mais delicado num avanço de Costa para as directas do PS: o que fazer com Lisboa? O autarca acredita que tanto o PS como Lisboa precisam de um líder “a tempo inteiro”, frase que usou há dois anos para não entrar na batalha contra Seguro. Mas a questão do desafio à liderança saltou já – cedo demais, no entender do autarca (ver texto ao lado) – e deixou a evidente recandidatura a Lisboa com um ponto de interrogação à frente.

Mas o que apenas corria nos bastidores teve ontem a primeira aparição pública, com o líder da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) – próximo de Costa – a fazer claramente depender a recandidatura a Lisboa do calendário interno do PS. E Perestrello fez questão que a mensagem passasse. De manhã, numa visita em Mafra, já tinha dito – sem grande eco – que “era bom que o PS criasse condições para que António Costa se pudesse recandidatar à Câmara de Lisboa”. À tarde acabou por lançar a frase, com uma ligeira alteração, em declarações à Lusa. Pouco depois entrou para uma reunião da direcção da FAUL. A concelhia de Lisboa reúne-se no início de Fevereiro com a definição do candidato socialista na agenda.

Entre o círculo de Costa permaneciam, ontem, muitas dúvidas. Uma das figuras da entourage do autarca chegou a dizer ao i que no fim-de-semana a posição era clara: “Se houver congresso agora, António Costa é candidato e não vai a Lisboa.” Mas também há a percepção que a realização de eleições internas já “cria dificuldades porque Seguro já tem a máquina montada”, diz outra fonte ao i.

António José Seguro sabe que a nova estratégia com que avançou – depois de, numa fase mais recuada, ter chegado a perguntar “qual é a pressa?” – obriga Costa a definir-se. Agora, Seguro aposta em clarificar já o calendário, o que acaba por encostar Costa às cordas e, a haver disputa interna, fica tudo definido antes das eleições autárquicas. Uma coisa é certa, se o combate avançar mesmo, será “sanguinário” – uma expressão que vem do lado de Costa, mas que já se vê na estratégia que está no terreno do lado de Seguro.

Nos últimos dias, a direcção do PS tem feito passar a mensagem de um secretário-geral “furioso”, pronto a “pôr ordem” no que chama de “ataque orquestrado” de um “grupo organizado”, na reunião desta noite. Tudo expressões de guerra a que se juntou ontem o desafio a que Costa e os que o apoiam (grupo de socrático incluído) esclareçam o que pretendem. A direcção “espera que haja sentido de responsabilidade de todos os que criaram esta situação. Têm de assumir as suas responsabilidades”. E com Costa a questão também já se agravou, Na edição de ontem do i, fonte da direcção dizia mesmo esperar que “António Costa deixe de ser anjinho”.

A direcção não tinha, ontem à tarde, qualquer proposta de calendário a apresentar hoje à Comissão Política Nacional. Na agenda da reunião está a análise da situação política e a preparação das autárquicas. O resto virá por si, com intervenções prometidas de parte a parte. Marcações ficam para a Comissão Nacional do partido, a 10 de Fevereiro.

Ao i, José Lello (crítico da actual direcção) diz que falará “de acordo com o tom”. “Se for um tom de vitimização violenta”, diz, a resposta será na mesma medida”, avisa. Quanto às acusações sobre a existência de “um grupo organizado”, vindas da direcção, Lello acaba por admitir a parte do grupo: “É uma estupidez. Nós não somos um grupo organizado. Não percebo a fúria, a menos que queiram só bem comportadinhos.”

O tom de provocação foi atiçado com as declarações de Pedro Silva Pereira que, na semana passada, levantou a questão do calendário do congresso ao dizer que “se o PS antecipa o risco de uma crise política da responsabilidade do governo, por um problema de consistência da coligação, então talvez seja melhor que o congresso seja antes das eleições autárquicas”.

A frase concentrará muitas intervenções de hoje. Vítor Ramalho, também membro da Comissão Política Nacional, não está de acordo com eleições internas agora – “o próprio secretário-geral disse que não tinha pressa”. “A prioridade das prioridades do PS é contribuir para a queda do governo e deve estar concentrado nisso”, diz o socialista ao i.

1 comentário:

Anónimo disse...

e a mulher do peresterelo ainda esta como acessora de gabinete de vereador da cml?