03/12/2012

Comentários ao projecto espaço público SRU LxOcidental/Construções XIX p/Largo da Memória (Ajuda/Belém)

Resposta da Sra. Presidente da SRU Lx Ocidental:

«Exmos. Senhores,

Em resposta ao vosso e-mail e ao comentário colocado no vosso blog, que muito nos surpreendeu, vimos esclarecer o seguinte:

1. Não foram iniciadas quaisquer obras de requalificação do espaço público em redor da Igreja da Memória.

2. Os projetos que visam a reabilitação da área envolvente à Igreja da Memória, estão a ser elaborados pelo Arq. Gonçalo Byrne, acompanhados pela CML, IGESPAR e Lisboa Ocidental, não se encontrando ainda concluídos.

Aproveitamos para agradecer a devida retificação do referido comentário.

Ficando ao dispor para qualquer esclarecimento adicional, com os melhores cumprimentos,

Teresa do Passo

Presidente Conselho de Administração»

...

Exmos. Senhores


No seguimento do início das obras de requalificação do espaço público em redor da Igreja da Memória, Monumento Nacional, verificamos ser urgente, e ainda possível, corrigir/prevenir uma série de pormenores que, a nosso ver, a não serem previstos limitarão a eficácia desta intervenção (e têm-na limitado de um modo geral, por todo o bairro da Ajuda); representando assim uma "oportunidade perdida" para que se promova uma requalificação que tenha por fim, não a "esterilização" fácil do espaço público, mas a sua humanização por via da sustentabilidade ambiental e do apreço pelo legado histórico-patrimonial.

Seguem alguns comentários a este respeito, a saber:

1. Pavimentos
De um modo geral os melhoramentos que têm vindo a ser produzidos durante a empreitada geral, tem-no sido ao nível dos passeios e das faixas de rodagem, havendo a preocupação em manter os revestimentos tradicionais de Lisboa (calçada). No entanto, ficamos desiludidos com a pouca ambição do projecto do espaço público pois ainda é dada, claramente, muita importância à circulação automóvel e ao estacionamento à superfície. Com efeito, os passeios poderiam ser, em muitos casos, mais largos mas para isso seria preciso ter reduzido as faixas para estacionamento, ainda para mais sabendo-se do projecto em fase de implementação de um silo automóvel a montante da Igreja da Memória... Fica uma pequena nota positiva para a defesa ténue dos canais pedonais, por via da instalação de pilaretes nos passeios – contudo, o projecto poderia e deveria ter sido mais ambicioso em matéria de mobilidade suave.

2. Árvores de alinhamento
É uma imensa desilusão constatar-se que não se pensou em plantar árvores de alinhamento. Se por um lado a largura diminuta de alguns dos arruamentos não permite a presença de árvores, outras há, como a Travessa da Memória, onde se deviam ter aberto caldeiras para árvores. Também o Bairro dos Sargentos é disto exemplo. Ou seja, em termos urbanísticos, esta área da Ajuda é bastante desconexa e de arquitectura sem grande coesão estilística, por isso as árvores iriam melhorar muito não só o conforto ambiental das ruas como também lhe dariam escala, ajudando a harmonizar as frentes urbanas. Para se ter uma ideia dos "milagres" que as árvores de alinhamento podem fazer, basta ver, mesmo ao lado, a Calçada do Galvão com alinhamentos de lódãos em ambos os passeios...

3. Iluminação pública
Lamentavelmente, parece-nos que se está a promover o abate sistemático de colunas de iluminação do séc. XIX e em sua substituição se estão a colocar novas colunas de desenho demasiado corrente. Será que agora aquela colunas vão desaparecer na sua totalidade da envolvente à Igreja da Memória? A ser assim, será um erro grosseiro. Considerando que dentro desta área urbana há várias Zonas Especiais de Protecção de monumentos nacionais (Igreja da Memória, Jardim Botânico Tropical, Palácio e Jardim Botânico da Ajuda) seria aconselhável tentar manter-se ao máximo o mobiliário urbano oitocentista que ainda resta. No caso da Memória será um desrespeito por aquele MN.

Na expectativa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos

Fernando Jorge, Luís Marques da Silva, Bernardo Ferreira de Carvalho, João Oliveira Leonardo, Pedro Fonseca

CC. CML, AML, JF Ajuda, DGPC

2 comentários:

Anónimo disse...

É sempre possível abrir caldeiras para plantar árvores de alinhamento, desde que os passeios tenham largura para tal e não existam no subsolo infraestruturas que o impeçam.
Esperemos que este vosso trabalho encontre eco nos responsáveis da CML.
Lisboa precisa de árvores.

Pinto Soares

Anónimo disse...

Com as colunas de iluminação, continua a delapidação. Eu já não sei mais o que se pode fazer para mostrar aos arquitetos atuais e autarcas que é vergonhoso e altamente ignorante o mobiliário urbano não estar em sintonia com a época dominante do arruamento/bairro. Eles não percebem que esse é um modelo antiquado, o de introduzir contemporâneidade onde nada, absolutamente nada se parece contemporâneo. Estão atrasados esses senhores porque tal já não choca por ser novidade, mas por ser errado.
Por favor façam algo para pôr gente educada nos serviços da CML. IGESPAR, esta também vais deixar passar? Por favor não votem no Costa/Salgado/Roseta/Sá Fernandes se querem dar uma volta a este estado deplorável de pensar e fazer a cidade. Essa gente foi do que pior aconteceu a Lisboa mas a presunção deles leva-os a acreditar o contrário. Eu não suporto mais os trastes modernos que nos andam a impingir nas ruas, e os arranjos minimalistas das praças e arruamentos que ninguém usa porque não são convidativos. O largo do intendente é uma má obra, dever-seia ter feito melhor, com respeito pela génese da cidade e da área. Praça do Comércio: obra medíocre, olhem para as praças europeias e vejam como se podia ter feito melhor.