31/10/2012

É O VALE TUDO NA RUA DOS BACALHOEIROS







Esta obra ilegal na frente desta loja só pode ser uma provocação à candidatura da BAIXA a Património Mundial pela UNESCO... Não duvidamos que o propósito dos proprietários era bem intencionado, mas não podemos deixar de denunciar este tipo de intervenção como totalmente inadequada no contexto da identidade patrimonial da Baixa pombalina. Isto não é "embelezamento" mas apenas mais uma obra que desfigura a Baixa. Onde andam os fiscais da CML? E que diz o IGESPAR / DRCLVT? Este espectáculo bizarro pode ser observado na Rua dos Bacalhoeiros 117 a 119.

POSTAIS DO CARMO e SANTA JUSTA





Travessa do Carmo, Largo do Carmo e via pública de ligação do Largo do Carmo ao Elevador de Santa Justa. Para esta área está programado uma intervenção de reabilitação do espaço público de iniciativa da CML e com projecto da autoria do Arq. Siza Vieira. Mas já lá vai mais de 2 anos e é assim que se encontra uma das zonas mais históricas da nossa cidade...

Guerras....bombardeamentos ?









Naaaa....nós não necessitamos dessas coisas.

Portugal é Lisboa e o resto... paisagem?

Este tem sido o espaço para discutir, denunciar, conhecer e louvar Lisboa mas se o estado da preservação do património por aqui pode ser extensivamente estudado pelos artigos neste espaço, a verdade é que, por todo o país monumentos de importância enorme, alguns basilares para a nossa história, estão literalmente a apodrecer.
Trago-vos o caso do Forte do Conde de Lippe ou da Graça a 1 quilómetro de Elvas. Aconselho vivamente a leitura da reportagem que o Ruin'arte fez sobre este monumento (aqui). É desconcertante!
Quando as autoridades responsáveis pela preservação da nossa memória histórica se demitem das suas funções e a justificação é a falta de meios, muitas questões levantam-se. Uma das mais insistentes, pelo menos no meu espírito é, e numa época onde não se ouve mais do que o tão propalado défice do Estado, com valores históricos e fruto de anos de despesismo, quanto desses milhões foi gasto na preservação de monumentos. É que chegarmos a este estado de penúria mas sabermos que fizemos o melhor para todos deixar-me-ia com a sensação de ter valido a pena. Mas olhe-se à volta...
Um dia a crise passará, o climax da austeridade dará lugar a tempos de construção depois da destruição mas a mentalidade reinante de que património e cultura são bens de luxo resistirá, até estarmos reduzidos a um conjunto de memórias e elegias a património já entregue ao pó.
Desengane-se quem pensar que a preservação de património não é prioritária. Tem - já ouço os gritos de protesto - tanta prioridade como a manutenção de um sistema de saúde eficaz ou de proteção social. Tem repercuções no turismo, no prestígio externo - um conhecido estilista disse, há pouco tempo, que é muito difícil vender marcas portuguesas pelo vasto desconhecimento da nossa cultura e por não haver grandes marcos culturais reconhecíveis no estrangeiro - tem repercuções no emprego. Mas acima de tudo tem repercuções no orgulho nacional que tem faltado, com as consequências notórias.

Fonte: Ruin'arte





Fonte: Ruin'arte

Fonte: Ruin'arte

Postal da Baixa:


José Sá Fernandes vai declarar guerra aos graffiti em 2013.


O que seria altamente recomendável era uma definição clara e esclarecedora  por parte do Vereador Sá Fernandes dos limites entre puro Vandalismo Camuflado sustentado por vaga argumentação pseudo-sofisticada e “Arte Urbana” …
É perfeitamente claro que a C.M.L. ... está a "enviar" mensagens paradoxais e pedagógicamente ambiguas ... E que tal menos "sofisticamento" e mais obra concreta na Reablitação e Recuperação de Lisboa ?
António Sérgio Rosa de Carvalho.


"Diferenciar o graffiti de vandalismo é o principal objectivo destas iniciativas." ... Lê- se em baixo …
Como classificam então os orgulhosos Autarcas ( António Costa, José Sá Fernandes, Manuel Salgado ) ... a intervenção na Fontes Pereira de Melo ...iniciativa da autoria dos mesmos ?!?
Eu SEI ... como a classifico ... 
No caso especifico na Fontes Pereira de Melo, e daquele que constituiu um magnifico exemplo de um conjunto dos finais do sec XIX, juntamente com o Palacio Sotto Mayor e o Valmor sede do Metro ... depois do seu esventramento ... a intervenção “grafitti”, só serviu para alimentar e reforçar os argumentos relativizadores do Valor Patrimonial e ajudar à desresponsabilização dos responsáveis por essa decisão, e daqueles que pretendem concluir que “aquilo” ... "já não vale nada”.
Verdadeiro crime de Lesa-Património, esta intervenção “emite” em termos de Pedagogia o pior “sinal”possivel ... desprestigia o pouco que resta, nesta zona, do Património do Sec.XIX e ilustra a confusão de valores e a incompetência, disfarçada de sofisticamento cultural, que impera nas cabeças dos Vereadores da C.M.L. responsáveis por este atentado.
António Sérgio Rosa de Carvalho. 




Don't let urban art cover up neglect of Lisbon's crumbling heritage Officially sanctioned graffiti artists are not the answer to revitalising a beautiful city
The graffiti initiative highlights poignantly the total absence of an urban strategy for regenerating the city centre. Estimates suggest there are more than 4,600 buildings empty in the central area, 50% either abandoned awaiting demolition or approval. Dixon mentions the Crono Project as an alternative to "abandoning Lisbon's crumbling heritage to the developers". Everyone likes to demonise developers, but in this case the responsibility for such a state should be laid at the door of the planning authorities.
John Chamberlain The Guardian, Friday 4 February 2011 Article history
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José Sá Fernandes vai declarar guerra aos graffiti em 2013
Por Ana Henriques in Público.
 
Operação estender-se-á a toda a cidade. Vereador diz que combate às pichagens será "como em Nova Iorque" nos anos 1990
O vereador do Espaço Público de Lisboa, José Sá Fernandes, vai declarar guerra aos graffiti em 2013. A ideia é limpar os chamados tags, as assinaturas que povoam as paredes da cidade. 
"Haverá um combate radical aos graffiti", declarou o autarca durante o debate sobre o estado da cidade que decorreu ontem na Assembleia Municipal de Lisboa. Sá Fernandes explica que a mega-operação de limpeza deverá arrancar em Janeiro ou Fevereiro e implicará custos que "não chegam a um milhão de euros". A apagar os tags ou a pintá-los, consoante os casos, estarão tanto funcionários municipais como empresas privadas: a câmara irá também abrir um concurso para as empresas da especialidade. 
Em 2010, as principais ruas do Bairro Alto foram submetidas a uma operação contínua de remoção de pichagens com resultados comprovados. Cada vez que surgiam novos rabiscos retorcidos, lá vinham os operários de trinchas em punho reparar o estrago, uma e outra vez. A insistência fez com que os writers tivessem ido escrever para outro lado, como o vizinho bairro da Bica. Os especialistas em arte urbana apontaram, no entanto, falhas a esta operação. No afã de deixar tudo limpo, a Câmara de Lisboa apagou também trabalhos de artistas famosos dos graffiti. Agora o objectivo é estender a operação antigraffiti testada no Bairro Alto ao resto da cidade, diz Sá Fernandes. "Como em Nova Iorque", observa, numa referência à campanha musculada levada a cabo nesta cidade nos anos 1990 por Rudolfo Giuliani, o presidente de câmara republicano para quem graffiti eram sinónimo de crime e deviam ser combatidos por todos os meios. 
A Avenida de Berna e a João XXI são alguns exemplos avançados por Sá Fernandes de artérias a precisar de limpeza, bem como os bairros de Benfica e da Penha de França. Mas a operação estender-se-á a Lisboa inteira, avisa. Em Agosto, o ministro da Administração Interna anunciou a sua intenção de alterar a lei de forma a penalizar a sério este tipo de vandalismo. 
O aumento do desemprego foi outro tema abordado no debate sobre o estado da cidade. O presidente da câmara, António Costa, disse que se registou um aumento da taxa de desemprego de 22,9% em relação a Setembro de 2011. E foi precisamente a crise económica que levou os deputados municipais do PSD a propor ao autarca socialista que abdique do aumento da parte dos impostos que cabe à câmara receber (IRS e de IMI) de modo a reduzir a factura dos contribuintes, uma vez que o município vai ganhar muito dinheiro com a venda dos terrenos do aeroporto ao Estado. Os sociais-democratas afirmam que só assim viabilizarão o orçamento de António Costa para 2013. "Isso é transformar a câmara no Ministério da Solidariedade", reagiu o socialista Miguel Coelho, mostrando-se, no entanto, aberto a negociações.





30/10/2012

Classificação do Instituto Nacional de Estatística

Direção-Geral do Património Cultural

Projeto de decisão relativo à classificação como monumento de interesse público (MIP) do Edifício-Sede do Instituto Nacional de Estatística, muros e logradouro, sito na Avenida António José de Almeida, s/n, em Lisboa, freguesia de São João de Deus, concelho e distrito de Lisboa, e à fixação da respetiva zona especial de proteção (ZEP).





Lisboa 1960, Lisboa 2012: descubra as diferenças (e são muitas)



Lisboa 1960, Lisboa 2012: descubra as diferenças (e são muitas)
Por Joana Amaral Cardoso in Público.
 Em LX60 - A vida em Lisboa nunca mais foi a mesma, contam-se episódios de uma cidade ao longo de uma década de mudança. De Brigitte Bardot à Reboleira, passando pela PIDE e pela Guerra Colonial

Imagine-se que Lisboa é um jogo de tabuleiro. Já se sabe que o Rossio é zona nobre e cara, que há uma prisão (em Campolide) e que quem vive nas Avenidas Novas é gente com sorte. Há 50 anos era assim e hoje também. Mas também há muita coisa que mudou. O Bairro Alto simboliza hoje a vida nocturna e a boémia jovem; nos anos 1960, o Saldanha era isso tudo. Agora, as indústrias criativas têm como centros nevrálgicos o Chiado ou a LX Factory, em Alcântara. Há 50 anos, as Avenidas Novas eram o X no mapa criativo, da publicidade de Ary dos Santos ou Alves Redol na agência Êxito (na Alameda) ao Novo Cinema Português discutido no Vá-Vá, na Avenida de Roma. Lisboa é hoje a capital dos hipermercados. Em 1960, abria o primeiro supermercado, o Modelo, no Saldanha.
Esta é a cidade com que nos confrontamos em LX60 - A vida em Lisboa nunca mais foi a mesma (D. Quixote), um livro de Joana Stichini Vilela, jornalista freelancer, e Nick Mrozowski, designer gráfico norte-americano, que conta histórias de uma década em que houve uma praga de mosquitos na cidade, em que a cobertura da estação do Cais do Sodré desabou e matou 49 pessoas, em que nasce o metro com 11 estações - "e os alfacinhas se sentem por fim a viver numa capital europeia". Hoje, uma praga de escaravelhos mata palmeiras na capital, a estação do Cais do Sodré tem um hostel com terraço para apanhar sol e o metropolitano cresceu para 47 estações. Lisboa 1960, Lisboa 2012, descubra as diferenças.
Joana Stichini Vilela e Nick Mrozowski partiram para o livro ao sentir que se vive "uma fase nostálgica e revivalista", diz a autora. Não só porque olhamos para décadas mais prósperas com uma interrogação e saudade desejante em contraste com o panorama de crise financeira e social - e este, frisa a jornalista, "não é um guia dos anos 1960 para entender melhor o século XXI" nem um produto de nostalgia -, mas também porque a cultura popular se alimenta de si mesma. Em versão retro. Várias gerações que jogam Tetris no smartphone, que vêem a série Mad Men sobre o sector da publicidade nos EUA dos anos 1960 - e que fizeram a autora e coordenadora de LX60 pensar "como era a vida em Lisboa nesta altura?".
"E não havia nada [compilado sobre a vida quotidiana], só coisas pontuais. Fala-se do Estado Novo, da Guerra Colonial, há biografias, mas tudo muito político. Temos a ideia de que o Estado Novo era dominador na vida social", mas "vivia-se" também fora desse domínio, quer em luta, quer contornando-o. A jornalista quis contar histórias "que se podiam perder, porque são tão quotidianas que não damos por elas", dos brinquedos mais desejados no Natal à produção cultural, passando pela PIDE e censura. E fez em parte uma espécie de história oral, começando em 2010 a contactar directamente com fontes e protagonistas para entrevistas. "Era importante ter esse lado vivo no livro."

O selo Vasco Morgado

Se havia alguém que dava vida à cidade, esse alguém era Vasco Morgado. Naqueles anos, "o selo "Vasco Morgado Apresenta" está em todo o lado", lê-se em LX60. Mítico empresário do Parque Mayer e do Monumental, Vasco Morgado - todo um galã, actor em Capas Negras, marido de Laura Alves -, traz a Lisboa Johnny Hallyday, que pôs a multidão de jovens "insolentes" no Cine-Teatro Monumental ao rubro (e a imprensa até foi ouvir psicanalistas para perceber o fenómeno), mas também Sandie Shaw, os Animals, e, já na "boîte" do Saldanha Porão da Nau, agenda concertos de Ella Fitzgerald, Bécaud, Aznavour ou Sylvie Vartan. Os agentes culturais ajudaram a construir a cidade. "Foram fundamentais, mas estão esquecidos, são personagens que desapareceram. Não percebo como não se fala mais do Vasco Morgado, que fazia as coisas acontecer", diz Joana Stichini Vilela.
Foi ele que tornou "o Saldanha numa zona com imensa vida, que hoje não tem", relegada a centro empresarial durante o dia e dormitório by night, "morto depois do cinema", descreve a autora. O café Monte Carlo, um dos focos das tertúlias literárias, dos surrealistas aos neo-realistas, ponto de encontro de actores e políticos de todos os espectros, "hoje é uma Zara. E isso diz muito dos nossos tempos". Do Gabinete de Estudos Olisiponenses (GEO), da Câmara de Lisboa, confirmam-nos: "Há um esvaziamento, que se nota mais no centro histórico", que tem a ver com "o que se quer das casas" e como elas são vividas. Não é só hoje que o Rossio se queixa de não ter companhia para dormir. Nos anos 1960, a renovação urbana tem o seu preço: "Nessa altura a cidade transfere-se muito para as Avenidas Novas, para os cafés como o Vá-Vá. Nesta geografia parecia que havia esperança. Era uma nova era", diz Stichini Vilela, também aquela em que o êxodo rural, devido à pobreza do país e à industrialização crescente, criava os subúrbios à séria, como a nova Reboleira, descrita em 1964 como uma "cidade jardim".

Henry Miller bate à porta

Os autores identificaram na década de 1960 um período de intensa mudança. Não foi só, portanto, a década do "maior crescimento económico de sempre", que começou com o metro e com o primeiro de muitos supermercados. Foi a década que arranca com o annus horribilis de Salazar (1961), com o assalto ao Santa Maria, Kennedy a pressionar o regime pela independência de Angola, a Guerra Colonial.
"Houve um vento de modernidade" na cidade, indica o GEO. Foi também década do ié-ié (com vários "conjuntos" portugueses, palavra do novo calão da época, a darem-nos música com Missing You, dos Sheiks), das mini-saias, dos jeans justos como os de Londres da Por-fí-ri-os Contraste, inaugurada na Baixa em 1965. Um país jovem (92% da população tem em 1960 menos de 65 anos) num regime velho. Um país com "uma força muito importante", a dos estudantes, toda uma geração na qual "se depositaram grandes esperanças" e que "são hoje uma referência", diz Joana Stichini Vilela, como Jorge Sampaio e Medeiros Ferreira. "Uma geração muito idealista, que se sente claustrofóbica em Lisboa, com muita vontade", diagnostica a autora.
Há aqui uma nova Lisboa, uma cidade sempre a mudar e que, com o sopro de crescimento económico (até as primeiras máquinas automáticas de distribuição de dinheiro), teve uma injecção de obras públicas e privadas que perduraram. E cujas histórias estão em LX60, da Fundação Calouste Gulbenkian, na Avenida de Berna, à Ponte sobre o Tejo, passando pela Biblioteca Nacional e pelo Palácio da Justiça. E, claro, a nova cidade que são os Olivais - habitada pelos princípios da Carta de Atenas, que advoga o direito "às alegrias fundamentais: o bem-estar do lar e a beleza da cidade" - de Nuno Teotónio Pereira ou Victor Palla, entre outros.
LX60, que conta com textos de outros jornalistas, é um conjunto de episódios a que Stichini Vilela chama "uma cápsula do tempo, uma viagem" pensada sempre com o design de Mrozowski, que foi director de arte do jornal i e que, por seu turno, chama ao livro "bookazine" - um livro-revista que tanto dá para a reflexão quanto para a diversão. E há episódios surpreendentes para quem nunca mergulhou (ou viveu) nesta história muito particular da Lisboa sixties.
Brigitte Bardot foi beber vinho ao Bairro Alto e andou a ver bordados nos Restauradores. Ava Gardner e Gregory Peck jantaram no Aviz, do chef João da Cruz Ribeiro, no Chiado. Amália gerou polémica ao cantar Camões. Os serões literários de Natália Correia atraem todos, de Maria Teresa Horta ao romancista norte-americano Henry Miller, que uma noite, inesperadamente, lhe bateu à porta. Luxo, luxo era passar férias no novo projecto ambicioso de Keil do Amaral - o parque de campismo de Monsanto. Maria João Pires era notícia por, aos 17 anos, ter a primeira nota de 20 valores no exame final do curso de Piano do Conservatório. Outra mulher, Virgínia Rau, torna-se a primeira reitora de uma faculdade portuguesa, a de Letras. Daciano Costa desenha os interiores da Aula Magna e os móveis Olaio marcam a década. Há um novo cinema português disparado pel"Os Verdes Anos de Paulo Rocha, com fraco desempenho comercial, e depois lançado em gancho por Belarmino, de Fernando Lopes.
Esta viagem gráfica dá-nos o preço da hortaliça no Mercado 24 de Julho, fala do advento dos caldos Knorr e do tupperware e da geografia da prostituição. Histórias que querem "transportar o leitor para a década, mas que também o ajudem a compreender melhor o país e as gerações" que o fizeram nestes anos de ié-ié, de consumo e tensão política

O exemplo de Braga: Mercado de Flores na Praça do Município




Praça do Município em Braga. Um bom exemplo de utilização de uma praça barroca. Em Lisboa a nossa praça do Município, pombalina, já pouco mais é que uma cobertura de um estacionamento subterrâneo: um grande edifício de betão armado para armazenar automóveis e onde já não é possivel crescer árvores. Muitas pequenas e médias cidades do país mostram mais vitalidade e competência em gestão urbana do que a capital. Bem perto de Braga a cidade de Guimarães apresenta um centro histórico com niveis de conservação e restauro à altura dos padrões europeus - ao contrário do centro histórico de Lisboa que tem vindo a perder terreno nesta área. Cada vez observamos mais soluções fáceis e superficiais, sem substância teórica suficiente. Lisboa está a ser vítima de demolições de interiores, "fachadismo" que estão a transformar os bairros históricos num cenário de cartão. Com cada demolição integral de interiores aprovada a CML está a contribuir para a importação de estilos de vida com características de subúrbio (a garagem, para o pópó individual, parece ser o mais importante dos apartamentos em bairro histórico!). Está na moda "regressar" ao centro da cidade e viver num "palácio" ou prédio pombalino - mas estes novos "habitantes" não estão dispostos a abandonar a vida suburbana que entretanto adoptaram nas últimas décadas. É o império da imagem a matar a cidade histórica.

29/10/2012

AZULEJO: As lágrimas de crocodilo da CML




PISAL? SOS AZULEJO? Não se pode deixar de criticar as "lágrimas de crocodilo" da Câmara Municipal de Lisboa nesta matéria.

Todos os anos assistimos a exemplos de destruição de património azulejar por iniciativa, consciente, do município - em particular do Pelouro do Urbanismo que tem aprovado a demolição integral de imóveis totalmente revestidos a azulejo.

A área urbana da Estefânia, e o Bairro de Campo de Ourique têm sido grandes vítimas desta política de demolição de prédios de fachada de azulejo. Neste último bairro a CML aprovou em 2010 a demolição integral de dois prédios com belíssimas fachadas de azulejo em bom estado de conservação na Rua Almeida e Sousa, nº 5 ("Fábrica Viúva Lamego"), e nº 7 ("Fábrica Roseira"). No lugar destes 2 prédios, e após bem sucedidos  pedidos de emparcelamento e de demolição, já está em construção um edifício novo. O que foi feito aos azulejos que revestiam integralmente as fachadas destes dois imóveis pioneiros de Campo de Ourique? Como é possível em 2011 andarmos a demolir este tipo de património tão intimamente associado à identidade cultural de Lisboa? É um erro estratégico para além de ir contra as mais recentes ideias de urbanismo sustentável (o edifício mais "verde" é aquele que já está construído!).

Recentemente a CML já não parece exigir sequer a manutenção de fachadas de azulejo nos edifícios que tenham a "infelicidade" de estar fora dos "clássicos" bairros históricos da cidade. Ou seja, Avenidas Novas, Campo de Ourique, Estefânia, etc., estão entregues à especulação imobilária, à ignorância de patos-bravos. Os diferentes departamentos da CML não parecem trabalhar de forma genuína e coordenada na salvaguarda do azulejo. Enquanto um pelouro defende o azulejo o outro promove a destruição.

Outra questão grave é a aparente incapacidade do Pelouro da Cultura em classificar como de "valor municipal" imóveis isolados ou conjuntos, com fachada de azulejo. Apesar dos pedidos, desconheçemos qualquer processo bem sucedido de classificação de fachadas de azulejo. 

Na verdade ainda há muito preconceito face ao valor cultural do azulejo - em particular entre muitas elites do nosso país (políticas, culturais, etc).

Para qualquer cidadão mais atento e informado, tudo isto só pode despertar grande indignação.

Estacionam​ento indevido na Rua Xavier Araújo

Chegado por e-mail:

«Exmos Senhores
Resolvi enviar este email para vosso conhecimento.
É inacreditável, ver o que se passa diáriamente na Rua Xavier Araújo.

...

De: Maria João Barroso
Data: 26 de Outubro de 2012 18:03
Assunto: Estacionamento indevido na Rua Xavier Araújo
Para: participe.dmdiu@cm-lisboa.pt, pm@cm-lisboa.pt

Exmos Senhores

Venho por este meio dar a conhecer a nova forma de estacionamento na Rua Xavier Araújo.

Perante esta situação, a minha dúvida é saber se os peões circulam pela estrada ou por cima da lama

Com os melhores cumprimentos

Maria João Barroso»

(Fotos: Obrigado pela chamada de atenção!)

Leilão de 52 lojas espalhadas por Lisboa promete rendas anti-crise.



Leilão de 52 lojas espalhadas por Lisboa promete rendas anti-crise
Por Carlos Filipe in Público
A EPUL e a InvestLisboa juntaram-se para promover o que dizem ser uma mudança de paradigma no arrendamento comercial na cidade: o negócio não pode continuar a viver de rendas exorbitantes

Arrendar um espaço comercial por quantias mensais que crescem ao longo dos primeiros cinco anos do contrato, mas que nos 12 meses iniciais se ficam pelo valor da mais alta licitação em leilão público é a proposta da Empresa Pública de Urbanização de Lisboa (EPUL) e da InvestLisboa - agência de promoção e captação de investimentos que resulta de uma parceria entre a câmara municipal e a Associação Comercial de Lisboa. Para já, está em cima da mesa uma oferta de 52 lojas, afirmando os promotores que se trata de um projecto anti-crise, formatado para atacar a conjuntura económica. O leilão, que esperam ser muito concorrido, ocorrerá no dia 7 de Novembro, na Associação Comercial de Lisboa.
A iniciativa é inédita, diz-se alicerçada numa lógica em que todos ficam a ganhar, e junta a InvestLisboa, criada para atrair investimentos para a capital, à EPUL, que aproveita para proceder à valorização do seu património disperso pela cidade.
O que ambas as entidades sustentam é que se trata de uma mudança radical de paradigma. "As pessoas não estão em condições de avançar para um aluguer de 1500, 2000 euros, como lhes vinham pedindo por um espaço no centro da cidade, e podem encontrar aqui uma porta de entrada, simples, não só pelo preço, mas pela transparência do procedimento, mas também pelo seu rigor. Muita gente tinha projectos guardados na gaveta e este aliciante está a fazê-las avançar", explica Pedro Vicente, director de marketing e valorização de activos da EPUL. Segundo afirma, a empresa municipal está a fazer um esforço tendente a praticar valores mais baixos de arrendamento, esforço esse que faz todo o sentido nestes tempos e na área de actuação da EPUL.
As lojas disponiveis estão distribuídas por Entrecampos, Rua de São Bento, Vale de Santo António, Paço do Lumiar, Alta de Lisboa, Telheiras, Rua do Benformoso e têm as mais variadas áreas, em edifícios novos ou reabilitados. "A maior parte dos edifícios está habitada, mas as lojas foram deixadas para o fim e ou estão em tosco, ou já acabadas", diz Pedro Vicente. O valor base da licitação está fixado em 135 euros no caso de uma loja com 26 m2 de área na Rua Mário Cesariny, em Entrecampos, mas também em duas outras, na Rua Barrilaro Ruas, no Vale de Santo António. A licitação será feita em intervalos de cinco euros e o valor final definirá a mensalidade a pagar durante o primeiro ano de contrato, que subirá para 165 no segundo, 195 no terceiro, 240 no quarto, atingindo o valor máximo de 300 euros no quinto ano.
Os valores iniciais são muito variáveis, podendo atingir os 1620 euros para um dos lotes no Paço do Lumiar, por sinal o de maior dimensão, com 907 m2 de área útil. No quinto ano, a mensalidade desse espaço atingirá o valor máximo de 3600 euros. Em média, os valores iniciais de licitação para o primeiro ano de renda rondam os 330 euros.

Arrendar e não vender

"[O processo] é o mais transparente possível e é a clássica forma anglo-saxónica de negociar. Juntam-se as pessoas numa sala e elas oferecem. Quem oferecer mais, ganha. Não estamos a falar de cartas fechadas, pois não cria suspeições nem reacções negativas por parte de estrangeiros, que não estão habituados a esse tipo de situações", sublinha Rui Coelho, director executivo da InvestLisboa, que adianta outros argumentos: "É mesmo uma nova forma de fazer negócios. Com a crise em que estamos havia a necessidade de mudar e esta é uma das vias, com leilões públicos e preços baixos. E se queremos dar a volta à situação temos que ser criativos. O movimento económico que a ocupação de 52 novas lojas irá gerar, com a consequente criação de empregos, a compra de stocks e equipamentos, é todo um dinamismo económico que se cria, bem melhor que ter as tais lojas fechadas. Se este movimento fosse feito por toda a cidade, e por outros actores, reabilitando e ocupando os espaços dos prédios, seria um processo muito dinâmico."
Rui Coelho acredita mesmo que não há outra solução. "Não vai ser possível vender aos preços de outrora. As pessoas não vão conseguir vender, ponto final. Daí, terem que arrendar. Quem não mudar este paradigma não irá fazer negócio e também não ajudará a cidade a ir para a frente, sendo que, por consequência da crise, as pessoas estão a ser atraídas para novos negócios, pois não encontram outras saídas para emprego."
Atendendo ao interesse já manifestado por muitos interessados, os responsáveis pela iniciativa estão convencidos de que a primeira experiência tem tudo para ser bem sucedida. Porém, o concurso está limitado a 200 licitadores, tantos quantos comporta o salão da Associação Comercial de Lisboa, na rua das Portas de Santo Antão, diante do Coliseu dos Recreios, com inscrições a partir das 14h, iniciando-se o o leilão às 15h.
Tanto Rui Coelho como Pedro Vicente manifestam o desejo de manutenção da parceria agora iniciada para o desenvolvimento de novas iniciativas. Por parte da InvestLisboa, a intervenção continuará a centrar-se no apoio e aconselhamento aos investidores e às empresas que se querem instalar em Lisboa, apelando depois à colaboração da EPUL para avaliar a disponibilidade de imóveis que sirvam tais objectivos.
"Mas será importante que os candidatos estejam preparados para o primeiro ano", adverte Pedro Vicente, ao que Rui Coelho propõe também cautelas para o tipo de negócio escolhido: "É preciso ser inovador, que o negócio seja distintivo dos demais, que faça a diferença, pois quem pensar em montar um negócio igual ao de todos os outros na mesma rua pode estar a condená-lo ao insucesso."
Neste caso - quando tudo corre mal -, o contrato permite a rescisão do acordo entre as partes com uma antecedência de três meses, sem lugar a indemnização. "Ninguém corre o risco de ficar amarrado a um contrato por cinco anos. Todos perderíamos com processos judiciais. Se o negócio não resultar, de tal forma o contrato de arrendamento é simples que ele pode ser facilmente desfeito. De outra forma, as pessoas não teriam confiança para avançar", acentua Pedro Vicente.

"O trespasse é uma injustiça"
Cidade "sofreu" com falta de coragem política
A figura do trespasse - que implica o pagamento de uma quantia ao anterior arrendatário de um estabelecimento, por vezes muito elevada, para nele prosseguir a mesma actividade, nas mesmas condições - tem tendência a desaparecer do léxico do arrendamento comercial e é frequentemente considerada como impeditiva da renovação do tecido empresarial. Segundo o director do departamento de marketing da EPUL, com a nova Lei das Rendas, que entrará em vigor um dia depois do leilão das lojas, as quais serão já contratualizadas ao abrigo do novo normativo, aquela figura tende a desaparecer. "O trespasse é uma injustiça", junta Rui Coelho. "Esta cidade e o país sofreram, e ainda sofrem muito, com a lei das rendas que os nossos políticos não tiveram a coragem de mudar em 30 anos", justificou. C.F.

28/10/2012

A produtividade das multas

Depois das recentes noticias, segundo as quais o "Salário de fiscais da EMEL vai deixar de depender da quantidade de multas", subscrevo a opinião de Manuel Falcão, publicada no Metro de 23 de Outubro.

Não veria, por princípio, qualquer contra em que se desse um incentivo aos fiscais se com isso se conseguisse uma melhor fiscalização e ordenamento do estacionamento. Mas a verdade é que são cada vez mais as denúncias de abusos praticados por fiscais da EMEL, ao mesmo tempo que não é visível uma redução do estacionamento irregular.  Eu próprio tenho um litígio com a empresa relativo a uma situação em tudo semelhante à relatada na notícia.

Portanto é tempo de rever a política de incentivos em vigor na EMEL, para mais quando se vive um clima de crise que afecta os Portugueses de forma brutal e encontrar meios de verificar se os fiscais fazem o trabalho para o qual são pagos, de forma competente e eficaz e se a empresa cumpre com os desígnios para a qual foi criada e que me parece que há muitos anos abandonou.

Cabos & Cabos: Avenida de Madrid


"Todos os animais são iguais, mas há uns mais iguais que os outros" ... George Orwell,. “Triunfo dos Porcos”



Depois de gastar 3,5 Milhões de Euros em obras no edifício…
Tesouraria débil leva C.M.L. a assegurar parte do funcionamento …


Câmara retirou reclamo ilegal nove meses depois de ter ordenado a remoção. Reclamo rotativo colocado ilegalmente no topo do Hotel Vintage há dois anos foi agora removido coercivamente.



Câmara retirou reclamo ilegal nove meses depois de ter ordenado a remoção
Por José António Cerejo in Público
 Reclamo rotativo colocado ilegalmente no topo do Hotel Vintage há dois anos foi agora removido coercivamente
A Câmara de Lisboa procedeu anteontem à remoção coerciva de um reclamo luminoso, rotativo e de grandes dimensões, instalado ilegalmente, há vários anos, na cobertura do Hotel Vintage, ao alto da Rua do Salitre. O despacho que ordenou a retirada do dispositivo foi assinado pelo vereador José Sá Fernandes, a 28 de Setembro, oito meses depois de o próprio ter concedido 30 dias aos proprietários do hotel para o fazerem voluntariamente.
Apesar do incumprimento dos donos do hotel (grupo Carlos Saraiva), a câmara só agora decidiu, passados oito meses e após insistentes protestos da Liga dos Amigos do Jardim Botânico e do Fórum Cidadania, fazer cumprir a ordem emitida 24 de Janeiro deste ano.
O grupo Carlos Saraiva detém numerosas empresas hoteleiras e imobiliárias, grande parte delas em processo de insolvência e com centenas de funcionários despedidos e com salários em atraso, e tinha entre os seus administradores a antiga vereadora do Urbanismo da Câmara de Lisboa Margarida Magalhães e o antigo chefe de gabinete de João Soares, quando este era presidente da autarquia, Tomás Vasques.
O reclamo agora retirado foi colocado no topo do edifício em 2010 sem qualquer autorização camarária, apesar de esta ser exigida por lei e de o imóvel se situar na zona de protecção do Jardim Botânico - sítio classificado como monumento nacional. Posteriormente à sua instalação, a empresa requereu à câmara a respectiva licença, a qual foi indeferida com base nos pareceres negativos da Direcção Regional de Cultura. Mais tarde conseguiu que a autarquia aprovasse um reclamo mais pequeno e não rotativo (ignorando um novo parecer negativo da Cultura), mas nunca de lá retirou o que tinha colocado inicialmente.

27/10/2012

Palácio Bramão/Ceia - Janelas de Alumínio

O Palácio Bramão (ou Ceia, por ter pertencido aos Condes de Ceia), é um imóvel notável, quer pela qualidade estética da sua fachada, quer pelos ricos interiores que conserva, como a escadaria.
Essa importância parece ter sido confirmada pelo IGESPAR, que tem este imóvel classificado como Imóvel de Interesse Público (ver aqui). Eu supus muito ingenuamente, durante algum tempo, que património classificado gozasse de uma proteção especial que o protegeria de muitas malfeitorias, como a destruição por negligência ou dolo, mas também contra as modas do tempo que querem transformar peças arquitetónicas de períodos históricos em exemplos híbridos de construção contemporânea, onde não pode faltar, para dizer-se moderno e adaptado às necessidades dos nossos dias, os tais pladures e cozinhas/casas de banho minimalistas, pseudo-design, pseudo-modernas.
Pois na realidade para que serve a classificação se os técnicos do IGESPAR, ou antes as suas chefias, vêem como normal que edifícios como os da Marinha no Terreiro do Paço, o Mosteiro de São Vicente de Fora e este palácio - enumeração conservadora, porque há mais, muitos mais - vêem as suas janelas originais substituidas por outras de alumínio, as tais com os perfis por dentro, entre o vidro duplo. Algumas até têm vidros fumados!
Não me venham, por favor, com o argumento da manutenção. Quem não quer habitar em construções históricas e ter os custos inerentes tem uma série de opções em Lisboa e arredores. Quem tem a guarda de edifícios históricos não pode, nem deve sonhar alterá-los senão segundo critérios de rigor científico na preservação do valor patrimonial.
O que fazer para fazer sentir aos portugueses aquilo que outros lá fora sabem desde sempre, que este tipo de coisas só denota incultura, que por aqui passa desapercebida - somente uns quantos gritam e reagem - mas que aos de fora é mais uma prova do nosso subdesenvolvimento, da nossa "casticidade".
A quem levar estes assuntos já que o IGESPAR está perfeitamente de acordo, a julgar pela sua inação?

O Palácio Bramão ou Ceia, com a janelas originais.

ÚLTIMA HORA !! ALELUIA !! RECLAMO ILEGAL FINALMENTE REMOVIDO !!


Depois de mais de um ano de espera ... investigação / artigo exemplar de José António Cerejo, nas páginas da fundamental para Lisboa ( e resto do País ) secção Local do Público, agora ameaçada de extinção,  ilustraçòes repetidas neste "blog" e referência no Expresso ... finalmente ... este símbolo de "muitas coisas"... foi removido !!!!!!
Saudações Lisboetas Calorosas de,
António Sérgio Rosa de Carvalho.






Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa....







..se isto fosse o seu quintal, o Sr. levava visitas para sua casa ?

Por aqui se passeiam centenas de turistas diariamente ! É este o cartão de visita que vamos continuar a distribuir por todo o mundo ?

Chega de impotência e incompetência….é favor meter mãos à obra.

26/10/2012

Pérolas de Lisboa a proteger....

1967, Victor Manuel Palla

O Snack-Bar Galeto na Av. da República, um dos bons exemplos do modernismo da década de 60. Não estará mesmo na hora de proteger estes fabulosos interiores...?