18/09/2012

Primeiro dia do novo Marquês foi uma dor de cabeça para os condutores.



Primeiro dia do novo Marquês foi uma dor de cabeça para os condutores
Por Marisa Soares in Público
Novo modelo de circulação não foi bem recebido por muitos lisboetas, que passaram horas nas filas. Câmara diz que houve "falhas de informação" e já alterou as placas e o tempo dos semáforos
Filas, buzinadelas, condutores indecisos e com os nervos à flor da pele, peões a circularem onde antes não podiam e uma rotunda interior quase vazia. Era este o cenário visível ontem no Marquês de Pombal, em Lisboa. A manhã até começou tranquila mas logo se instalou o caos nos acessos à rotunda exterior, que ficou entupida. A confusão surpreendeu a câmara, que atribuiu o problema a "falhas de informação". Hoje há novas placas a indicar as direcções.
Foi o primeiro teste a sério ao novo modelo de circulação automóvel, em vigor desde domingo, que visa reduzir os fluxos de trânsito e melhorar a qualidade do ar na Avenida da Liberdade. O timing não terá sido o melhor: era dia de regresso às aulas para a maioria dos estudantes e de greve em alguns transportes públicos, mas mesmo assim o resultado foi "inesperado", admitiu o presidente da câmara, António Costa. Não se sabe se por "receio, cautela ou curiosidade", muitos condutores optaram pela rotunda exterior (que dá acesso a todas as saídas mas foi pensada sobretudo para quem quer ir para a Braancamp ou Duque de Loulé), que ficou entupida durante horas.
A expectativa era grande na sala de controlo de tráfego da Câmara de Lisboa. O autarca esteve desde as 7h45 de olhos postos nos quatro ecrãs que mostram o trânsito nos acessos à rotunda. Às 8h estava ainda tudo calmo, mas no acesso da Fontes Pereira de Melo começava a desenhar-se uma fila na via mais à direita, com destino à rotunda exterior, que se manteve pelo menos até às 10h, congestionando todas as ruas adjacentes.
O mesmo aconteceu na Rua Joaquim António de Aguiar. Quem descia das Amoreiras para o Marquês encontrava o trânsito parado, a ser comandado pelos agentes da Polícia Municipal, cuja presença teve de ser reforçada. "Como a rotunda exterior dá para todas as saídas e as pessoas têm medo de se enganar, estão a ir para essa", justificou Costa.
O vereador da Mobilidade, Fernando Nunes da Silva, tem três explicações para o caos. "Os táxis meteram na cabeça que só podem circular na rotunda exterior, mas podem andar em todas as vias", afirma. O mesmo se passou com as ambulâncias. "A via mais à direita na rotunda exterior serve para os autocarros mas não é um corredor BUS", esclarece. As placas que indicam as direcções também não eram claras, admite, ressalvando que a câmara apenas seguiu as regras do Código da Estrada que obrigam a definir a zona de destino. Durante a noite, a autarquia ia colocar novas placas, com informação mais clara sobre as saídas possíveis.
Segundo António Costa, "tudo foi pensado para que haja mais movimento nos eixos principais [que ligam as avenidas Fontes Pereira de Melo, da Liberdade e a Rua Joaquim António de Aguiar]." Daí que a rotunda interior e os respectivos acessos, que têm mais faixas e mais tempo de abertura dos semáforos, tenha estado tão vazia que "até se podia andar de skate", ironizou o autarca. Houve mesmo quem aproveitasse para circular de bicicleta em plena rotunda, sem problemas.
O modelo está em teste até Dezembro, pelo que os próximos dias e meses vão servir para corrigir alguns pormenores. A câmara esteve ontem à tarde a ajustar os tempos dos semáforos, dando mais espaço para escoar o tráfego na rotunda exterior enquanto os lisboetas não se habituam ao novo modelo. E isso, estima o vereador da Mobilidade, Fernando Nunes da Silva, "deve demorar cerca de um mês". Ontem ao final do dia, o trânsito já fluía melhor.
Os acessos e saídas do túnel do Marquês, por outro lado, não registaram as filas habituais. Na Avenida da Liberdade, onde se eliminou uma via em cada sentido a partir da Rua Alexandre Herculano em direcção aos Restauradores e se alterou o sentido das laterais, "o objectivo foi conseguido", garante António Costa. No cruzamento com a Rua Alexandre Herculano, até aqui problemático, o trânsito circulou "às mil maravilhas", sublinha Nunes da Silva.

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