17/07/2012

Mais curiosos que viajantes no primeiro dia do metro para o aeroporto .



Mais curiosos que viajantes no primeiro dia do metro para o aeroporto 
17.07.2012 - 15:38 Por Marta Portocarrero in Público online

O novo troço Oriente/Aeroporto do Metro de Lisboa está a funcionar desde esta terça-feira. Alguns turistas foram apanhados de surpresa, outros que já estavam a par da novidade decidiram experimentar. Mas no novo percurso da linha vermelha, a maioria dos passageiros eram utilizadores frequentes do metro movidos pela curiosidade.

Às 9h45, quando o metro parou na estação de Saldanha, na linha vermelha, surgia finalmente “Aeroporto” como última paragem. Uma espera de pelo menos cinco anos, tempo que a obra, que custou 218 milhões de euros, demorou a ser concretizada. De vestido, sapatilhas e chapéu de palha na cabeça Mariana Dimova, 24 anos, entrou com um amigo. “Não sabia que era a primeira vez, mas de certeza que vai ser bom, pelo menos vai ser rápido”, afirma a rapariga que veio da Bulgária para visitar a capital.

Pedro Ruíz, um espanhol de 38 anos, concorda. Se não tivesse ouvido as notícias, continuava sem saber que dentro de dias, no regresso ao aeroporto, já não precisaria de apanhar o shuttle.

As portas fecham-se e mais um grupo de turistas entra numa das composições do metro. Mas não há muitas malas a bordo, a maioria sai no Oriente. Não chegam a percorrer o novo troço de 3,3km, nem pisam as recém-inauguradas estações de Moscavide, Encarnação e Aeroporto, que todos os meses deverão passar a transportar mais 400 mil passageiros. É o caso de Anthony Hawkins, 19 anos, que viaja de comboio pela Europa. Lisboa é o último ponto da viagem, mas dentro de duas semanas, quando voltar a Inglaterra, promete que vai de metro até ao aeroporto.

Entre as estações do Oriente e do Aeroporto ficam quase só portugueses. Rita Lobo, 21 anos, sai na Encarnação. Antes, a alternativa para chegar a casa era o autocarro, mas "demorava muito tempo e não era tão confortável". A extensão da linha vermelha veio facilitar tudo.

Para Bárbara Almeida, 44 anos, que segue até ao aeroporto, neste dia o metro serve de experiência. “Trabalho na zona do aeroporto. Antes ia de metro até ao Areeiro [linha verde] e depois apanhava um autocarro que demorava, em média, uns 15 minutos”, explica. “Parece-me uma alternativa razoável ao meu percurso, mas ainda vou pensar melhor”, acrescenta.

Dezasseis minutos depois, as portas abrem-se no destino final. Com Bárbara saem muitas outras pessoas, mas não vão trabalhar, movem-se pela curiosidade de experimentar o percurso e visitar a estação que dizem que já devia ter sido construída há mais tempo.

Gostam do que vêem, do chão e das paredes beges imaculadas, dos elevadores envidraçados e, principalmente, das 53 personalidades portuguesas que o cartoonista António Antunes decidiu caricaturar. Representações de Sophia de Mello Breyner, Eusébio, Fernando Pessoa, Eça de Queirós arrancam sorrisos e flashes a quem passa nos corredores. “Isto está com bom aspecto. Não está excessivo, tem bastante elegância”, afirma Afonso de Sousa, 77 anos, em frente à caricatura de António Lobo Antunes.

No aeroporto, muitos admitem desconhecer a existência da nova ligação por metro, apesar das indicações afixadas nas paredes e dos assistentes mobilizados para ajudar quem quer comprar bilhetes. Mas na viagem de regresso ao Saldanha há mais turistas a bordo, de pé com as malas junto às portas ou sentados com a bagagem entre os joelhos. Carlos Alberto, 45 anos, vive em Belo Horizonte, no Brasil, mas trabalha em Lisboa há seis anos. As viagens entre os dois países são frequentes. Com a extensão do metro até ao aeroporto consegue agora poupar tempo e dinheiro. “Antes gastava 25 euros só em táxis e demorava mais tempo”, afirma ao lado da mulher que veio "matar saudades" e passar umas férias. “Ontem, quando me ligou, disse-me logo todo orgulhoso: ‘Amanhã vais estrear a nova linha do metro!’”, conta Marli, de 35 anos, quase à saída na estação da Alameda. Carlos ri-se.

Verónica Guimarães, 34 anos, é portuguesa, a trabalhar nos Estados Unidos. À chegada a Lisboa, não teve dúvidas em recorrer ao metro para chegar ao seu destino. “Foi fácil, está muito bem sinalizado. Este é um serviço muito conveniente que já podia existir há mais tempo, porque Lisboa tem das melhores linhas de metro da Europa”, remata enquanto empurra a cancela da estação de Saldanha.

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