13/06/2012

Roseta envia uma carta à Directora do Público ...




Razões de "incontestável interesse público"?

Às 12h45 de hoje, dia 31 de Maio, estando eu ausente, um grupo de indivíduos, acompanhado por uma jornalista, invadiu as instalações do meu gabinete de vereadora da Câmara Municipal de Lisboa, na Rua Nova do Almada, tendo tirado fotografias, filmado e tendo um deles vasculhado uma carteira. O grupo foi desocupado pela Polícia Municipal e pela PSP. Quando cheguei à porta do edifício, um pouco mais tarde, deparei-me com um pequeno ajuntamento de apoio aos ocupantes, a quem me dirigi, comunicando que receberia uma delegação de 4 pessoas às 14h00 nos Paços do Concelho. À hora marcada, ninguém compareceu.
A jornalista que entrou com o grupo de indivíduos, não se tendo identificado como jornalista à entrada do edifício, é a jornalista Ana Henriques, do vosso jornal.
Afirma o Código Deontológico dos Jornalistas que "o jornalista deve utilizar meios leais para obter informações, imagens ou documentos e proibir-se de abusar da boa-fé de quem quer que seja. A identificação como jornalista é a regra e outros processos só podem justificar-se por razões de incontestável interesse público".
A jornalista não se identificou para entrar nas instalações do meu gabinete, mas testemunhou o que se estava a passar e redigiu sobre o caso uma peça colocada no vosso site, em que afirma que "os manifestantes chegaram a vasculhar o gabinete durante alguns minutos à procura da vereadora"; os funcionários municipais que trabalham no meu gabinete foram filmados e incomodados nos seus locais de trabalho, numa clara violação dos seus direitos individuais, devidamente assinalada no momento, mas sobre isso a jornalista não se pronunciou, nem solicitou qualquer reacção minha ou do meu gabinete.
Assim, cabe-me perguntar à Direcção do jornal Público quais as "razões de incontestável interesse público" que justificam o comportamento assumido esta manhã pela jornalista Ana Henriques.
Aguardo pública divulgação desta carta e resposta do vosso jornal.

Helena Roseta


Nota da Direcção - A jornalista do PÚBLICO não utilizou qualquer meio desleal para obter informação. Como pedido pela editora do Local Lisboa, estava a reportar a desocupação do espaço da Rua de São Lázaro, quando o grupo de "ocupas" saiu para a rua em protesto. Sem conhecer a sua intenção, a jornalista seguiu o grupo até à Baixa. À entrada dos escritórios da CML, o grupo falou com o segurança na recepção e entrou no elevador. A jornalista acompanhou-os e testemunhou a acção, tal como a nossa colega da Lusa. A porta-voz da vereadora, que assistiu à ocupação, em momento nenhum pediu às jornalistas para se retirarem e cumprimentou a repórter do PÚBLICO. Só por absurdo iria a jornalista identificar-se com o cartão quando é conhecida pessoalmente pela porta-voz da vereadora.

2 comentários:

Anónimo disse...

Chateia?

Mate-se o mensageiro!

Julio Amorim disse...

Hummm....imaginem o amigo Wallraff a identificar-se nas suas "Wallraffadas" !?