25/03/2012

Viegas assume que reavaliação da Colecção Berardo afinal não foi feita




Francisco José Viegas
Secretário de Estado da Cultura


Por Luís Miguel Queirós in Público

Em Outubro de 2011, o secretário de Estado afirmara que a Sotheby"s iria proceder a uma nova avaliação das peças 

Depois de ter afirmado, em Outubro de 2010, que já fora pedida uma nova avaliação da Colecção Berardo, e que os respectivos resultados seriam conhecidos dentro de duas ou três semanas, o secretário de Estado da Cultura veio agora reconhecer que, afinal, essa reavaliação nunca chegou a ser feita.

Numa entrevista publicada ontem no semanário Expresso, Francisco José Viegas não desmente que tivesse sido encomendada à leiloeira Sotheby"s uma avaliação da colecção de arte moderna e contemporânea do comendador - cujo valor a Christie"s, em 2006, estimou em 316 milhões de euros -, mas diz que "essa avaliação não foi feita". Porquê? Viegas diz que "isso não é significativo" e acrescenta que "tinham sido feitas reavaliações intercalares por outros governos".
O responsável da Cultura não explica porque é que, aparentemente, já não considera prioritária a reavaliação da colecção, após ter afirmado repetidamente o seu empenho em que ela fosse feita. Numa entrevista transmitida pela SIC Notícias a 8 de Outubro de 2010, Viegas lembra que o Estado já investiu 27 milhões de euros na Fundação Berardo, afirma que "os contribuintes têm o direito de saber o estado real dos investimentos do Estado" e acrescenta que a reavaliação da colecção foi já recomendada pela Inspecção-Geral das Actividades Culturais, pela Inspecção-Geral das Finanças e, ainda durante o anterior Governo, pelo controlador financeiro do Ministério da Cultura.
Joe Berardo sempre afirmou que teria de ser ele a autorizar qualquer avaliação, dado ser o proprietário da colecção, emprestada ao Estado português por um período de dez anos, que expirará em 2016. Até essa data, o Estado tem opção de compra, sendo que o protocolo estabelecido em 2006 fixa o valor da colecção em 316 milhões de euros e estabelece que este não pode ser revisto.
Viegas tem vindo a argumentar que esta opção de compra justifica que o Estado queira apurar o actual valor de mercado da colecção. E quando os entrevistadores do Expresso lhe lembram que uma fonte do seu gabinete afirmou "não ser ainda oportuno divulgar os resultados" da avaliação encomendada à Sotheby"s, sugerindo que esta já fora de facto realizada, o secretário de Estado da Cultura responde apenas: "Sim, mas essa avaliação não foi feita". "Tinham sido feitas outras reavaliações intercalares por outros governos"

1 comentário:

Anónimo disse...

na altura li que a Sotheby's não estava interessada em fazer a avaliação. de qualquer modo a Sotheby's e a Christie's formam um cartel e não seria de esperar que uma fosse fazer uma avaliação muito diferente da outra pois mais tarde iria ser paga na mesma moeda...