06/10/2011

Jóia verde da cidade só ficou chamuscada


Jóia verde da cidade só ficou chamuscada
Por Carlos Filipe in Publico

Causas do incêndio são ainda desconhecidas, mas no interior do edifício devoluto estavauma cidadã sem abrigo, estrangeira, que foi hospitalizada devido a inalação de fumo
Um incêndio que deflagrou, ao início da tarde de ontem, num edifício devoluto que aparenta risco de ruína, na Rua da Alegria, em Lisboa, chegou a ameaçar a mancha vegetal do Jardim Botânico, mas a rápida acção dos bombeiros protegeu a jóia verde da cidade, que ainda saiu chamuscada. Uma mulher estrangeira, sem abrigo, estava no interior do imóvel e sofreu intoxicação por fumo, tendo sido conduzida ao Hospital de São José.

Não foi ainda possível aos bombeiros determinar a origem do incêndio, comunicado ao Regimento de Sapadores Bombeiros às 12h22 e dominado às 13h30, altura em que se iniciou a fase de rescaldo, disse ao PÚBLICO o comandante desta força profissional, Joaquim Leitão.

A segurança dos habitantes dos imóveis vizinhos e a protecção da mancha vegetal do Jardim Botânico constituíram as imediatas preocupações dos bombeiros que atacaram as chamas, prioritariamente, naqueles pontos. "Eles chegaram rapidamente, o que foi decisivo", comentou ao PÚBLICO o vereador que na Câmara de Lisboa tutela a Protecção Civil, Manuel Brito, destacando a sensibilidade daquela zona da freguesia de São José, de ruas muito estreitas, com habitações antigas e a proximidade do Jardim Botânico, que tem acesso lateral para um beco da Rua da Alegria.

Sem que tenha chegado a ser necessário proceder à retirada dos moradores vizinhos, mas que foram avisados pela Protecção Civil municipal para estarem preparados para uma saída rápida, em caso de necessidade, apenas uma mulher, de idade imprecisa, que se encontrava no interior do imóvel sinistrado, foi transportada de ambulância para o hospital, onde foi assistida, sem correr risco de vida. Os serviços sociais da unidade hospitalar e a Protecção Civil municipal vão ponderar um eventual apoio à mulher.

Antiga fábrica

Um elemento do Serviço Municipal de Protecção Civil disse tratar-se de uma cidadã estrangeira, e que por ser sem-abrigo estaria, aparentemente, acolhida naquele imóvel, devoluto e selado. A principal fachada do edifício, que já foi ocupado por uma fábrica e armazém de instalações luminosas de néon, mas também habitação, está escorada com fortes vigas de aço, o que indicia o seu estado de pré-ruína.

Apesar da prontidão dos Sapadores Bombeiros, que contaram com a colaboração dos voluntários de Lisboa e da Ajuda, o comandante Joaquim Leitão admitiu que o cordão de água projectado para o Jardim Botânico não foi suficiente para o deixar completamente a salvo, uma vez que algumas projecções de chamas atingiram duas palmeiras. O interior do imóvel, bastante combustível, principalmente pelas madeiras ali acumuladas, ficou totalmente destruído.

Um dos 41 bombeiros que ali prestaram serviço, apoiados por oito viaturas, também foi assistido no hospital, com queimaduras de primeiro grau num pé, devido ao contacto com materiais ardidos, já durante a fase de rescaldo. A circulação automóvel nas ruas adjacentes só foi restabelecida pelas 15h.

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