07/09/2011

Já não é preciso pagar para estacionar nas ruas de Lisboa durante a madrugada

In Público (7/9/2011)
Inês Boaventura

«A presidente da Junta de Santa Catarina afirma que os moradores vão ser prejudicados mas a Emel responde que pouco muda porque "era muito raro" haver fiscalização


O estacionamento à superfície na zona do Príncipe Real e na fronteira do Bairro Alto, que até aqui era pago até às 2h ou às 3h da madrugada, deixou de ser pago para lá das 22h. A presidente da Junta de Freguesia de Santa Catarina diz que esta alteração é "inacreditável" e vai agravar o "problema dramático" do estacionamento para moradores.

Os novos horários entraram em vigor no início de Julho, em simultâneo com o tarifário que, pela primeira vez, introduziu diferenciações no preço do estacionamento consoante as zonas da cidade. Desde então, a maioria das ruas na área de actuação da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (Emel) passou a ter estacionamento pago entre as 9h e as 19h.

Mas há excepções. Na zona de São Paulo, em vários arruamentos do Príncipe Real e da área da Avenida da Liberdade, à sexta-feira paga-se para deixar o carro até às 22h. O mesmo sucede no Chiado, nas ruas de São Pedro de Alcântara, D. Pedro V e da Escola Politécnica, e na Praça do Príncipe Real, onde o estacionamento também é tarifado ao sábado, entre as 9h e as 13h.

"Tomei conhecimento só agora e estou absolutamente contra", disse ao PÚBLICO a presidente da Junta de Freguesia de Santa Catarina, quando questionada sobre os novos horários.

Até aqui, lembra Irene Lopes, eram várias as artérias - como as ruas do Século, João Pereira da Rosa e Nova do Loureiro - em que o estacionamento à sexta-feira era pago até às 2h da madrugada.

Já no Chiado, o estacionamento era tarifado de segunda a sábado, das 8h às 3h do dia seguinte. Como o PÚBLI- CO noticiou recentemente, em meados de Agosto a sinalização vertical na Rua Nova da Trindade ainda não tinha sido alterada, apesar de nessa altura o estacionamento já só ser pago até às 22h.

"Um dos problemas mais dramáticos que temos é a falta de estacionamento. Em vez de dissuadirem as pessoas de trazerem o carro à noite, isto é um incitamento que vai prejudicar os moradores", afirma Irene Lopes. A autarca eleita pelo PS critica também o facto de, segundo garante, as juntas de freguesia não terem sido consultadas sobre os novos horários.

E chega mesmo a defender que, durante a noite, quem não morasse nesta zona de Lisboa devia ser impedido de circular em transporte particular entre o Rato, o Cais do Sodré e a Avenida D. Carlos I.

"Acho inacreditável", conclui Irene Lopes, que adianta que o seu desagrado é partilhado pelo presidente da Junta de Freguesia das Mercês, com quem o PÚBLICO tentou sem sucesso falar durante o dia de ontem.

Já a Emel explicou, através de um responsável da área de marketing e comunicação, que os novos horários "resultam de uma análise que foi feita pela Câmara de Lisboa" que "teve em conta as características de cada zona da cidade e de cada artéria" - entre elas, segundo Diogo Homem, "ser uma zona residencial ou comercial, a pressão do estacionamento ao longo dos diferentes períodos, as alternativas de estacionamento existentes, a existência de transportes públicos e as opiniões transmitidas pelas juntas de freguesia".

Confrontado com o facto de ser agora mais fácil quem sai à noite no Bairro Alto ou no Príncipe Real levar os seus carros até lá, Diogo Homem afirma que o horário antigo "era mais legal e teórico do que prático". "Era muito raro haver fiscalização até essas horas [2h nalguns casos e 3h noutros] ", admitiu o porta-voz da Emel, acrescentando que agora a fiscalização será "mais efectiva e coerente com os horários".

Diogo Homem acrescenta que a empresa está "a monitorizar com regularidade" a eficácia dos novos horários, remetendo para daqui a um mínimo de seis meses uma avaliação "em relação à necessidade de realizar algum ajuste".

Fórum Cidadania pede mais fiscalização

O Fórum Cidadania Lisboa deu ontem conta do seu descontentamento com a redução do horário em que o estacionamento é pago na Rua do Século. Este movimento defende, numa carta enviada aos órgãos autárquicos e à comunicação social, que "as novas regras passam a penalizar ainda mais os moradores e beneficiam ainda mais os não moradores".

O Fórum Cidadania acredita que o facto de o estacionamento deixar de ser pago a partir das 22h incentiva quem vai ao Bairro Alto "para a diversão nocturna" a utilizar o seu carro.

Ainda mais, acrescenta este grupo de cidadãos, quando a fiscalização da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa na vizinha Rua da Academia das Ciências (reservada a moradores) "é apenas esporádica e diurna".

Face a esta situação, aquele movimento pede à câmara de Lisboa que tome medidas "rapidamente", promovendo uma fiscalização diária, pelo menos, até às 22h. »

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Hum, está cada vez "melhor" esta história da EMEL e do estacionamento pago ...

3 comentários:

Ricardo Silva disse...

É grave que presidentes de JF saibam 'só agora' de algo com um mês e poucos dias.
Não lhes peço que estacionem, mas que procurem (tarefa aparentemente custosa) novidades de vez em quando. Seria útil.
Não aparecerão mais carros por causa desta alteração. Já poucos acreditavam que houvesse fiscalização - os parquímetros estavam avariados. Os que estão mal estacionados são rebocados muitas vezes (Trindade, Misericórdia, Alecrim). E para o parque do largo Camões sobra sempre dinheiro (divide-se a despesa).

Anónimo disse...

isto é uma não notícia. apenas mudou algo que só existia no papel e portanto não se vai notar diferença nenhuma. não é isto que vai trazer mais carros (na verdade não há mais espaço) e não era o preço do estacionamento que os afastava (apesar de não ser pago...). basta ver que os parques no camões e na calçada do combro ficam lotados à noite e esses são pagos.

Anónimo disse...

Somos "governados" por IDIOTAS!!!