15/05/2011

Casa de Cavaco Silva tem duas marquises


Vidros espelhados garantem a privacidade

Destaque do artigo de Ana Henriques no Cidades-Publico: "Não se pode exterminar as marquises. Vamos legalizá-las?"

Uma tem estores brancos, a outra não. Ambas possuem vidros espelhados, de forma a que os curiosos não possam bisbilhotar o que se passa lá dentro. As marquises mais famosas do país (no foto acima) ficam na Travessa do Possolo, em Lisboa, e pertencem a Cavaco Silva.

A vizinhança assegura que o alumínio apareceu a cobrir as duas varandas já lá vão duas boas dezenas de anos. "Primeiro ele só tinha um andar, depois é que comprou o apartamento do lado", descreve um vizinho da rua do lado, reformado, a quem as marquises metem confusão. "São horríveis. Mas coadunam-se bem com Cavaco Silva, que é um urbano desintegrado", continua Pedro Caeiro. "Ele tem o estilo de uma marquise." Dona de uma varanda envidraçada, uma moradora da travessa defende Cavaco: "Por que é que o Presidente não há-de ter a sua marquise?"

"Todos gostaríamos de sentir que aqueles que nos dirigem têm altas exigências estéticas, que estão um pouco acima da média em termos culturais", resume o arquitecto Manuel Graça Dias. "Mas estas marquises significam que, num sistema democrático, uma pessoa banal também pode ascender à Presidência da República". Cavaco foi um dos governantes interpelados pelo homem que, em 2009, lançou uma campanha contra as marquises em Portugal, Luís Mesquita Dias. "O uso das marquises banalizou-se de tal forma que até a família Cavaco as tem. Admito que hoje não as fizessem", diz o activista.

Perguntámos ao porta-voz do Presidente por que razão "marquisou" ele as varandas e qual a utilização que lhes dá. Não obtivemos resposta.

Quando, na noite da primeira vitória de Cavaco para a Presidência, em 2006, as televisões mostraram o recém-eleito na sua marquise, o humorista Ricardo Araújo Pereira não resistiu a comentar: "Duvido que Bush alguma vez tenha posto os pés numa marquise, quanto mais ter-se deixado filmar nela. Suspeito que a rainha de Inglaterra não saiba, sequer, o que é uma marquise. Quando penso em Cavaco Silva, só me ocorre a imagem do novo Presidente a falar ao telefone na marquise. Nem eu nem o país merecemos isto. Até porque, se havia coisa de que Portugal não estava precisado era de um incentivo à construção de marquises. Como é evidente, as poucas pessoas que ainda não têm a varanda fechada (em Lisboa, acho que são sete), viram Cavaco a passear na sua marquise e não puderam deixar de pensar: "Eu também quero uma coisa daquelas". Aquilo que o que o povo português viu na noite das presidenciais (...) foi uma hora de publicidade gratuita ao comércio de caixilharias". A.H.

11 comentários:

Anónimo disse...

que aberração. com tanto dinheiro ganho à conta do contribuinte, ao menos mudava para uma casa melhor

Filipe Melo Sousa disse...

O presidente tem de ser representativo das pessoas que o elegem. Está a cumprir o seu papel.

Julio Amorim disse...

Estas marquises são um fartote e já me salvaram o domingo.
À parte do analfabetismo estético....são legais senhor presidente?

Anónimo disse...

Sou um dos muitos cidadãos em Lisboa que é a favor de marquises. Qual é o problema de ter marquise? Aproveitar um espaço interior da casa, impedindo a entrada de frio, calor ou chuva, parece-me bem. É claro que respeitando a estética do prédio e com o consentimento camarário. Mas, sinceramente, a campanha contra as marquises parece-me demagoga e descabida, própria de quem não tem mais o que fazer. Exceptuo aqueles que o fazem, não contra as marquises, mas contra aquelas que são estupidamente feitas, ilegais, e que estragam a estética do prédio.

Anónimo disse...

as marquises são horríveis, não defendem do calor ou do frio e são estéticamente terceiro mundistas!

Uma varanda é um espaço que se pode viver! Com plantas, com "esplanada" porque quem de ser transformado numa ampliação da sala ou, como tantas vezes se vê, num depósito?

Anónimo disse...

Ilegais e estragam a estética do prédio são todas anónimo das 11.57,
dê-nos um bom exemplo de marquise para demonstrar a validade do seu argumento.

Anónimo disse...

Caro Anónimo das 11:57 PM:

Pois então é um dos muitos cidadãos de Lisboa que é a favor dos interesses e vontados dos privados em prejuízo da causa publica... do incumprimento das leis e das regras estabelecidas, alimentado por decadas de impunidade!

Pela mesma ordem de princípos também é a favor da evasão fiscal, da condução em excesso de velocidade, do estacionamento sobre os passeios e de fumar em locais publicos fechados.

Parabéns, é um cidadão exemplar!

c

Anónimo disse...

Concordo com o texto mas lamento que apenas se "estudo" o caso Cavaco. Como morador na mesma Travessa, acho estranho que não se mostre/identifiquem as restantes marquises. Nesta Travessa contam-se pelos dedos de uma mão as varandas que não estão fechadas. O Sr Cavaco apenas fez o que qualquer tuga faria: aumentou a área do interior sem pensar no aspecto exterior.
Mas toda a rua fez o mesmo.
Temos ainda os "presentes" caninos e os seguranças do seu predio que mandam as beatas para a rua e estacionam as motas sem pagar á Emel.

Anónimo disse...

Caro anónimo das 11.57pm. O sr. disse "Pois então é um dos muitos cidadãos de Lisboa que é a favor dos interesses e vontados dos privados em prejuízo da causa publica... do incumprimento das leis e das regras estabelecidas, alimentado por decadas de impunidade!"
Como poderá ler no meu comentário, sou a favor das marquises. Elas não são nada degradantes, nem esteticamente horríveis. Depende é como se fazem, e se são as adequadas à fachada existente. Como é óbvio nem todas o são e a qualidade dos materiais é muitas vezes duvidosa. Mas isso não faz com que as marquises sejam algo a evitar. Ao contrário do que outros já comentaram aqui, uma boa marquise protege do sol, do frio e do calor. Já não falo na chuva, porque me parece óbvio para quem não é preconceituoso. Para além disso, não vejo em quê uma marquise bem feita vai contra o interesse público. Muito pelo contrário. Conheço vários prédios onde não há marquise e por isso têm zonas enormes das varandas cheias de humidade e com reboco a caír para o passeio. Sou a favor de marquises esteticamente enquadradas, legais (sim, é possível) e contruídas com materiais adequados, duráveis e com o menor impacto ambiental e visual.
Cumprimentos a todos.

Anónimo disse...

"Uma varanda é um espaço que se pode viver!" E se essa varanda for fechada, de um modo esteticamente correcto, qual é o problema? Não "se pode viver"? É claro que sim. Tenho na minha marquise plantas, uma pequena mesa e uma cadeira onde posso desfrutar de sol ou de ar fresco (basta abrir as janelas). Tenho a vista da rua de igual modo. A diferença é que não tenho humidades, chuvas ou frios. Ressalvo que se trata de uma marquise legal, uma vez que apresentamos projecto na CML e construída de modo a causar o meno rimpacto visual possível. Pessoalmente acho que está muito bem e até já ouvi vários elogios por parte de vizinhos.
Já agora, sem querer ser elitista, não sei se sabem mas nem todas as pessoas que moram em Lisboa conseguem ter casas de 5 ou 6 assoalhadas e usar uma delas como "zona de descanso/lazer".

Anti-Marquises disse...

Brevemente será criado um espaço na internet anti-marquises. Todos aqueles que as usam, defendem ou promovem serão ridicularizados, quer inquilinos quer fabricantes. Serão mostradas fotos dos prédios, nome da rua, número de polícia e respectivo andar. Se querem transformar prédios em barracas vão viver para um bairro de lata.