07/08/2010

Desalojados ameaçam entrar no prédio da Rua de São Bento em risco de ruir

In Público (7/8/2010)
Por Marisa Soares

«Foi prometido aos moradores que podiam tirar os seus bens no início de Setembro. Mas a câmara diz que a promessa não pode ser cumprida

As duas famílias e os comerciantes que a 19 de Maio tiveram que sair do prédio no número 384 da Rua de São Bento, em Lisboa, ainda não conseguiram recuperar os haveres que deixaram para trás. A Câmara Municipal de Lisboa (CML) diz que não é possível entrar no edifício em risco de ruir sem este ser escorado, o que não deverá acontecer antes do final de Setembro. Mas os desalojados não querem esperar mais e vão entrar no prédio no início do mês.

"A vereadora da Habitação, Helena Roseta, disse numa reunião que podíamos tirar as coisas no início de Setembro", diz Maria do Carmo Nobre, dona do antiquário do rés-do-chão. Porém, contactado pelo PÚBLICO, o director do Departamento de Construção e Conservação de Habitação da CML, Manuel Ferreira, adianta que "não é espectável" que o prédio seja escorado antes do fim do próximo mês. Isto "se conseguirmos que durante Agosto seja entregue e aprovado o projecto de contenção", ressalva.

A demora não agrada a famílias e comerciantes. "Já avisei a Protecção Civil. Vou entrar na primeira semana de Setembro. Preciso do fogão, da máquina de lavar roupa, do frigorífico, de colchões", afirma Carla Quaresma, uma das desalojadas. Paula Fidalgo, que também teve de sair com os dois filhos, está a dormir em casa da mãe. Diz que não tem como equipar a casa que alugou este mês. "Se me garantirem que posso lá ir no final de Setembro, talvez espere. Senão, também vou entrar."

A Junta de Freguesia das Mercês entregou 1000 euros a cada uma delas, para ajudar no realojamento. Deu para pagar as duas primeiras rendas, não mais. "Estou há espera há 15 dias por um telefonema da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, para me cederem equipamentos básicos, mas nada", lamenta Carla Quaresma, que teve de entregar os dois filhos menores ao cuidado de familiares. "Não tenho onde os deitar", diz.

No primeiro andar, continuam os equipamentos da cabeleireira. No rés-do-chão, estão guardadas as antiguidades que Maria do Carmo herdou do pai, que ali abriu a loja há 50 anos. A lojista - que não teve direito aos 1000 euros da junta de freguesia por não ser moradora - também quer tirar as coisas no início do mês. "É um risco, mas não vou deixar que recomecem as obras do prédio ao lado sem tirar tudo", afirma. Foram essas obras, agora paradas, que causaram a instabilidade do prédio de cinco andares do número 384.

As proprietárias dos dois prédios não estão disponíveis para tomar qualquer medida, segundo as moradoras. "A senhoria está à espera que o prédio caia", garante Maria do Carmo.»

8 comentários:

Filipe Melo Sousa disse...

quanto e que os inquilinos estavam a pagar de renda?

Xico205 disse...

A miseria do costume. Saiu a sorte grande ao senhorio. Pena não ameaçar ruir à mais tempo, agora é so rezar aos anjinhos para que caia de vez.

Anónimo disse...

Não entendo porque é que a raiva destes inquilinos se dirige à Câmara. Onde estão os proprietários deste imóvel? O valor da renda é irrelevante neste caso. Eles sao de facto os proprietários do prédio e ninguem lhes pediu que o fossem. Se as renda sao baratas façam obras no imovel e aumentem-nas ao abrigo ad legislação existente. Por que raio tem que ser sempre a Câmara a resolver estas situações? Enquanto os proprietário dos prédios que caiem nao forem levados a tribuinal esta situação nao mudará NUNCA.

Filipe Melo Sousa disse...

Eles podem fazer obras a vontade. vao dar casas de luxo, e continuar a receber 10€ por mes

Xico205 disse...

E já agora não querem que os senhorios dêm tambem um subsidio de alimentação aos inquilinos?

Já agora deviam tambem ser obrigados a alimentá-los a lagosta numa marisqueira.

Anónimo disse...

Podiam ser sim mas normalmente é ao contrário. Mesmo com 10 Euros de renda os senhorios comem lagosta na marisqueira enquanto ALGUNS dos seus inquilinos comem uma sopa da misericórdia e sujeitam-se a levar com o tecto da casa em cima.

Xico205 disse...

E se o senhorio não fazia obras porquê que os inquilinos continuaram a viver lá? São masoquistas? Ou não há casas em bom estado em Lisboa?

Tambem me parece que não querem gastar dinheiro e preferem viver numa caverna.

Quem semeia ventos colhe tempestades.

Xico205 disse...

Anónimo disse...
Podiam ser sim mas normalmente é ao contrário. Mesmo com 10 Euros de renda os senhorios comem lagosta na marisqueira enquanto ALGUNS dos seus inquilinos comem uma sopa da misericórdia e sujeitam-se a levar com o tecto da casa em cima.





Não sabes mesmo o que dizes. O que não falta para aí são senhorios em dificuldades economicas.
Quanto aos inquilinos pobres não têm que ser sustentados pelo senhorio. Vão viver para a rua ou para uma barraca ou para um carro abandonado ou para um bairro social, para onde eles quiserem desde que larguem as casas que ocupam imoralmente.