18/04/2010

Ocenário 'ganha' mais um edifício

De facto o Parque das Nações é um desperdício, com tanto espaço verde e aberto que pode ser aproveitado para construção.

DN
A segunda vida do Oceanário, por CLÁUDIA MELO

A segunda vida do Oceanário

A partir do restaurante existente no actual Oceanário, vai nascer um novo corpo com cinco pisos, dois dos quais subterrâneos. O objectivo é o de captar novos públicos e assegurar a sustentabilidade económica a médio e longo prazo.

O Oceanário de Lisboa, edifício da autoria de Peter Chermayeff, com pouco mais de dez anos mas já emblemático na capital, vai ser ampliado.

Com o objectivo de captar novos públicos, e assegurar a sustentabilidade económica a médio e longo prazo, serão oferecidas novas valências, como um auditório, zona de restauração com área infantil e um espaço para exposições temporárias. Pedro Campos Costa é o autor da ampliação, e considera ser este "um desafio complexo - trata-se de intervir num espaço público consolidado e de grande dinâmica, resolver a relação com um edifício existente de uma grande presença arquitectónica e com uma imagem marcante no imaginário dos lisboetas, um espaço hoje em processo de qualificação como património arquitectónico. O desafio é criar um edifício que não seja simplesmente uma peça arquitectónica isolada mas que responda às problemáticas urbanas e dialogue com o edifício existente sem que a ele se sobreponha", refere.

A partir do restaurante existente no actual Oceanário , vai nascer um novo corpo com cinco pisos, dois dos quais subterrâneos, que no entanto procura não descaracterizar o edifício projectado no 1998 por Peter Chermayeff, nem a praça adjacente ao Oceanário . É que, segundo Campos Costa, esta "funciona hoje de forma eficaz e agradável. É um dos pontos mais activos do Parque das Nações, catalisador dum público de passagem e ponto de espera dum elevado número de visitantes do Oceanário".

A solução encontrada foi a de preservar o espaço público envolvente ao Oceanário, aberto e sem nenhum tipo de obstáculo visual, recorrendo a um "volume suspenso", isto é, um edifício novo ligeiramente afastado do existente e com pouca presença material . Este efeito é conseguido graças à sua forma - a de um prisma irregular - e às fachadas "furadas", que, juntamente com um jogo de luzes artificiais, desmaterializam a massa construída da ampliação. "Este projecto de extensão não quer, de forma alguma, interferir ou interpor-se a esta área urbana, pelo contrário procura "ampliar" as suas possibilidades ao propor um volume "suspenso", tecto de uma nova praça, agora coberta", assegura o arquitecto.

Se o motor da ampliação é assegurar a viabilidade económica do edifício no futuro, a sustentabilidade ao nível de consumo energético também não foi descurada. Assim, "a solução formal da fachada responde eficazmente às questões térmicas, criando uma fachada dupla ventilada. A perfuração serve como filtro, e através de uma ventilação vertical natural permite ganhos energéticos, no arrefecimento e no aquecimento do edifício. Para além deste sistema passivo, pretende-se implementar outros sistemas activos, como por exemplo painéis fotovoltaicos ou térmicos, que possam minimizar o consumo de energia do edifício".

O Oceanário prepara-se assim para uma nova etapa da sua curta vida, no rescaldo da euforia da Expo'98, em Lisboa, que " permite criar uma estimulante dialéctica entre a construção e a nova proposta".

7 comentários:

HOMOSAPIENS disse...

Acho a arquitectura dessa extensão muito boa, também vi como essa obra iría ser iluminada a noite e fica muito bem. Um bom projecto.

Cumpts.

Miguel Carvalho disse...

Não ponho isso em causa!

O que questiono é o nosso horror a espaços vazios. Desde que o plano para a Expo98 foi lançado, nunca se parou de aumentar a densidade de construção naquela zona.

HOMOSAPIENS disse...

Também acho Miguel. Para mim deveria existir mais espaços verdes no Parque das Nações. O meu comentário anterior era só sobre a arquitectura em si da extensão do Oceanário.

Cumpts.

citadino disse...

é pena os arquitectos hoje dedicarem-se mais a rendilhados e à “costura” do que à arquitectura!

Maxwell disse...

Segundo o que entendi, expanção esta à custa do relvado do lado do rio certo? Porque, god forbig, que mechamos na horrívelmente deserta calçada do lado de dentro, em direcção aos toldos. Não financio projectos estupidos. Não contem com o meu bilhete para entrar no oceanário, se assim for.

HOMOSAPIENS disse...

Não Maxwell, a expansão vai ser feita do lado do passeio de Ulisses, o relvado do lado do rio não vai ser transformado.

Cumpts.

Maxwell disse...

Então será à custa das unicas árvores na enorme 'calçada' e fechará a praça--
hmm que bem emparedado que está a ficar o Jardim da Agua--