31/08/2009

Reclamações da Cidade de Lisboa

Chegado por e-mail:

«From: Xana Rodrigues
Date: 2009/8/30
Subject: Reclamações da Cidade de Lisboa
To: municipe@cm-lisboa.pt, geral@cm-lisboa.pt, dmau.daev@cm-lisboa.pt, daev@cm-lisboa.pt, dsrt@cm-lisboa.pt, dsrt.condicionamentos@cm-lisboa.pt, dmpo@cm-lisboa.pt

Exmos. Senhores,

Na rua onde resido (mais adiante indicada), verifico lamentavelmente que a limpeza camarária é cada vez mais esparsa. Os passeios encontram-se constantemente pejados de dejectos caninos (referi o mesmo problema há mais de 2 anos atrás com insistência para as coimas para quem não recolhe os dejectos dos seus animais) e, com as obras de variadíssimos imóveis na zona, o lixo aumentou.

Outro problema que aflige é que, mesmo em frente ao nr. 38 da R. Capitão Renato Baptista, as pedras da calçada estão todas soltas, dificultando o estacionamento no local (já tão difícil) e, como saberão, por falta de arranjo, as mesmas vão-se deteriorando e alargando a área danificada rapidamente. Solicito a vossa intervenção com a maior brevidade possível. Ainda na mesma rua, verifica-se no nr. 26 e daí para baixo, o perigo de fachadas em ruína. Ainda há dias, assisti a um estacionamento frente a este mesmo nr. 26, onde o condutor foi atingido por 2 azulejos caídos deste prédio. 1 danificou-lhe a capota dianteira da viatura e outro acertou-lhe ainda no corpo, podendo ter originado danos sérios. Será que não existe inspeção periódica para o património imobiliário da nossa capital??

Aflige-me igualmente que as disparidades de intervenção urbana/paisagística sejam tão díspares, em função dos interesses/rentabilidade das áreas intervencionadas.
Nesta semana passei no Campo Mártires da Pátria e muito me espantou, ao dirigir-me ao Jardim do Torel, este encontrar-se ainda em obras, quando os placares das mesmas indicavam prazos de execução das mesmas até Março de 2009 e, posteriormente, novo placard foi actualizado para Maio de 2009. Ora estamos praticamente em Setembro! (????)? Mais um jardim do qual os Lisboetas não puderam ususfruir ainda no Verão.

Igualmente próximo, o Elevador do Lavra, símbolo da cidade, continua encerrado. Poderão vossas exªs esclarecer-me se o mesmo vai encerrar de vez ou se encontra em obras, como efectuado na Bica e no da Glória? Assim o espero, já que estes são símbolos únicos e históricos, bem como pontos turísticos (poderiam ser melhor rentabilizados) de inegável interesse e carisma da cidade de Lisboa.

É com pesar que escrevo este mail mas, cada vez menos, me identifico com a cidade que escolhi para viver. Sinto Lisboa cada vez menos como a minha casa ... algumas zonas são imundas, devotadas ao abandono e esquecimento, repleta de betão e falta de zonas verdes (aproveito para congratular pela excelente intervenção no jardim S. Pedro de Alcântara) de lazer e para prática de desporto, trânsito caótico, ruas esburacadas, casas a ruir, criminalidade a aumentar, valores imobiliários ESCANDALOSOS para o que a cidade oferece e que originam o galopante afastamento de camadas jovens a habitar na cidade e consequente desertificação da capital. Em outras cidades da Europa, podemos passear a qualquer hora e existe gente! A partir do fim de tarde, Lisboa torna-se uma cidade fantasma (excepção feita ao período de verão e alguns pontos específicos de animação nocturna). Sente-se em Lisboa um pulsar cada vez mais desumananizante.

Agradeço desde já a vossa melhor atenção.

Cumprimentos,
Carla A Rodrigues

11 comentários:

Anónimo disse...

Eu penso muitas vezes o mesmo. Se tivesse a vida pela frente e não estivesse como estou «atado» a Lisboa, encararia decididamente a mudança. O mesmo planeio, se tiver saúde e genica, para a idade da reforma.

E basta atravessar a fronteira para constatar a vida que existe em qualquer Plaza Mayor pela tarde fora.

Noner disse...

Aquela parte de as disparidades de intervenção urbana/paisagística serem tão díspares é que, para dizer a verdade, não me admirou por aí além.

Anónimo disse...

segundo alguns lisboetas, esta Lisboa que nos descreve tem muito charme e é extremamente atraente sob o ponto de vista turístico

Rui Dias disse...

"as pedras da calçada estão todas soltas, dificultando o estacionamento no local".

Sem de forma alguma discordar com o conteúdo, com o qual na generalidade me identifico, não posso deixar de notar o que parece mais uma situação de estacionamento abusivo. Desta vez em cima do passeio.

Maxwell disse...

Ora, talvez eu tenha lido mal, mas vem fazer o pedido para reporem pedras da calçada (depreendo passeio) para estacionar a viatura?

Concordo: depois de noite caída, lisboa torna-se uma cidade fantasma e, os poucos pontos onde assim não o é, estão a tentar matálos aos poucos.

Anónimo disse...

São mesmo as pedras da calçada em frente ao 38. Da calçada da rua e não do passeio. No street view é claro. E naquela rua os carros não estacionam no passeio.

Anónimo disse...

Sim, claro, esta Lisboa decrépita e desmazelada é cheia de frayed charm...

Anónimo disse...

mas que grande salada! os contactos com a CML são mais eficazes se cada mensagem focar apenas um problema e for enviada ao departamento responsável. e obviamente, pedidos feitos devem ser acompanahdos periodicamente para manter a pressão. mandar um spam destes de dois em dois anos não surte efeito.

Anónimo disse...

Boa! Os pedidos são mais eficazes se focarem apenas um problema e depois têm de ser acompanhados para manter a pressão.

Ou seja, são tão eficazes tão eficazes que depois é preciso insistir volta e meia a ver se ao fim de uns largos meses dão uma resposta a dizer que vãao analisar o problema.

Eh, eh, e há quem fique satisfeito com isto: o Tuga tem o que merece.

Xana disse...

Agradeço a todos os comentários e verifico que terá originado alguns mal entendidos.
No que respeita às pedras da Capitão Renato Baptista, refiro-me à via e não ao passeio. Esta rua de Lisboa (como tantas outras) é calcetada e não alcatroada.
Quanto ao charme que Lisboa emana para os turistas, gostaria de esclarecer que eu própria adoro a cidade ou não continuaria a habitar na mesma e a preocupar-me com as suas vicissitudes. A diferença está precisamente entre "Viver em Lisboa" ou "Visitar Lisboa".
No que respeita à imensidão de temas, é verdade, entusiasmei-me. Relativamente a insistências ao fim de 2 anos, devo ter-me explicado mal; o que aconteceu foi há cerca de 2 anos ter efectuado algumas diligências para a CML, mas sobre outros assuntos e que, na época, surtiram efeito (ainda que com a habitual demora na intervenção).
Agradeço a todos os posts.

Luís Alexandre disse...

Moro muito perto da zona em causa e estou solidário com a Carla Rodrigues.
1. De facto, a CML parece ter desleixado na limpeza urbana, coincidentemente desde que o António Costa veio com a "brilhante" idéia de privatizar os serviços de higiene urbana da CML. No entanto, mesmo nas zonas onde a limpeza
tem uma frequência quase diária, com lavagem de ruas à mangeirada (como é o caso da Av. Almirante Reis, pelo menos em frente à Igreja dos Anjos), às 09 hs da manhã seguinte já está tudo imundo (e no final da tarde nem se fala).
Enquanto nós "tugas" tivermos hábitos pouco civilizados, nunca nada ficará limpo.
2. Quanto ao problema dos prédios em má conservação, não se podem esperar milagres da CML, uma vez que se trata de património de terceiros e a sua intervenção (da CML) obedece a imperativos legais, morosos e dispendiosos. Vai ser publicado o novo regime jurídico da reabilitação urbana, que teoricamente concederá algumas facilidades, mas não vai permitir milagres.
3. Quanto às obras que perduram, está-se mesmo a ver que aguardam a campanha eleitoral para serem acabadas. Ou não fossem essa corja dos políticos os autênticos "tugas".
4. Também tenho muita pena que a cidade esteja a perder habitantes e vida, mas continuo e continuarei a gostar de morar em Lisboa. Gostaria era de ver uma gestão camarária voltada para o bem estar e qualidade de vida, ao invés de ser conduzida pelos interesses dos construtores e escravizada pelos automóveis.
5. Como disse recentemente o brilhante arquitecto Jaime Lerner, as cidades não são o problema, são a solução, só temos de ajudar a procurar a nossa.