25/08/2009

A cidade que me viu nascer

Novo Edificio da autoria do arq. Tomás Taveira na Praça duque de saldanha em Lisboa


Se há uns anos, quando comecei a ter consciência dos problemas desta cidade que me viu nascer, a arquitectura já demonstrava danos irreparáveis, hoje infelizmente não esta melhor.
Continuo a não entender esta politica de ordenamento da cidade, onde os poderes políticos se revezam e onde todos têm responsabilidades.

Cada partido político que se candidata à cidade de Lisboa apresenta-se sempre como o salvador da mesma. O facto é que ganhando ou não, depois das eleições todos ocupam os seus lugares, acomodam-se e nada fazem.

Será assim tão difícil entender que o modelo de desenvolvimento americano tão preconizado nos anos 80 não se aplica numa cidade europeia como a nossa?!...

Quase três décadas passados ainda não percebemos que tínhamos uma das capitais mais bonitas da Europa, que a destruímos e insistimos em assassina-la todos os dias um pouco mais!

Haverá o dia em que acordaremos e a cidade será um local onde só haverá edifícios com formas estranhas aos gritos, de vidros espelhados de valor estético discutível.

Interrogo-me porque não aproveitamos o nosso constante atraso e o convertemos em vantagem e aprendemos com os erros dos outros.

Porque não vêm o óbvio?...
Infelizmente chego à conclusão que tem mais a ver com uma questão de egoísmo, falta de cidadania, interesses pessoais e comerciais.
Só pode!… porque não há com certeza tanta gente asna a querer delapidar o nosso património…

Vejam-se o caso dos edifícios da Av. da Liberdade, da Av. da Republica, das Avenidas Novas, todo um património do séc. XIX e inícios do séc. XX totalmente destruído. A cada dia que passa, como lisboeta me dói mais ver a ignorância de quem aprova esta chacina.

Que as gerações vindouras os saibam perdoar. Eu honestamente tenho dificuldade.

Pedro Ramos e Ramos
Chegado por e-mail

25 comentários:

Anónimo disse...

este prédio do taveira é um nojo! mais um a juntar às centenas de prédios nojentos que a cml tem aprovado

Anónimo disse...

Aquele edifício pavoroso fica ali pavorosamente.

Eu até julguei que aquilo fosse da inciativa de espanhóis - pelo menos esteve lá um cartaz de uma empresa espanhola...

Glenesca disse...

É um edifício pequenino a armar ao grande - uma ridicularia e um monumento ao mau gosto.

Julio Amorim disse...

Subscrevo ! Uma galinha de ovos de ouro, era o que era a nossa cidade.

Miguel Carvalho disse...

Subscrevo na íntegra

Lesma Morta disse...

realmente o que esta cidade foi e no que se tornou. Até doeu ao ver uns estrangeiros no outro dia a fotografarem o premio Valmor sede do Metro com ar embasbacados. A pensar que já tantos foram assim e que esse poder de que o artigo fala se entreteve a destruir. Parabens pelo artigo que em tom de desabafo toca no ponto da questão.

Miguel Carvalho disse...

Eu próprio já dei por mim a fotografar prédios em cidades estrangeiras, bem menos bonitos que muitos que estão esquecidos, abandonados ou em risco de serem "upgradedados" em Lisboa.

Anónimo disse...

A questão inicial é : O que se passou nas Faculdades de Arquitectura nos anos 60, 70 e 80 ? Não houve (há) cadeiras sobre estética ?

HOMOSAPIENS disse...

Em total acordo com o Lesma Morta. Muitos dos nossos governantes, não têem cultura artistica infelizmente, mas sim a cultura da ganância.

O mais belo exemplo é a Avenida da Liberdade bem próxima do centro e o seu mau aproveitamento. E o EX-LIBRIS do mau gosto(ou um dos EX-LIBRIS do mau gosto) é aquele prédio ao lado da Praça dos Restauradores, em betão a vista, altura excessiva para o local, e os aparelhos de ar condicionado que dão um gostinho nojento ao conjunto já nojento em si próprio.

Gostaria de saber o que se encontrava naquele sítio antes daquele horror ter sido construído, e se alguém tem fotos.

Para já parece-me que alguns tempos atràs falou-se em destruír aquele monstro, mas depois nada. Sera que alguém tem informação, seria grato. Até breve.

Anónimo disse...

A responsabilidade de um dia isto suceder será dos arquitectos.

The Sunday Times August 23, 2009.

"The Prince of Wales has called for more democratic planning laws to allow the public to shape the design of new building developments.

Charles believes that residents — instead of architects and planners — should have the biggest say in the development of new communities."

"Described as “enquiry by design” (EBD), the approach allows residents to contribute directly to the masterplan of a new development. They would decide what features to include, such as parks, and even determine the style of architecture to be used for homes.
Architects and planners would be obliged to take account of these demands when refining designs. At the moment, the public is only consulted after plans have been drawn up.

Earlier this month new planning laws were introduced in Scotland which make it a statutory requirement for developers to hold design consultations with residents prior to drawing up plans for new schemes.

“We’re quite confident it avoids planning problems by getting the public involved at an early stage,” said Mackinnon.

Para ver artigo na integra:
http://entertainment.timesonline.co.uk/tol/arts_and_entertainment/visual_arts/architecture_and_design/article6806481.ece

Anónimo disse...

Estava no lugar um prédio já bastante degradado e sem especial valor, mas o que lá ficou agora é de meter medo ao susto.

Ver aqui o prédio amarelo.

http://arquivo.forum.autohoje.com/uploaded/blitz/2005782347_wLisboaSaldanha-3.jpg

Anónimo disse...

: O que se passou nas Faculdades de Arquitectura nos anos 60, 70 e 80 ? Não houve (há) cadeiras sobre estética ?

Penso que o Tomás Taveira era o regente do curso da fac de arquitectura em Lisboa.
No porto, o siza?

Anónimo disse...

Caro Pedro Ramos e Ramos

Parabens pelo artigo. É por aí mesmo. É de facto uma pena o que fizeram à cidade.

Anónimo disse...

Pessoas nojentas só podem fazer coisas que metem nojo, e infelizmente o que prolifera no país são pessoas nojentas com uma educação nojenta...
Excelente artigo.

HOMOSAPIENS disse...

Queria também dizer que estava em total acordo com o mail enviado por Pedro Ramos e Ramos.

HOMOSAPIENS disse...

Obrigado anónimo das 4:52PM pela resposta, mas não consigo encontrar essa dita foto. Fui até o sítio mas não encontro :(.

com senso disse...

Concordo em absoluto com tudo o que aqui se encontra dito.

Permito-me ainda acrescentar o seguinte:

A juntar às razões para que esta destruição metódica e sistemática aconteça, e que foram muito bem deduzidas neste texto, eu acrescento outra: A FALTA DE AMOR POR ESTA CIDADE E DE UMA VISÃO CULTA SOBRE ELA, POR PARTE DE QUEM A TEM GERIDO.

Na prática, quem manda na cidade não são os autarcas eleitos, são os técnicos que lá se encontram e que vão gerindo os seus lugares, através de uma sucessão ininterrupta de autorizações de alteração, modificações, destruições e novas construções, para que certos serviços, departamentos e direcções camarárias continuem a ter razão de subsistir, a ter um poder imenso.... Com tudo o que isso implica!

A matéria abordada neste texto é sobejamente importante, pergunto: Alguém já reparou nalguma diferença de atitude face à fisionomia da cidade, entre os sucessivos líderes camarários?

Com todos se passou o mesmo, porque na verdade quem manda verdadeiramente é uma super estrutura anónima que se vai perpetuando de mandato, para mandato. Por vezes com novas caras, mas sempre, sempre com a mesma filosofia.

Um dos problemas de base que eu encontro é o da classificação de edifícios com interesse patrimonial.

O objecto dessa classificação é bem intencionado e tem protegido alguns excelentes exemplares de arquitectura.

Contudo, o que se verifica é que todos os edifícios que não forem classificados, embora sendo da mesma época e fazendo com aqueles um conjunto harmonioso, ficam sujeitos à demolição e aos apetites vorazes dos especuladores.

Os técnicos camarários limitam-se de facto a cumprir a lei, quer dando pareceres positivos quer sobre a demolição dos edifícios antigos não classificados, quer sobre novas construções esteticamente diversificadas.

Quanto aos autarcas, esses ficam descansados, porque sendo os pareceres técnicos legais, nada mais lhes importa, já que para nenhum deles, a fisionomia da cidade é algo de relevante e o povo que representam também nada lhes exige a esse respeito.

E o certo é que como nunca ninguém pensou em criar uma regra legal que obrigasse a um determinado tipo de traça ou estilo arquitectónico para a Avenida da Liberdade, Fontes Pereira de Melo, República, etc.… A cidade, no seu eixo central, vai-se descaracterizando completamente.

Um dos meus maiores prazeres é visitar cidades da Europa Central, que foram completamente destruídas pela Guerra e ver a reconstrução de edifícios e monumentos, de forma a manter a memória histórica e a beleza dessas urbes.

Aqui, se um edifício antigo se desmorona, já ninguém espera vê-lo reconstruído... Assim como já ninguém espera a recuperação e finalização do Palácio da Ajuda…

Eu considero que seria uma obra de mérito e absolutamente necessária a demolição de novos edifícios que são autênticos mamarrachos nas principais Avenidas da cidade e em seu lugar se precedesse à construção de réplicas de edifícios que foram demolidos.

Essa seria a reparação de um crime continuado que vem sendo cometido nesta cidade! E um travão para novos disparates!

Acho inclusive que o quarteirão que neste momento se encontra completamente desocupado no local da antiga Feira Popular, deveria ser reconstruído no estilo romântico da Belle Epóque. Impossível? Não! Olhemos para Varsóvia e Dresden e digam-me se há impossibilidades materiais de concretizar este sonho! Há sim uma completa falta de vontade!

Quanto à arquitectura moderna, claro que a considero bem vinda a esta nossa bela Capital, mas há outros locais para isso! A Expo, a Alta de Lisboa, Chelas, etc., são locais onde essa arquitectura poderia deixar as suas marcas…. Da forma como as coisas actualmente são feitas, há belos objectos arquitectónicos modernos que se tornam verdadeiros abcessos no coração da cidade.

Peço desculpa, se me alonguei em demasia.

Anónimo disse...

Caro Pedro
O problema não é a aprovação, o problema é fundamentar o indeferimento.
A lei do licenciamento foi feita pelos advogados que levam sistematicamente os tecnicos municipais a tribunal, quando o fundamento é a inserção urbana.
Deixe-me que lhe diga que é um inferno aguentar sozinho em tribunal um dos grandes tubarões a perguntar se o arq. Taveira não é prof. Universitario, se não tem não sei quantos premios de arquitectura e onde esta a fundamentação de facto e direito para o indeferimento.
Estou com processos em tribunal, que vou perder, onde a demolição proposta é muito mais grave, e novamente é proposta por um grande "senhor" da arquitectura

Anónimo das 4:52 PM disse...

HS, é seleccionar o texto desde http até jpg , fazer copy e depois o paste na janelinha do browser...

Maxwell disse...

Estava a ver esta foto postada mais a cima (http://arquivo.forum.autohoje.com/uploaded/blitz/2005782347_wLisboaSaldanha-3.jpg) e dei por mim surpreso por perceber que existia uma rotunda na praça do Saldanha muito cemelhante à rotunda do Marquês e que a Av. da República já teve aqueles separadores como a Av da Liberdade--
História de Lisboa esquecida das novas gerações.

Anónimo disse...

LOBO VILLA,25-8-09

Concordo com a indignação em geral,contra a destruição do património do séc.XIX que Lisboa está a ser alvo,particularmente neste negro consulado Costa/Salgado! Até o inenarrável Santana se preocupou mais com o património de Lisboa do que esta "esquerda moderna"...!
Mas a responsabilidade final será sempre do civismo(ou não) dos Lisboetas !!!
Venham para as ruas com cartazes ! Aonde param os movimentos do tipo "Amigos de Lisboa" ?

Rui Dias disse...

Lá bem ao lado existe outros que se não nos precavemos vão ver de outra... Onde vai parar esta Lisboa?

HOMOSAPIENS disse...

Obrigado anónimo das 4:52PM.

Anónimo disse...

Atenção que a destruição do património de Lisboa, com especial incidência na Av. da Liberdade e na Av. da República não principiou com o Santana nem com o Costa. Já vem de há muitos anos a esta parte e todos, mas mesmo todos os partidos que estiveram à frente da autarquia têm culpas no cartório. Nenhum está isento de culpas.

Anónimo disse...

as avenidas novas deveriam ser classificadas como zona crítica, a ver se salva o que resta.

mas acho que preferem transformar aquilo num subúrbio.

este edifício é horroroso.

mas vá, é subjectivo. ainda assim, teria lugar num bairro como o parque das nações e não há custa dos edificios pre-existentes.

o prédio anterior estava degradado, mas esse tem sido o argumento para destruir a cidade.

em mais nenhuma cidade europeia se assiste a este nojento desrespeito pela história.

na europa, os edificios são valorizados e procurados pela história.

em lisboa, o cachet é dado a edíficios dignos de subúrbios de bagdad.

nojento!