16/06/2009

A Frente Tejo "tudo decide" com a "conivência" de Costa, acusa o PSD

In Público (16/6/2009)
Inês Boaventura

«A assembleia municipal deve aprovar hoje uma proposta condenando o projecto para o Terreiro do Paço e o "silêncio cúmplice" do presidente da câmara


A Assembleia Municipal de Lisboa deverá aprovar hoje uma proposta dos deputados do PSD condenando o projecto de remodelação do Terreiro do Paço, bem como a actuação da sociedade Frente Tejo, que o partido acusa de funcionar como "uma superestrutura que tudo pode e tudo decide sobre a cidade, à revelia dos órgãos autárquicos, mas com a complacência e conivência da Câmara Municipal de Lisboa".

Na proposta diz-se que o projecto, do arquitecto Bruno Soares, "vem criar barreiras artificiais à circulação dos peões, fragmentando a unidade da praça enquanto espaço único e amplo", pelo que terá um "impacto negativo" numa praça que "há mais de dez anos, por força da incúria de diversos responsáveis governamentais e autárquicos do Partido Socialista, vem estando vedada aos lisboetas, com obras sucessivas, desarticuladas e descoordenadas".
O presidente da bancada do PSD diz que se trata de um processo "cheio de zonas cinzentas", que levanta "questões de natureza jurídica, política e urbanística". Saldanha Serra considera ainda "preocupante" o "cavalgar da sociedade Frente Tejo sobre a cidade de Lisboa" e lamenta o "silêncio cúmplice" do presidente da câmara.
Na proposta que deverá ser votada hoje, os deputados sociais-democratas, que estão em maioria na assembleia municipal, lembram a proximidade das eleições autárquicas, facto que em seu entender devia levar António Costa a ter "maior prudência", "abstendo-se de forçar a aprovação de medidas que não reúnam consenso alargado". "Não se pode permitir que se vá condicionar desta maneira a cidade e o futuro executivo", conclui Saldanha Serra, que recusa aceitar que o projecto de Bruno Soares avance "nas costas dos lisboetas, sem que o órgão fiscalizador da actividade municipal se pronuncie".
Em declarações anteriores, a presidente da assembleia municipal tinha dito que este órgão iria apreciar e debater o estudo prévio já aprovado pela Câmara de Lisboa, apesar de não ter sido chamada por António Costa a fazê-lo, por entender que "a configuração da principal praça do país e das zonas adjacentes não é matéria que lhe possa ser subtraída". Na ocasião, Paula Teixeira da Cruz defendeu que a remodelação do Terreiro do Paço viola a lei, por não ter sido precedida de um plano de pormenor ou de urbanização. Alguns dos contestatários alegam que a obra carece de licenciamento pela câmara e não apenas de um parecer favorável. É isto que invocam o vereador Carmona Rodrigues - ausente da reunião camarária durante a votação do estudo prévio (e cujo voto desfavorável teria levado ao seu chumbo) - e o Automóvel Club de Portugal, que interpôs uma providência cautelar para travar o processo.
O PSD, que há duas semanas chumbou o regulamento para a atribuição dos ateliers, quer que a Câmara de Lisboa apresente uma nova proposta, que incorpore um conjunto de sugestões dos deputados sociais-democratas. O recurso ao comodato em vez do contrato de arrendamento, a fixação dos critérios de atribuição no regulamento, a definição das situações que determinam a desocupação do imóvel e a possibilidade de os artistas já instalados poderem continuar a usufruir dos ateliers são algumas das reivindicações. Na moção, o PSD acusa a autarquia de se ter mostrado "inflexível e indisponível para procurar e obter consensos, parecendo mesmo que não quer ver devidamente regulamentada esta matéria". Em declarações anteriores, António Costa considerou "lamentável" o chumbo do regulamento e disse ter a "esperança que dentro de meses haja outra assembleia", que aprove o documento. »

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu gosto, no projecto do sr. Bruno Soares, daquele caminho que do arco da R. Augusta pretende levar directamente ao rio Tejo. Só acho que lhe falta na extremidade uma prancha de saltos para a água agora despoluída do rio.