09/03/2009

Funcionários do IGESPAR alertam para as “demolições forçadas” no local do novo Museu dos Coches

In Público (9/3/2009)
Alexandra Prado Coelho

«Os funcionários dos Serviços de Arqueologia do IGESPAR manifestam a sua indignação pela entrada de maquinaria pesada no local onde trabalham e alertam para os riscos para pessoas e património que as “demolições forçadas” podem causar. As máquinas entraram durante o fim-de-semana nas antigas instalações militares na Avenida da Índia para dar início às obras no local onde será construído o novo Museu dos Coches, projecto do arquitecto brasileiro Paulo Mendes da Rocha.

“Não há condições para continuarmos a trabalhar aqui”, disse ao PÚBLICO uma das arqueólogas. “Iniciaram-se os trabalhos e há grandes camiões e máquinas que podem prejudicar o património aqui guardado, sobretudo a zona da arqueologia subaquática”.

Numa nota de imprensa, em que lembram que “o impasse [sobre o destino dos serviços que estão nestas instalações] dura há cerca de um ano”, os funcionários sublinham que têm trabalhado “em condições de desgaste e incerteza permanentes” e denunciam “o claro conflito de interesses” entre os Ministérios da Defesa, da Economia e da Cultura.

A transferência dos serviços de arqueologia – parte dos quais deverão ir para o Palácio da Ajuda, e outra parte para o edifício da Cordoaria, também na Avenida da Índia – é da responsabilidade do Ministério da Cultura. Mas o projecto do novo Museu dos Coches foi lançado pelo Ministério da Economia.

Na nota de imprensa, os arqueólogos dizem ainda que o incumprimento das convenções internacionais para a salvaguarda do património arqueológico nacional “poderá, em última instância, originar uma queixa-crime contra o Estado Português junto da Comunidade Europeia”. O texto é assinado por “todos os funcionários do IGESPAR ‘sitiados’ na Avenida da Índia”. Contactado pelo PÚBLICO, o Ministério da Cultura disse estar a acompanhar a situação e prometeu uma reacção para mais tarde»

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Já toda a gente percebeu que o novo museu dos coches não é preciso para nada, é uma obra de regime, motivada sabe-se lá porquê. Já toda a gente percebeu que as coisas estão tremidas e que os interesse(iro)s começam a enervar-se. Já toda a gente percebeu que o MC não existe, e que o projecto não é dele.

Ainda ninguém percebeu quem ganha com o novo museu dos coches. Por que razão o mesmo assunto volta de tempos a tempos. Muito menos se percebeu sequer o modo como o projectista o foi. Há muito para explicar nesta novela que nos querem impingir como facto consumado.

Onde pára o jornalismo de investigação?

7 comentários:

Anónimo disse...

Jornalismo de investigação em Portugal só existe para adubar escândalos políticos e sociais, por jornalistas, que na maioria dos casos querem apenas protagonismo... a cultura continua a ser vista como algo que não dá dinheiro nem votos!

Portugal, infelizmente, é assim...

Anónimo disse...

“Não há condições para continuarmos a trabalhar aqui”, disse ao PÚBLICO uma das arqueólogas. “Iniciaram-se os trabalhos e há grandes camiões e máquinas que podem prejudicar o património aqui guardado, sobretudo a zona da arqueologia subaquática”.
E ninguem faz nada? País de bananas é no que isto se transformou.

Anónimo disse...

Onde pára a polícia?

Anónimo disse...

Sob este aspecto (e muitos outros) os sucessivos governos têm-se comportado como "elefantes em loja de loiça".
Cobardemente, quando descobertos, atiram as culpas para cima dos funcionários em campanhas orquestradas.
Porém o que se vê e tem visto em muitos casos, é que são estes funcionários os únicos defensores do interesse público.
Por isso louvemos os funcionários públicos e abaixo as ovelhas ranhosas colocadas na função pública pelos governos.

Anónimo disse...

Governos esses colocados pelos eleitores!

Anónimo disse...

Já ninguém tinha dúvidas que pertenciamos ao terceiro mundo. Mas não esperavamos ver, de forma tão descarada, atropelar a legislação e tudo o que são as boas práticas, para transferir obras de arte e conspurcar património.
Isto é apenas digno de criaturas desprovidas de pudor e príncipios civilizacionais, característicos de regimes do tipo feudal, ditaduriais.
Que te aconteceu Portugal? Porque te deixamos chegar a isto...
Os nossos governantes estão a perder o norte!
O povo vai esperar que seja tarde para se impôr!
Claro, isto no fim vai acabar mal...
E então, o julgamento e castigo dos ditadores que corroboram este crime, não nos vai devolver o nosso museu dos coches.
Este devia estar já classificado como património mundial, tal o seu carisma, conforme tem sido demonstrado pelos comentários de pessoas de todo o mundo, na petição que decorre em defesa do mesmo.
Agora compreendemos também a manipulação da RTP2, ontem no noticiário, ao pugnar pelos interesses instalados, para “apressar as obras”.
QUAL A VANTAGEM EM DESTRUIR ESTE DIAMANTE DO NOSSO PATRIMÓNIO?
Quem vai ganhar com isso?
Tirar os coches deste edifício para os colocar num “prédio” novo, é como colocar um penteado do sec. XIX, numa mulher moderna...
Tudo isto para fazer valer uma decisão de regime, de alguém mal aconselhado, que não dá valor às demostrações evidentes de qualidade e comunhão do povo, pois visita mais este museu que qualquer outro.
O povo está a passar fome. As empresas estão a fechar. Não há emprego.
E estes senhores vão gastar balúrdios do dinheiro recolhido ao povo, pelos impostos que paga, para se pavonearem no “SEU” novo “prédio”... que “ELES” vão construir... e em futuros almoços de estado, no belo edifício do actual museu...
Museu que O POVO GOSTA DE VISITAR CONFORME ESTÁ.
Haja decência...
http://www.gopetition.com/petitions/salvem-o-museu-dos-coches.html

Anónimo disse...

É preciso parar o vandalismo de estado! E não podemos protestar só em Portugal, que a nossa elite é bárbara e está acomodada. Queixemo-nos em Nova Iorque ou em Paris, solicitemos o apoio dos estrangeiros que amam o nosso património. Apresentemos queixa à UNESCO e à ONU. Quando os Talibans destruiam os Budas, o mundo indignou-se. Pois o que se está a passar em Lisboa é semelhante, ou ainda mais grave.