06/03/2009

Fado dos contentores


Já ninguém parte do Tejo
Para dobrar bojadores
Agora olho e só vejo
Contentores contentores.

E do Martinho Pessoa
Já não veria o vapor
Veria a sua Lisboa
Fechada num contentor.

Por mais que busques defronte
Nem ilhas praias ou flores
Não há mar nem horizonte
Só contentores contentores.

Lisboa não tem paisagem
Já não há navegadores
Nem sol nem sul nem viagem
Só contentores contentores.

Entre o passado e o futuro
Em Lisboa de mil cores
O sonho bate num muro
De contentores contentores.

Por isso vamos cantar
O fado das nossas dores
E com ele derrubar
O muro dos contentores.

Manuel Alegre



Agora falta a música. Mas o Carlos do Carmo já está a resolver essa parte. Depois fica a faltar "derrubar o muro dos contentores"...


António Prôa

5 comentários:

Anónimo disse...

poema do pior...

para quem goste de musica de intervenção...

Marta disse...

Os portos não são sítios atractivos. São zonas técnicas sem "glamour" nenhum. Agora o problema não estará apenas na sua aparente má imagem "urbana". Pior será a barreira gerada por estes sítios técnicos de vital importância para um país como o nosso.
Como fazer para que estes em conjunto com a linha férrea, "auto-estrada" ribeirinha e armazéns de frequência pouco recomendável se tornem sítios menos inóspitos à população lisboeta e visitante?
Deslocar para outro sítio a atracagem dos navios de cargas e descargas?
Sejamos francos a existência de um Porto que não de recreio e mais virado para transporte de cargas dificilmente poderá ser conciliado com a possibilidade de utilização do mesmo como zona de recreio. Porque existe a perigosa manobragem de máquinas, gruas, camiões tir, entre outras, que não liberta muito facilmente o espaço para a criação de um passeio junto ao rio com esplanadas e afins.
Dever-se-á estudar uma estratégia a nível territorial, que penso já ter sido estudada pela PROTAML (ou coisa semelhante) onde se fala do desvio de cargas de maior importância para outros portos, como o de Sines.
Acho que embora não sendo possível a convivência pacífica de duas realidades na frente-ribeirinha de "trabalhos pesados" (cargas e descargas de mercadorias de "peso", daí a imagem dos contentores) penso que estudanto bem a zona a desafectar deveria ser uma faixa imediatamente depois desta de chegada de mercadorias, com acesso franco, mas estratégico à frente-ribeirinha. Porque, francamente a zona é desagradável com os ventos e cheiros de esgotos. E para acedermos à imagem do rio não temos de "fazer um calçadão para bebermos umas águas de coco e umas imperiais". A cultura é outra, o clima é outro.
A situação deveria ser bem estudada e numa estratégia territorial. Porque não acredito que ali se deveria fazer um passeio igual ao da Expo, nem um igual ao de Belém. Mas a descontinuidade é de facto estúpida. Mas até acho que o problema está na linha de comboio e nas autoestradas que se encontram depois da faixa portuária. Ninguém, atravessa uma auto-estrada com 3 faixas num sentido e depois com separador central e depois outras 3 faixas no sentido oposto. Mesmo que saibamos da existência de passadeiras e de radares. A DESCONTINUIDADE É TRANSVERSAL, é na perpendicular neste caso não é ao longo do rio. As pessoas Vêm na perpendicular do cais-do-sodré, da baixa, de santos, de Alcântara, do braço de prata, etc. Acho que ainda não pensaram nisso. Senão ninguém falava dos coitados dos contentores. O problema é o atravessamento perpendicular ao rio. Vejam o exemplo da baixa, os atravessamentos para o rio são na perpendicular. Lógica da batata!

Marta Sousa Freitas

Paulo Ferrero disse...

Isto não vai lá com fados. O pior é que a APL/Lisont já demoliu um edifício da Doca do Hespanhol e a coisa vai continuar. A 'Lisboa e Tejo e Tudo' deve meter essa gente toda em tribunal, JÁ.

Anónimo disse...

Quando o tribunal der as decisões já tudo foi demolido!

Álvaro disse...

Apresento uma alternativa à extensão do porto de Lisboa que eventualmente lhes interessará.
Poderão ver e comentar em:
aleddd.blogspot.com