28/03/2008

Debates públicos sobre o Parque Mayer arrancam na próxima quinta-feira

In Público (28/3/2008)

«É quinta-feira o primeiro debate público sobre as propostas de requalificação do Parque Mayer, em Lisboa. A iniciativa da autarquia, a primeira de um ciclo de eventos que visa incentivar os cidadãos a participar na construção do futuro daquele espaço emblemático da cidade, terá lugar nos Museus da Politécnica, no Rato.
A discussão contará com os cinco vencedores do concurso de ideias lançado pela Câmara de Lisboa, que apresentarão ao público as suas ideias para o Parque Mayer antes do debate.
Os projectos seleccionados não são, contudo, definitivos. As cinco equipas terão até Julho para aperfeiçoar e adequar as soluções apresentadas às condições que a autarquia prevê estabelecer em Maio. Delas sairá um plano, esse sim que será submetido à apreciação da autarquia em Agosto e que poderá vir a ser concretizado, estando o início das obras previsto para o final de 2009.
O mais pontuado no concurso de ideias, cujos resultados foram conhecidos no passado dia 3, foi o projecto do gabinete de arquitectos Aires Mateus & Associados, que aposta em estender o Jardim Botânico para o Parque Mayer, prevendo "rasgar o espaço público, com praças e ruas" para ligar os vários pontos da cidade. Com uma área de construção de 25 mil metros quadrados, a solução inclui bibliotecas e livrarias especializadas em artes plásticas, audiovisuais e cénicas, residências para artistas, espaços de exposição e escolas alternativas.
As restantes propostas vencedoras foram apresentadas pelos gabinetes Nuno Mateus ARX Portugal, Vão Arquitectos Associados, Souto Moura Arquitectos e pela equipa de Gonçalo Byrne. PÚBLICO/Lusa»

À primeira vista, os debates são muito interessantes, as pessoas falam, falam, falam, gera-se factos políticos, os media dão notícia, mas a coisa não descola. Por isso, nesta altura do campeonato, como agora se diz, já toda a gente está farta de debates e mais debates. Ainda por cima sabendo que o imbróglio jurídico que a própria CML, afinal de contas, acabou por fazer, passou tudo à estaca zero. Já chega! Que se avance! E que se comece, já, pelo Capitólio, S.F.F.

1 comentário:

Miguel Drummond de Castro disse...

Não é preciso ser sexólogo para perceber que os eventuais corredores ou em arquitectês "percursos pedonais" previstos pelos Mateus brothers- arquitectos que não sabem fazer escadas - vão ligar a zona da Escola Politécnica - de maioria do sexo infértil ou terceiro - à zona do Parque Mayer de sexo mercenário, onde se exerce a mais antiga profissão do mundo.

Lisboa tem as suas zonas de oferta sexual bem definidas. Estas são duas delas. Mais longe na Conde Redondo e arredores os travestis oferecem os seus serviços, enquanto o Parque Eduardo VII atrai os pedófilos, embora tenha outra polivalência e consequente oferta variada.

Ora o que vai acontecer se os inefáveis Mateus (que nunca é demais dizer não sabem construir sequer uma escada - e tiveram um prémio dos maiores em arquitectura atribuído por júri de arquitectos ao Centro de Artes de Sines, onde estão essas nefandas escadas!) avançarem com os seus "percursos pedonais, e criação de pequenas praças no Jardim Botânico?


Primeiro o Jardim Botânico vai à vida. É o assassínio premeditado, e em primeiro grau, das intenções e objectivos daquele espaço.

Depois haverá uma capilaridade entre a zona pink e a zona tradicional de trabalhadores sexuais (mais trabalhadoras) sexuais hetero do lado da Avenida.

Ninguém imagina que os teatros funcionem de dia. O Parque Mayer funcionará sobretudo de noite, como é sobretudo de noite que funcionam os referidos territórios de busca de serviços sexuais diferenciados.

Dada a agitação, a adrenalina, a ansiedade e a confusão - e luta não pacífica muitas vezes - que inclui a escolha de um parceiro/a nem que seja por um par de horas ou mero quarto de hora qualquer pessoa por mais Candide que seja não pode deixar de perceber como nas moitas e recantos mais ao escuro, vão ferver casos de todo o tipo.

O destino daquela zona não podia ser mais claro. Só um cego não o vê. Infelizmente há muitos com poder de decisão.

A capilaridade entre as duas zonas não se fará sem uma feroz disputa territorial, palmo a palmo, daqueles terrenos. Os chulos existem mesmo, e controlam especificamente territórios. Haverá uma luta de poder entre os chulos pink e os hard-clássicos de baixo.

A tensão que existe sempre nestas zonas de procura de um parceiro(a) eventual é mais do que evidente. O Jardim terá pois que ser iluminado em permanência, além de policiado e fortemente.

A menos que os irmãos Mateus lancem um spray paralizante sexual nas entradas de cima e nas de baixo, e decretem o sexo dos anjos no espaço do Jardim não é preciso ser profeta para visualizar o futuro cenário daquela zona. O jardim completamente devassado por incursões nocturnas (pode-se sempre fintar a polícia e a vigilância) e eduardosetimizado.

Não é de prever que sirva de dormitório a sem abrigos com os seus caixotes de papelão, sacos plásticos e parafrenália como acontece em tantos outros jardins transformados em montras de Lisboa, a miserável.

Mas haverá seringas, preservativos, confusão sem fim e adeus aos espécimes que estavam lá sem fazer mal a ninguém há dezenas e dezenas de anos.

Será uma espécie de doca no interior com verde (ao princípio, porque desaparecerá) cheia de beatas - porque agora se fuma mais ao ar livre.

O verde desaparecerá porque a pressão humana será excessiva. Um jardim não é uma praça, não pode, sob pena de definhar rapidamente, ter hiperacessos a um número excessivo de pessoas, como será o caso. A Alexandra Prado Coelho com os seus sonhos de descer contentinha, entre árvores, da Politécnica para o Parque Mayer deve estar em Bollywood, numa devaneio de o Navio do Amor, ou coisa no género.

Se por um lado a guetização das diferentes orientações sexuais é má, a verdade é que ela é um facto em todas as cidades do mundo. Mas a abertura de fortes capilaridades entre ghettos como se viu em Nova Iorque, Berlim, Bangkok etc. - o mesmo é dizer a anulação de fronteiras entre zonas definidas nunca se tem passado sem um ror de problemas praticamente insanáveis. No fundo, haverá aqui uma luta territorial tipo palestina, em nome dos respectivos credos sexuais. E não me venham com a treta da tolerância. Nunca houve pombas de paz nas zonas de engate.

E o que se fará é alargá-las. Só um ingénuo total, sem o mínimo de noções sobre a fauna e flora alfacinha diurna e nocturna, literalmente e em todos os sentidos, é que não vê o óbvio destino que terá o Jardim Botãnico, caso a anti-científica e anti-social proposta de o "rasgar" em percursos (por incompetentes en ergonomia) vá para a frente.