16/11/2007

Fecho da CRIL é adjudicado hoje

In Jornal de Notícias (16/11/2007)
Gina Pereira

«Alfornelos Via vai passar à superfície, nas traseiras dos prédios, e vai obrigar à demolição de vários edifícios

O primeiro-ministro e o ministro das Obras Públicas presidem, hoje de manhã cedo, na Agência Portuguesa do Ambiente, em Alfragide, à adjudicação da obra de construção do último troço da Circular Regional Interna de Lisboa (CRIL). Uma via projectada há quase 40 anos e que só vai ficar concluída 13 anos depois do primeiro projecto, mas ainda sem o consenso dos moradores das zonas que atravessa.

Segundo o Governo, a obra, orçada em 111,6 milhões de euros, vai estar no terreno no primeiro trimestre do próximo ano e fica pronta em meados de 2009. Em causa está um pequeno troço de 4,4 quilómetros - que ligará o nó da Buraca ao nó da Pontinha - que o Governo considera de "extrema importância na melhoria das actuais condições de circulação e de mobilidade rodoviária na Área Metropolitana de Lisboa".

A conclusão da CRIL, assegura o Executivo, vai contribuir para o "descongestionamento de importantes artérias da cidade e para a redução do elevado número de acidentes", permitindo que cerca de 100 mil veículos por dia passem a circular nesta região sem entrar em zonas residenciais.

A muito congestionada Segunda Circular, em Lisboa, deverá ser uma das principais vias beneficiadas com esta obra. O Governo calcula que, com a conclusão da CRIL, cerca de 43 mil veículos por dia deixem de circular na 2ª Circular (o equivalente a 27% do tráfego que a atravessa diariamente), mas também a CREL e a Calçada de Carriche deverão ser beneficiadas.

As obras - a serem levadas a cabo pela Bento Pedroço Construções, SA, uma empresa portuguesa associada da brasileira Odebrecht - têm um prazo de execução de 700 dias. E incluem dois troços o lanço do IC17 entre o nó da Buraca e o nó da Pontinha - numa extensão de 3,6 quilómetros - e o lanço do IC16, entre o nó da Pontinha e a rotunda de Benfica, com cerca de 770 metros.

Por se tratar de uma zona fortemente urbanizada - a via passa por três concelhos e atravessa os bairros de Santa Cruz de Benfica, Pedralvas e Alfornelos -, a obra vai implicar a demolição de casas e de prédios inteiros. O Ministério das Obras Públicas estima que serão gastos cerca de 60 milhões de euros em expropriações e indemnizações, um processo ainda não concluído.

Quem não se conforma com o traçado da via são os moradores afectados, que há anos contestam esta opção e avançaram com duas providências cautelares para travar a obra em tribunal, ambas já rejeitadas.

Ao JN, Paulo Ferreira, dirigente da Associação Cívica de Moradores de Alfornelos, manifestou "estranheza" pelo facto de o Tribunal Administrativo e Fiscal de Sintra ter demorado dez meses e oito dias a decidir a providência, e assinalando a "coincidência" de a decisão judicial ter sido conhecida no dia em que o ministro Mário Lino anunciou que iria assinar o contrato de concessão.

O dirigente da associação garante que vão recorrer para as instâncias superiores e que irão "até onde for possível" para contestar um traçado que, em seu entender, "vai ser gravoso para dezenas de milhar de pessoas". "A zona de Alfornelos vai ser imprópria para viver", vaticina, defendendo que o bairro vai ficar "cercado por três auto-estradas, onde vão passar 200 mil automóveis por dia". "O inferno que vai ser em termos de ruído e poluição", aponta.

Confrontada com estas acusações, fonte oficial do Ministério das Obras Públicas garantiu que foram tomadas medidas minimizadoras e lembrou que 65% do total do troço é em túnel. "A estrada tem de ser feita. Haverá sempre gente a protestar", desabafou.»

2 comentários:

Anónimo disse...

A obra é por demais necessária e já a ela me tenho referido em comentários a propósito de outros assuntos, já está atrasada em cerca de 20 anos, porém, como é normal há sempre algumas pessoas prejudicadas, que deverão ser ovbiamente compensadas. Só espero é que não venham a ser casos para se eternizarem nos tribunais por mais vinte ou trinta anos

Anónimo disse...

Com a conclusão do Eixo Norte-sul, que nos convenceram que retirava grande percentagem de tráfego da Segunda Circular, e agora com o fecho da CRIL a desviar 100000 veículos por dia dessa mesma Segunda circular, é de prever que esta vai ficar vazia, passará lá um carro por hora e só se fôr enganado. Realmete a areia para os nosso olhos é mesmo grossa...