19/04/2007

O Caminho do Oriente


Na antecipação da Expo 98 foi feito algum investimento no denominado Caminho do Oriente. Esta terra de ninguém composta de velhos casarios serpenteando as antigas quintas dos arrabaldes de Lisboa, resistindo às instalações já decadentes da velha industrialização e da ocupação massiva do Porto de Lisboa, há muito que permanecia esquecida dos Lisboetas.
Acaso dos acasos, uma vez que se situa entre o centro da cidade e o Parque das Nações foi alvo de algumas beneficiações, entre elas, a recuperação da Avenida Infante D. Henrique e a pintura de edifícios ao longo da sucessão de ruas antigas paralelas àquela avenida.
No entanto, perderam-se grandes oportunidades na recuperação e potenciação desta zona.
Como sempre, e à semelhança de outras intervenções em outras zonas da cidade, a recuperação do edificado limitou-se à pintura de fachadas, pelo que, neste momento, temos alguns lindos prédios, mas desabitados e a ruir.
Acresce que a recuperação da Avenida Infante D. Henrique transformou-a numa via rápida, sem ligações intermédias ao resto da cidade, isolando os muito interessantes cascos antigos de todos os bairros daquela zona (Xabregas,Beato,Poço do Bispo) do rio, impedindo a sua renovação e aproveitamento de potencialidades, além de que, preversamente, permitir uma nova e sem precendentes expansão do porto de Lisboa que ocupa, literalmente, toda a faixa ribeirinha assinalada.
A recuperação da sucessão de ruas antigas que faziam a antiga ligação entre a Baixa e os Olivais cometeu outro grande erro: eliminou a antiga linha de electrico ali existente, que chegou a servir os operários das antigas instalações industriais existentes.
Assim, perde-se a oportunidade de servir turisticamente e em favor da população a frente ribeirinha de Alfama, Santa Aoplónia, o museu do azuleijo, o convento do Beato, entre outros, até ao Parque das Nações.
Até existe um canal já construido, junto da linha ferroviária que serve o porto de Lisboa, que poderia ser aproveitado para uma linha de eléctrico rapido, num aproveitamento semelhante ao feito ao longo da Avenida 24 de Julho.
É uma das zonas com maiores potencialidades de Lisboa, que poderia combinar bairros históricos quase desconhecidos, com espaços de instalações industriais devolutas, para habitação de qualidade, que impeça o crescimento dos bairros sociais mais a norte.
Acresce que o grande número de armazéns e de antigas instalações industriais de interesse aquitectónico poderiam ser aproveitados e recuperados para ateliers, espaços de diversão ou mesmo habitação ao invés de serem destruídos, o que poderia gerar uma verdadeira recuperação da memória industrial de lisboa.
E aproveitar essa dinâmica para poder libertar os imensos espaços junto ao rio que o Porto de Lisboa mantém vazios ou ocupados com sucata e barcos podres, ou para mero depósito de contentores enferrujados. Os exemplos do Jardim do Tabaco (mesmo, mesmo no centro da cidade), da plataforma de Xabregas ou da doca do Poço do Bispo são a vergonha da cidade.
E hoje, com a chegada do Metro a Santa Apolónia, mais premente se torna a continuação do transporte público a partir dessa localização para uma das zonas mais esquecidas da cidade.

Não seria necessário um investimento muito pesado para finalmente transformar a zona num passeio de descobertas entre a Baixa e o Parque das Nações, com benefícios bastante abrangentes.

Necessário é planear e ser arrojado e começar por qualquer coisa

1 comentário:

Anónimo disse...

vamos dar a oportunidade ao Professor Carmona para encher os bolsos com mais uns promotores imobiliários...ele não dorme