29/01/2007

"Amor" no Convento dos Inglesinhos


Para quem se tem perguntado "como estará o Convento dos Inglesinhos" aqui vai uma foto recente do local da antiga cerca conventual. Como se pode constatar, ainda não se parou de escavar! O que vai surgir naquele enorme buraco? O que vai substituir as árvores e os vestigíos arqueológicos que habitaram o lugar durante séculos? Espaçosas garagens (em caves 100% betão armado e 100% impermeáveis) para estacionar veículos automóveis de topo de gama (e vários "todo o terreno" concerteza). Porque os novos residentes do "Convento dos Inglesinhos" não vão prescindir da sua viatura individual. Ou de qualquer outro desejo individual qualquer que seja o custo para o resto da sociedade.

Mas aqueles que defendem uma cidade mais ecológica (sem mais impermeabilização de solos) e mais histórica (sem projectos destruidores da herança patrimonial da cidade) é que são sempre acusados de egoísmo, de loucura até. "Para Quem Ama Lisboa" é o slogan utilizado pela Amorim Imobiliária para anunciar os 30 apartamentos de luxo. Este enorme buraco deve ser talvez uma prova desse tipo de amor pela cidade. É a vitória do indivíduo endinheirado sobre a cidadania. É o "T4 com duas garagens" acima da identidade patrimonial do Bairro Alto. É o "condominium de luxo" instantâneo a negar o processo contínuo e orgânico das relações de vizinhança.
Nós, "Quem Não Ama Lisboa", é que terá de prescindir de uma parte do património classificado da cidade.

Em Londres já existe uma lei que oferece incentivos fiscais aos empreendimentos imobiliários que optem por não construir garagens... será preciso explicar o porquê desta lei? Entretanto, Lisboa, de olhos vendados, continua a escavar garagens e túneis por todo o seu corpo antigo.

3 comentários:

Anónimo disse...

A Amorim Imobiliária dedica-se a
negócios, nem mais, nem menos. Os culpados (pagos por todos nós),
que possibilitaram este atentado, encontram-se no IPPAR, CML, etc.
É essa gente que urge desmascarar, e correr para a rua.

JA

Anónimo disse...

Deveria ser absolutamente proibido construir condominiuns em zonas históricas como o Bairro Alto. E devia ser também proibida a construção de garagens no subsolo dos bairros históricos precisamente para evitar a destruição das camadas arqueológicas da cidade. É urgente fazer o debate deste assunto durante a revisão do PDM.

Anónimo disse...

Eu proponho uma petição para mudar a lei.
Primeiro, uma portaria que permita zelar pela auto-destruição e identidade degradacional do património orgânico do Bairro Alto.
Segundo, um decreto que obrigue a estacionar o automóvel em Espanha para não impermeabilizar o solo onde se deslocam os lisboetas que promovem a cidadania e também os outros que apesar de tudo até são boas pessoas.
Por último, uma norma que obrigue os promotores imobiliários e construtoras a manter o que resta do património de Lisboa às suas próprias custas e de forma a evitar qualquer tipo de lucro ou contacto com alguma forma de produção de riqueza tão nocíva e delapidadora do subsolo nacional.