18/12/2006

Nem de propósito ...

"Um simples pinheiro na Praça do Comércio?
In Público (18/12/2006)

"Sinto indignação por ver o apoio que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) oferece ao monstro de ferro e electricidade que um banco resolveu erguer na Praça do Comércio. O banco diz que é uma "árvore de natal" e a CML bate palmas. O banco afirma que é a maior da Europa", e a CML bate palmas. Será que no presente executivo da CML ninguém consegue ver o que aquilo realmente é? O vereador do Ambiente e Espaço Público, senhor António Proa, foi consultado? Se sim, emitiu parecer favorável?

Na minha opinião, de simples cidadã de Lisboa que trabalhou 36 anos na Praça do Comércio, aquilo é apenas um monumento ao atraso de Lisboa. É em Lisboa
que se ergue a "maior árvore de natal da Europa" porque só uma capital ainda ignorante pode ainda produzir e aceitar como bonito uma coisa que no resto da Europa seria inaceitável. Aquilo não é bonito simplesmente porque é mau para o ambiente. Só um ignorante não tem consciência das toneladas de gases [com efeito] de estufa que aquele monstro emite para a atmosfera. E fazê-lo logo ali no coração da Baixa pombalina, cheia de problemas de poluição automóvel, só pode provocar indignação nos cidadãos responsáveis.

Se o banco quer de facto oferecer uma árvore de Natal aos lisboetas então que siga o exemplo das outras capitais da Europa onde a questão não chega ao prosaico do "quem tem a maior". Porque não oferece o banco uma genuína árvore de Natal a Lisboa? Não merecemos ter um pinheiro verdadeiro? Por favor, não vamos mentir e chamar árvore de Natal a um cone gigantesco feito de ferro e luzes! Sejamos honestos pelo menos no Natal.

Senhor presidente [da câmara], peço-lhe que não repita outra vez este "erro de Natal" no próximo ano. Seria uma vergonha não só para Lisboa como também para Portugal ver aquele monstro poluidor a manchar a capital que vai receber a Presidência Portuguesa da União Europeia. Peça simplesmente ao banco para procurar uma bonita árvore verdadeira. Como se vê em Londres ou Nova Iorque. Afinal, todos já devíamos saber que não é o tamanho que interessa mas sim a qualidade. E todos teremos que concordar que não existe nada mais comovente do que um verdadeiro pinheiro de Natal.
Lucinda Augusta Silva
Lisboa
"

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