16/11/2006

Lisboa vai investir no cinema São Jorge e no Parque Mayer

In Público (16/11/2006)
Diana Ralha

"Ambos os espaços aguardam por obras profundas de requalificação, mas vereador da Cultura quer criar uma corrente em torno dos equipamentos
Dinamizar o cinema São Jorge e avançar em força com a reabilitação do Palácio de Santa Catarina, para que a colecção Capelo do Museu do Design - que foi "despejada" do Centro Cultural de Belém - reabra a público, sem atrasos, no início de 2008, são as principais prioridades de José Amaral Lopes, vereador da Cultura na autarquia lisboeta, para o próximo ano. Com menos dotação orçamental, e lamentando que as contrapartidas do Casino Lisboa ainda não tenham sido transferidas para a autarquia, por falta de regulamentação, Amaral Lopes garantiu ao PÚBLICO que não vai ficar parado e apostará em parcerias com privados e com candidaturas a programas comunitários. Apesar de saber que o cinema São Jorge vai ter que fechar cerca de um ano para reabilitação, paragem que estima para 2008, Amaral Lopes quer desde já colocar o cinema no mapa da oferta cultural de Lisboa. "Para criar uma corrente", explica.

Tem a mesma intenção para o Parque Mayer, que espera reabilitação pelas mãos do arquitecto Frank Ghery. Enquanto o estaleiro não estiver montado, o Parque Mayer vai dar à cidade uma espécie de "cheirinho" daquilo que a autarquia pretende no futuro para aquele espaço. Amaral Lopes considera que o cinema São Jorge "é necessário para a cidade": "Optámos por fazer algumas obras para o reabrir o mais rapidamente", nomeadamente, o reforço do palco da sala superior e a alteração do telhado.
A autarquia vai abrir, durante 2007, os concursos públicos para a reabilitação do cinema da Avenida da Liberdade. "O São Jorge precisa de ser esventrado e terá que fechar por um ano", adiantou. Isto para criar duas salas - a maior, de 850 lugares, onde poderá actuar uma orquestra, apesar de o cinema ser a sua vocação; e outra, com capacidade para 700 pessoas, com um palco multifacetado, que poderá receber cinema, música, teatro e dança. O espaço vai ser palco de festas de Natal, estando agendados dois concertos, com Nuno Guerreiro e uma soprano americana, acompanhados por orquestra.

No Parque Mayer, o teatro Variedades vai ser cedido à Utopia, produtora ligada à música, teatro, cinema e moda. A Utopia vai investir naquilo que actualmente é "um barracão cheio de ratos, gatos e pombos", segundo Amaral Lopes, meio milhão de euros nos próximos três anos, enquanto o projecto de reabilitação não arranca. O Variedades tem abertura prevista para Janeiro, com oferta de restauração.
A câmara manteve a intenção de ceder à gerência do BLeza o teatro ABC, no Parque Mayer, mas a discoteca recusou, "porque o investimento era muito avultado para uma situação que é provisória", disse Amaral Lopes. Porém, e em parceria com o vereador Fontão de Carvalho, está a procurar-se uma alternativa. "Uma das possíveis localizações do novo BLeza é na Calçada do Marquês de Abrantes, junto à Av. 24 de Julho"
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Comentários:

1. Esventrar-se o São Jorge é acabar-se com ele!

Duas salas? Não inventem mais, S.F.F. Do que o São Jorge precisa é de ser novamente UMA única sala. E aí, até já podem fazer a féerie à INATEL, que se prevê no horizonte. Pergunto-me, para que ainda houve quem se tivesse dado ao luxo de fazer equipamentos como o São Jorge, Odéon, Tivoli, São Luís, Dona Maria, São Carlos ou Trindade ... esta cidade, definitivamente, não os merece! O que está a dar é, por incrível que pareça, o Maria Matos.

2. Insistir-se no aproveitamente do Variedades e do ABC é tentar adiar o inadiável!
Em todo o Parque Mayer só há duas coisas que importa recuperar e reutilizar: o Capitólio e os torreões da entrada do parque. Tudo o mais, venho o primeiro bulldozer.

PF

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