24/10/2006

Carmona preside a Lisboa há dois anos e meio

In Público (24/10/2006)

"Na televisão portuguesa tem-se falado muito sobre o ano de mandato de Carmona Rodrigues à frente do destino de Lisboa. Na verdade, o professor (porque é doutor assim, em extenso) refere-se à dívida do passado, à herança pesada que Carmona herdou empurrando para Santana Lopes uma gestão promíscua dos dinheiros dos contribuintes.
Esquecem-se os jornalistas, ajudando também o público que os ouve a esquecer, e parece que o próprio presidente e a sua equipa também se esquecem, que fizeram parte do executivo de Santana Lopes. Carmona Rodrigues foi vice-presidente de Santana Lopes e aquando da saída deste último para o Governo tomou o seu lugar e, pelos vistos, ganhou-lhe o gosto, antecipando a sua candidatura. Ganhou porque se afirmou como o oposto de Santana, mas era seu vice-presidente.
Assim, fico com uma dúvida: ou andava de olhos fechados a ver tudo o que se decidia sem participar - o que não me parece provável, já que se sentava ao seu lado nas reuniões de câmara, anuindo com as decisões - ou tem memória curta. Mais: dos seus colegas actuais no executivo, fizeram parte no mandato anterior António Proa, Pedro Feist, a própria Gabriela Seara, então sua chefe de gabinete, Sérgio Lipari, sempre ao lado de Helena Lopes da Costa, etc., etc.
É fácil dizer que se está a começar. Que se está no primeiro ano de mandato, mas esse não é o caso que se verifica com Carmona Rodrigues. Carmona estava lá. Esteve nos últimos quase cinco anos. Está desde Junho de 2004 como presidente, ou seja, há dois anos e meio.
Se não tem a coragem de desenvolver projectos, ideias ou acções, assuma. Não empurre o desastre da sua gestão para Pedro Santana Lopes. Esse, noutros dois anos e meio, chamou jovens a Lisboa, deu dignidade à cidade, fez piscinas e apostou numa área inédita, conseguindo que os privados lhe seguissem o exemplo: a reabilitação urbana, de que desde o seu tempo se começou a ouvir falar.
Maria Barreiro
Lisboa

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