14/09/2006

Mais duas freguesias engrossam contestação à rede da Carris

In Público (14/9/2006)
Inês Boaventura

"Novas carreiras "prejudicam cidade". Santo Condestável e São José associam-se à Junta da Lapa e prometem desenvolver acções de protesto conjuntas

A contestação à renovação da rede da Carris iniciada pela Junta de Freguesia da Lapa, que na passada semana interpôs uma providência cautelar com o objectivo de impedir a sua entrada em vigor, está a alargar-se a outras freguesias de Lisboa, entre elas as de Santo Condestável e São José, ambas sociais-democratas. "Estas juntas quiseram manifestar a sua solidariedade com a iniciativa da Junta de Freguesia da Lapa por compreenderem que se trata de um problema da cidade e que as suas freguesias não são afectadas única e exclusivamente pelo que acontece dentro do seu perímetro", explicou ao PÚBLICO o vogal da junta da Lapa responsável pela área dos transportes, Luís Newton, eleito pelo PSD. O presidente da Junta de Freguesia de Santo Condestável, Luís Graça Gonçalves, disse ontem que está "de alma e coração com todo o processo" de contestação da renovação da rede da Carris, adiantando que no futuro vão ser desenvolvidas acções de protesto conjuntas. O autarca diz que a renovação da rede da empresa prejudica os moradores de Santo Condestável, "mais de 50 por cento dos quais têm mais de 55 anos", que desde dia 9 de Setembro "têm de tomar vários autocarros" sempre que se querem deslocar às freguesias vizinhas. Ainda assim, admite que as mudanças nas carreiras de autocarros que afectam directamente a sua freguesia "têm significado, mas não tão profundo como noutras freguesias, como a da Lapa". "A Carris apresentou a reestruturação como um facto consumado. Não houve um processo de auscultação das freguesias, que nada puderam propor", critica Luís Graça Gonçalves, classificando o processo como "antidemocrático". O responsável declara-se "contra a reestruturação e contra a forma como foi feita" e defende que a alteração de cerca de 40 por cento da oferta da transportadora pretendeu responder a "um problema económico, de dinheiro", e não de "serviço público" e "respeito pelos cidadãos".

Alterações "não servem idosos"

A contestação iniciada pela Lapa também tem o apoio da Junta de Freguesia de São José. Uma das principais críticas do seu presidente, João Mesquita, é o facto de a transportadora ter "ignorado" e de o Ministério dos Transportes "não ter sido sensível" à posição da Câmara de Lisboa que, por unanimidade, deu parecer não favorável às modificações entretanto implementadas. "Quando uma empresa pensa nas alterações para a cidade tem de pensar na estratégia empresarial mas também nas pessoas", sublinha o presidente da junta de São José, manifestando a convicção de que na renovação da rede da Carris "não foi equacionada a questão social". "Esta alteração de carreiras não é compatível com as necessidades de mobilidade dos idosos de Lisboa", diz o autarca, referindo que 28 por cento dos seus fregueses têm mais de 65 anos. João Mesquita questiona ainda o "ritmo" de implementação da renovação da rede da Carris, que contempla alterações em 33 carreiras, a supressão de oito e a criação de duas, salientando que a chamada Rede 7 entrou em vigor apenas uma semana e meia depois de ter sido apresentada. O autarca frisa que não quer criar "uma guerra" com a transportadora, mas garante que dará "todo o suporte" à contestação desencadeada pela Junta de Freguesia da Lapa, "para que a Carris entenda que a cidade é um todo
."

PF

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