01/06/2006

Baixa-Chiado: tanto barulho para quê?

Foi ontem dado bastante destaque a uma exposição em "power point" com algumas ideias e muitas constatações de facto, de sempre (vide Plano Estratégico de Lisboa, CML, 1992), sobre o futuro da Baixa-Chiado.

Consideramos o seguinte:

- Não nos parece ético estar-se a colocar no Governo o ónus de eventual fracasso do plano.

- Não nos parece democrático estar-se a remeter para 2010 os primeiros resultados do plano, ou seja, para outro mandato camarário.

- Consideramos que não é vergonha copiarem-se as boas ideias de outros (em devido tempo apresentámos à CML o que achamos deve ser feito na Baixa-Chiado, vide A Nossa Baixa), mas achamos ser erro crasso insistir-se nas más.

- Existem ideias boas e outras más, inúmeras velhas e poucas novas:

a) Boas ideias velhas: a desafectação do Quartel do Carmo, o hotel para o Tribunal da Boa-Hora, o alargamento do Museu do Chiado para o Governo Civil, o hotel para o Convento Corpus Christi, a pedonização e requalificação do Lg.Barão Quintela; os acessos ao castelo; a l ibertação do piso térreo do T.Paço; a libertação do trânsito de atravessamento no T.Paço, a " Lisboa Criativa".

b) Más ideias velhas: o ressuscitar do estacionamento subterrâneo no Pr.Real (é uma má ideia que já vem de 1968, o que dá uma ideia da desactualização de quem de direito), a insistência na Circular das Colinas (serve para trazer ainda mais carros a Lisboa, quem os faz e quem os paga?) e a ideia mirabolante do s istema de mini-túneis na Baixa (quanto custam? quem os faz? como? e quem os paga? serve para quê?).

c) Boa ideia nova: a instalação de um Museu da Língua Portuguesa no Alfeite (o que pôr lá? em que parte do alfeite?)

d) Má ideia nova: a construção de condomínios na Calçada do Duque, o que pressupõe desafectação da sede da CP.

e) Semi-boa ideia velha: a instalação do Observatório Europeu da Droga e da Agência Europeia de Segurança Marítima (ver Projectos Polémicos)

f) Má comparação com Expo'98: recorde-se que foi um evento de meses, que derrapou em mega-operação imobiliária e degradação do espaço público.

g) Esquecimento grave: qualquer intervenção de fundo na Baixa-Chiado, quer a nível do trânsito e da mobilidade, quer a nível do património e da cultura, depende do que se fizer a montante, ou seja, do que se fizer a partir do Marquês de Pombal


Finalmente, algumas perguntas para debate:

- Onde pára a documentação de suporte à apresentação? Pode-se ver mas não tocar?
- O termo "bancável" vai fazer parte do Museu da Língua Portuguesa?
- Até que ponto o ser-se monárquico é impeditivo de se comemorar o Centenário da República?

PF

1 comentário:

Anónimo disse...

Entendo as vossas preocupaçoes... apoio grande parte das vossas duvidas, não entendo qual o grande crime de trazer habitaçao, para ajudar a recuperar zonas deixadas ao abandono....Pedia aos ilustres AMIGOS de Lisboa que são contra os condominos habitacionais no chiado e na baixa que se justifiquem.
O estado tem os melhores edificios de Lisboa grande parte deles em mau estado de conservaçao...não podemos pedir á CML que está para lá de falida que transforme tudo em museus, centros de interpretaçao, bibliotecas, bedetecas etc etc....
Nao podemos pegar nestas zonas e apenas construir habitaçao ....temos de evoluir e fazer um desenvolvimento sustentado... espaços publicos de qualidade, comercios, equipamento, estacionamento, hoteis etc etc ....tavlez quem apoie tanto estas ideias se esteja a esquecer... ou seja apenas inveja....que ainda na semana passada eram contra um americano "milionario" que quer dotar o P. Real de um hotel de charme, habitaçao e comercio tradicional..... devolvendo a Rua da Escola Politecnica a vida que nos tempos foi sua....
MANTERO