02/05/2006

JSF reclama para a 24 de Julho: Uma praça para Lisboa no lugar de um "mamarracho"

In Público (29/4/2006 )

"Deitar abaixo um caixote de betão, criar uma praça arborizada e revelar uma preciosidade é a ideia de Sá Fernandes

Um oásis na margem inóspita da Av. 24 de Julho, emoldurado por edifícios históricos, cobertos de terraços e ligados por passadiços, sobre arcos e becos, foi o que propôs ontem o vereador José Sá Fernandes.

A ideia, apresentada pelo autarca no decurso de uma visita ao local, passa pela demolição de um prédio que é propriedade do Estado, pela requalificação do património municipal que o "mamarracho" esconde, e pela reabilitação de um belíssimo percurso que liga a 24 de Julho à Rua das Janelas Verdes. Situado junto ao Beco da Calheta, quase em frente à estação Marítima da Rocha dos Conde de Óbidos, o caixote de betão que o vereador eleito pelo Bloco de Esquerda pretende demolir é actualmente ocupado pelos serviços da Direcção-Geral da Administração Pública (DGAP). Construído nos anos 70, no lugar de um dos imponentes armazéns mandados fazer em finais do século XVIII pelo próspero africanista José António Pereira, o imóvel, com o n.º 80, tem cinco pisos, centenas de janelas de alumínio e uma frente de quase 70 metros.
Por trás dele e esmagado pela sua proximidade, encontra-se aquilo a que Sá Fernandes chama um lugar de "características arquitectónicas fascinantes e desconhecidas dos lisboetas".

Trata-se dos três armazéns que restam do conjunto erguido no virar do século XVIII pelo negociante que fez fortuna em São Tomé e Príncipe; da travessa a que foi dado o seu nome e sobe até à Rua das Janelas Verdes; e ainda dos vetustos e estreitos becos ali existentes. No topo de cada um dos armazéns existem terraços, ligados entre si por passadiços assentes sobre arcos e que dão acesso ao palacete da Rua das Janelas Verdes em que residiu José António Pereira. Nesse imóvel, vizinho da Embaixada do Luxemburgo, funciona actualmente o Instituto Português de Conservação e Restauro.
A demolição do prédio da DGAP, sustenta Sá Fernandes, permitira a criação de uma praça com cerca de 2000 metros quadrados, fronteira ao Tejo, num local especialmente carente deste tipo de espaços, bem como a revelação de um património "fantástico" e de um "percurso magnífico".

Entusiasmado com a ideia, o autarca defende que os terraços dos antigos armazéns, agora propriedade municipal, poderiam ser utilizados para esplanadas, e usufruídos por toda a gente através de um elevador a erguer na praça arborizada que propõe. A ligação entre eles seria assegurada pelos passadiços existentes e permitiria a sua articulação com um "jardim suspenso", a criar num terreno municipal contíguo ao instituto de restauro. "O prédio da DGAP precisa de obras. Se fosse demolido poupava-se nas obras, ganhava-se uma praça para Lisboa, via-se este património, via-se o Tejo...", resume o vereador. Segundo afirma, o edifício encontra-se em parte devoluto e as 200 pessoas que ainda lá trabalham poderiam ser transferidas para novos espaços disponíveis nos muitos edifícios que o Estado possui na cidade.
"Não estou a impor nada. Quero é conversar", sublinha Sá Fernandes, adiantando que vai apresentar esta proposta a todas as forças políticas representadas na Câmara de Lisboa. De acordo com as suas contas, a demolição do prédio "custaria apenas 25 mil e 50 mil euros" e os antigos armazéns, construídos nos cais antes dos aterros da 24 de Julho, poderiam ser recuperados, até porque dispõem de uma estrutura extremamente sólida e provavelmente abobadada. "Era qualquer coisa de espectacular", exclama
."

Seria, sim senhor. E que o mesmo se faça ao conjunto de edifícios do Estado, em plena Av. 24 de Julho, imediatamente antes do cruzamento com a Av.Infante Santo.

PF

1 comentário:

rui disse...

esse que faz esquina com a infante santo necessita de obras urgentes de recuperação. Que tal começar com uma implosão?