09/05/2006

Contra estacionamento subterrâneo no Largo Barão de Quintela e pela demissão de Eduarda Napoleão



Passado o período eleitoral, eis que a CML volta a avançar com o projecto de construção de parque de estacionamento subterrâneo no Largo Barão de Quintela, imediatamente a sul do Largo Camões, entre a Rua das Flores e a Rua do Alecrim; largo pleno de história, emoldurado por prédios de grande valor arquitectónico e zona privilegiada do Chiado.

Surpreendendo os próprios serviços da CML, eis que o projecto volta para cima da mesa, pela enésima vez, tendo sido desta vez como justificação oficial a necessidade de aumentar a capacidade do parque do Largo Camões, e o serviço do Hotel do Bairro Alto. Desse modo, foi já despachado favoravelmente pela Vereadora Gabriela Seara no que toca ao projecto de construção propriamente dito e demais especificidades técnicas, ficando de fora, por enquanto, os arranjos à superfície, que têm que obter a necessária aprovação prévia do IPPAR.

Assim, e,

- Considerando que a eventual construção desse parque vai contra toda a teoria relativa a uma melhor mobilidade dentro das cidades e das zonas históricas (como se comprova lendo os estudos e as recomendações feitos por Bruxelas e por investigadores nacionais; e vendo como funcionam os centros históricos da Europa civilizada);

- Considerando que a eventual construção desse parque irá colidir com as afirmações do recém-criado Comissariado da Baixa-Chiado, cuja responsável máxima já disse, publicamente, estar contra toda e qualquer construção de parque subterrâneo na Baixa-Chiado, por não servir para nada a não ser para mais empreitadas;

- Considerando que a eventual construção desse parque irá pôr em risco as fundações do magnífico edificado ali existente, à semelhança do que aconteceu com a construção de muitos outros em Lisboa;

- Considerando que a eventual construção desse parque irá destruir o espaço verde ali existente (quer-se recolocar, inclusive, a estátua de Eça de Queiroz a um canto do futuro largo!) descaracterizando totalmente um largo que se tem mantido intacto ao longo de décadas e décadas;

Enviámos ao IPPAR um pedido urgente no sentido deste prestigiado instituto chumbar o referido projecto, tout court.

E enviámos ao Sr. Presidente da CML (enquanto detentor de 51% do respectivo capital social) e à Srª Vereadora responsável pelo Comissariado da Baixa-Chiado um pedido urgente de demissão da responsável máxima pela Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa-Chiado, a ex-vereadora Eduarda Napoleão, porque a unidade de projecto encarregue do dito parque (UP B.Alto Bica) depende inteira e directamente de si!

Além disso, achamos que o c.v. da Srª Eduarda Napoleão não se coaduna de todo com tal cargo, não só pelo péssimo serviço prestado a Lisboa como responsável pela desorganização da Reabilitação urbana acabando com 10 anos de esforços para criar uma abordagem e uma gestão integradas nos Bairros e foi pelo seu punho que foram autorizadas:

- a destruição efectiva do Colégio dos Inglesinhos (tendo por base a aprovaçãoo de um projecto de suposta reabilitação urbana, que não só irá agudizar os problemas de excessiva taxa de habitação por m2 no Bairro Alto, contrapondo à ausência quase total de espaços verdes, como irá acelerar o caos do ponto de vista do trânsito automóvel, e, pior, já destruiu os elementos patrimoniais daquele magnífico conjunto arquitectónico, a começarr pelos seus jardins suspensos);

-a destruição do Convento de Arroios (permitiu outro projecto polémico, que só ainda não foi para a frente porque o empresário entretanto é outro, e decorrem processos disciplinares na própria CML);

- a demolição da casa de Almeida Garrett, ignorando não só a classificação da própria CML, de 1968, da época do General França Borges (que a CML e o IPPAR deveriam ter respeitado) como, pior, os pareceres da sua Directora Municipal, indo ao ponto de afirmar coisas impensáveis para alguém detentor de um cargo público;

- a construção de empreendimento nas Rua Nova do Loureiro, Calçada do Tijolo e Rua da Vinha, que não só acarretam a destruição de mais um jardim no Bairro Alto e a entrada de mais automóveis para aquelas ruas estreitas, como a sua assinatura é de 5 de Junho de 2005, ou seja, é posterior à classificação do bairro pelo IPPAR!;

- a destruição da Vila Almeida, segundo Teotónio Pereira é «importante exemplar» da época da industrializaçã, com 30 Habitações e nave de oficinas;

- a aprovação das demolições de prédios do quarteirão do Mundial;

- a aprovação dos projectos de edificios junto e em cima do Aqueduto, na zona do cruzamento com a Avenida Infanto Santo e, não contente com isso, ainda foi a mesma senhora quem solicitou publicamente ao IPPAR a desclassificação do Capitólio, Imóvel de Interesse Público desde 1971.

Igualmente concordou com as deslocações da Feira Popular e do Centro Hípico para Monsanto, para, nos respectivos terrenos se fazerem negócios imobiliários, não obstante tratar-se de espaços de fruição da população. Há que acrescentar o seu acordo, pelo menos tácito, com a vontade duma ocupação maciça do Parque Mayer, menosprezando a sua função urbana e continuidade fí­sica com o Jardim Botânico.

Finalmente, e para voltar à mobilidade, aprovou parques de estacionamento no centro da cidade o que aumenta a tendência para a omnipresença do automóvel e se considerarmos a autorização do silo da encosta da Graça, então teremos de falar de atentado à harmonia do perfil da cidade. Enquanto responsáel da Urbanização foi cúmplice da abertura do famigerado Túnel do Marquê: reforço do congestionamento do tráfego pela facilidade de entrada no centro da cidade e desertificação visual e ambiental da zona antingida.

Já é tempo desta Lisboa levar uma volta!

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, José Fonseca e Costa e João Gandum (Fórum Cidadania Lx), e Carlos Moura (Quercus)

1 comentário:

Anónimo disse...

Sra. Napoleao OUT, RAUS, UT, FUERA !

Julio Amorim, Lisboeta