06/04/2006

Dos 2 projectos para o Bairro da Liberdade, ou do concurso "qual é, qual é que mais agride o Aqueduto?"

"A recuperação do Bairro da Liberdade, um dos mais degradados da cidade, voltou ontem a ser discutida na Câmara de Lisboa. Já existia um anteprojecto, elaborado a mando da vereadora que tutela este processo, Gabriela Seara. E ontem, numa reunião do executivo, José Sá Fernandes, vereador do Bloco de Esquerda, apresentou os seus próprios planos. Dois conceitos diferentes para albergar o mesmo número de famílias: quase 900, de acordo com um recenseamento feito em 2002. Nos planos da câmara os edifícios são de maior volumetria (podem ir até aos oito pisos) mas há mais espaço livre, designadamente criando uma faixa de 50 metros em redor do Aqueduto das Águas Livres onde não se poderia construir. Já no plano de Sá Fernandes, os prédios seriam mais baixos, com quatro pisos no máximo, mas construindo-se mesmo encostado ao Aqueduto e com o estacionamento todo concentrado num só ponto. Mas as divergências não se ficam por questões de planeamento urbano. Sá Fernandes continuar a exigir que à população do bairro seja dito quando estará a construção do novo bairro em curso e quando se prevê que haja realojamentos. Da parte da maioria não há resposta para essa exigência. Gabriela Seara recorda que ainda falta um plano de pormenor, e estes planos demoram "em média" dois a três anos a aprovar; diz que os terrenos em causa não são municipais e portanto há toda uma série de expropriações a fazer e que custarão, no mínimo, 100 milhões de euros".

In Público (6/4/2006)

O projecto da CML, cujo desenho gráfico consultámos (brevemente on line) tem boas ideias, mas peca por ser a continuação, acentuada, do empreendimento da Avenida de Ceuta. Ou seja, propõe-se agravar um mal, que visto do solo não será tão mau assim, mas que visto do ar será uma total aberração. Desconhecemos o projecto do BE.

Seja como for, quer num quer noutro caso, e ao contrário do politicamente correcto, o que se tem que preservar em primeiro lugar é o Aqueduto, dê lá para onde der. Nem 100m, nem 50m, o Aqueduto não pode ser emoldurado pela fealdade, pela "onda choque". E se os políticos quisessem corrigir o que está mal em Lisboa o que deviam fazer quando falam em requalificação dos bairros da Liberdade e da Serafina era acabar com eles. Era realojar as pessoas que lá vivem na verdadeira Lisboa, na Lisboa que está ao abandono. Era limpar toda aquela encosta de Monsanto da habitação clandestina, construída sobre terrenos impróprios para construção, dos guetos, etc., etc. Não é promover a sua existência, mesmo que com operações de maquillage, de efeitos temporários.

PF

1 comentário:

Anónimo disse...

"quando falam em requalificação dos bairros da Liberdade e da Serafina era acabar com eles. Era realojar as pessoas que lá vivem na verdadeira Lisboa, na Lisboa que está ao abandono. Era limpar toda aquela encosta de Monsanto da habitação clandestina, construída sobre terrenos impróprios para construção, dos guetos, etc., etc. Não é promover a sua existência, mesmo que com operações de maquillage, de efeitos temporários."

Quer-me parecer que percebem muito pouco de Lisboa, do Bairro da Liberdade e daquilo que é a verdadeira "Lisboa"