31/03/2006

Pela boca morre o peixe?

"Cascais e Oeiras receptivas a anúncio de Carmona de criar estacionamento fora de Lisboa. Isaltino Morais espera que esta não seja uma "manobra de propaganda" do autarca de Lisboa

Os presidentes das câmaras de Cascais e Oeiras mostram-se receptivos quanto ao anúncio feito pelo presidente da autarquia de Lisboa, Carmona Rodrigues, de que está disponível para financiar a construção de parques de estacionamento nestes concelhos a fim de dissuadir a afluência de automobilistas à capital. Carmona Rodrigues, que fez anteontem o anúncio, disse que ainda não falou formalmente com os autarcas dos concelhos em questão e que, por isso, ainda não têm ideia dos custos envolvidos. "Em teoria, não parece mal. Tem pernas para ser analisado. Desde que seja a Câmara de Lisboa a suportar o investimento", salvaguarda o presidente da Câmara de Cascais, António d"Orey Capucho, através da sua assessora de imprensa, Sofia Ribeiro.
O autarca acrescenta que "neste momento é incipiente falar no assunto", pois a câmara ainda "não foi informada nem consultada oficialmente" sobre a questão.
Já o presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, diz que - após ter tido conhecimento pela imprensa do anúncio de Carmona Rodrigues - se apressou a fazer um levantamento dos locais que possam acolher a iniciativa: "São quatro ou cinco. Todos na fronteira com Lisboa, entre Algés e Alfragide. Só estou à espera de ser contactado", disse o autarca de Oeiras. Isaltino Morais diz ainda que espera que Carmona Rodrigues não esteja a fazer uma "manobra de propaganda" e que acolhe a ideia com grande entusiasmo: "É de aplaudir. Uma ideia excelente e equitativa na medida em que os cidadãos que trabalham lá [em Lisboa] produzem riqueza para esse concelho." O autarca acrescenta que são 30 a 40 mil munícipes de Oeiras que trabalham em Lisboa e salienta ainda que das 80 mil pessoas que trabalham no concelho, mas não ali vivem, muitos são lisboetas. Quanto ao número de residentes em Cascais que trabalham em Lisboa, não foi possível à câmara disponibilizar dados.
Carmona Rodrigues diz que as estações ferroviárias nestes municípios dispõem de poucos estacionamentos e que, por isso, muitos dos que aí moram, mas trabalham em Lisboa, preferem utilizar o carro. O autarca não negou que, com esta ideia, a Câmara de Lisboa poderia estar a substituir a Autoridade Metropolitana de Transportes, cujo enquadramento legislativo aguarda revisão por parte do Governo. Quanto aos parques de estacionamento em Lisboa, Carmona Rodrigues insistiu na ideia de usar, durante a semana, os que existem nos estádios de Alvalade e da Luz e na Gare do Oriente, deixando aí os automóveis a fim de entrar na rede pública de transportes. O PÚBLICO tentou saber a reacção do presidente da Câmara da Amadora, mas até ao fecho desta edição não foi possível
".

In Público (31/3/2006)

PF

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