09/06/2005

Carmona quer passeio ribeirinho, e eu também

Pois é, é tudo muito bonito: "(...) proposta de Carmona Rodrigues para o Terreiro do Paço inclui a criação de um museu dedicado aos 250 anos após o terramoto de 1755 e à Baixa Pombalina.". Carmona pretende "trazer mais animação cultural e turística", reutilizando a zona ribeirinha entre o Terreiro do Paço e o Cais do Sodré, quando terminarem as obras do Metro, proposta que deve apresentar em breve numa reunião da Câmara. Carmona quer recuperar a antiga doca seca do Arsenal da Marinha e fazer um cais para que estejam ali em permanência a fragata Dom Fernando II e Glória e a Sagres, além da criação do Museu das Descobertas, frisou o candidato ao "Jornal de Notícias". Só que durante 4 anos nada se fez por isso. Creio mesmo que Carmona perdeu a sua oportunidade.

Mais, não creio que haja mais passeio ribeirinho com o rio que temos. Explico: o Tejo continua poluidíssimo. Faz quase década e meia que outro Professor se lançou ao Tejo como forma de alertar para a urgência de despoluir o nosso rio. Mas, de então para cá o que se fez por isso? Nada.

Portanto, antes que outro Professor decida lançar-se ao Tejo, convinha, por exemplo, importar algumas das ideias e dos métodos que outras cidades mais evoluídas do que Lisboa, tiveram e usaram para despoluir os seus rios, o seu mar interior. Quem?

Por exemplo, seria importante ouvir o que têm para nos dizer os responsáveis pela despoluição das águas que circundam a bela Estocolmo, outrora poluidíssmas, e hoje objecto de peregrinação, onde não falta quem a beba. Por isso, seria bom que alguém decidisse tentar despoluir o Tejo antes de falar em "zona ribeirinha".

Convoquem até cá os responsáveis da Skanska, que foi ela quem purificou as águas da capital-modelo que é Estocolmo. Seria bom, que por uma vez na vida, Lisboa importasse uma boa receita.

E convinha que, antes de se falar em museus das Descobertas, hotéis de pseudo-charme e fragatas, se resolvesse o escândalo terceiro-mundista que é termos, em pleno séc.XXI, um buraco gigantesco no Terreiro do Paço, obra e graça de governantes, técnicos e empreiteiros incompetentes e descarados.

PF

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