06/05/2005

Parque Mayer: Gehry ou Jardim?

Jardim, sem hesitar!

O Prof.Carrilho lançou anteontem a ideia, que não é nova (até nós já aqui pusemos essa hipótese), e o Prof.Carmona diz hoje que isso seria uma enorme "trapalhada pois a CML deixaria de encaixar 97 milhões de euros se desistisse de Gehry".

Bom, eu digo que maior trapalhada do que aquela que o executivo de Santana Lopes fez em relação ao Parque Mayer é impossível, posto que a trapalhada que este executivo fez só teve 2 resultados práticos até hoje:

* O Casino Estoril viu aprovada pelo Governo uma lei à exacta medida dos seus propósitos, obtendo uma licença para construir um casino, que afinal não é nem no Parque Mayer, nem no Cais do Sodré, nem junto a Santa Apolónia, mas em plena zona residencial da antiga Expo;

* A Bragaparques, proprietária do Parque Mayer (juntamente com o Grupo Amorim), conseguiu ver o preço dos terrenos do P.Mayer sobrevalorizados de tal maneira que lhe garantirem direito de construção e exploração aos terrenos da Feira Popular, em Entre-Campos.

Enquanto isso acontecia, Frank Gehry veio duas vezes a Lisboa, disse umas larachas, comeu umas sardinhas assadas, foi escoltado por batedores da Polícia Municipal, encaixou (para utilizar a expressão do Prf.Carmona) uns milhares de contos, e anunciou que o seu projecto, a ir para a frente, só mesmo daqui a 10 anos.

Portanto, a CML ainda não "encaixou" nada com Gehry, muito menos Lisboa.

Se a isto juntarmos o facto do teatro de revista ser um género que muito dificilmente consegue encher as cadeiras de 1 teatro (muito menos de 3 ou 4), se pensarmos que os teatros que lá estão (à excepção do Capitólio, Imóvel de Interesse Público e reconhecido internacionalmente) são barracões que por acaso têm espectáculos, e se reconhecermos que os lisboetas não usufruem da Avenida nem do Jardim Botânico como podiam e deviam, então concluiremos que a solução menos onerosa, mais potenciadora de bem estar e que mais mais-valias traz em termos de qualidade de vida para os lisboetas é, sem sombra de dúvida, a criação de um JARDIM no Parque Mayer.

Aliás, um jardim que se deve designar por "Jardim do Parque Mayer", e que deve estar em perfeita sintonia com o Jardim Botânico e com os jardins das traseiras dos palacetes do Príncipe Real, a começar pelo do Palacete Ribeiro da Cunha.

E que deve ter num Capitólio restaurado e dignificado, uma sala de cinema e de teatro de revista, em articulação com as outras salas emblemáticas de Lisboa, a começar com o Cinema São Jorge, esquecido e sub-aproveitado há demasiado tempo.

PF

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