04/01/2005

Ano Novo, Bairro Velho

Este ano de 2005 começa estranho. Muita festa para uns, algum luto e tempo de reflexão para outros.

Triste todo o ano, a nossa cidade, e os seus responsáveis, optaram pela festa. Muita música, muita luz e cor, muito fogo, muito dinheiro gasto em tristes espectáculos numa baixa em êxtase durante alguns minutos, como forma de compensar o deserto de vida que é durante todo o ano.

O Bairro Azul, no primeiro Domingo do ano, sem carros, sem trânsito e sem buzinas, por sinal o primeiro dos últimos meses, as ruas do Bairro encheram-se de lixo, em contentores, em sacos ou em saquinhos, junto às árvores, postes de iluminação ou parquímetros.

Faz-nos pensar que não é este o Bairro que nós queremos, e que muito trabalho teremos pela frente para vivermos em ruas com mais urbanidade.

O ano é novo e o Bairro, que já foi novo e já foi antigo, é agora velho.

O Bairro que nasceu em Lisboa, quando ainda não havia incubadoras, acarinhado pelos seus irmãos mais velhos, vive hoje triste, só e desamparado, e mal tratado pelos seus irmãos mais novos.

Os prédios estão a cair e as construções que foram autorizadas, sem qualquer lógica nem nexo, nos últimos anos na sua envolvente expõem o Bairro a um conjunto de pressões que fazem com que as ruas já só existam, um dia por semana, e quando os irmãos mais novos, não se importam de fechar a porta e nos deixam descansar no dia santo.

Espero que este seja o ano em que os munícipes desta cidade acordem, e chamem a si a responsabilidade que também é sua, de governar a sua rua e a sua cidade. A democracia e o exercício de cidadania não se esgotam na participação como eleitor. Chegou o tempo de cidadãos se organizarem para serem eleitos e fazer melhor do que os alvos das suas críticas.

Desejo a todos um feliz ano de 2005, na certeza porém, que muito trabalho teremos pela frente se quisermos viver num bairro mais digno.

PP

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